Jornal Correio Braziliense

Enem

Para maratonar o Enem

Nada melhor que séries e filmes para tomar um fôlego e respirar na folga dos estudos, sem deixar de lado o aprendizado. Tem para todos os assuntos: dramas, animação e documentários sobre Guerra Fria, sertão, Irã, agrotóxicos e muito mais. Confira lista

Ninguém é de ferro. Nesta reta final de preparação intensa para o Enem, todo mundo merece um momento de descanso. Melhor ainda se ele vier acrescido de conteúdo artística e informativo de qualidade. Maratonar uma série ou pegar um cineminha pode, como quem não quer nada, acrescentar repertório aos estudos para o exame.

É o que acredita o professor Marcel Milani, da rede de ensino Poliedro. ;O recurso audiovisual é uma ferramenta a mais no processo de aprendizado do aluno. Funciona também como um modo de escape no meio do cotidiano de estresse, de modo que ele pode se divertir sem culpa;, avalia ele.

Pensando nisso, o docente de geografia preparou e comentou uma lista de narrativas ricas em de emoção, informação e entretenimento. ;Filmes de ficção e documentários, assim como séries, acrescentam ao conteúdo de sala de aula a possibilidade do aluno visualizar o assunto, de modo que não fique distante da realidade dele. É uma ferramenta a mais;, define.
Chernobyl (2019)
Aclamada por crítica e público, minissérie dramatiza o acidente nuclear na usina de Chernobil, na Ucrânia, em 1986. O professor Marcel acredita que ela abre diversas possibilidades dentro do Enem. ;Em ciências da natureza, pode aparecer na abordagem de energia nuclear, assim como no impacto ambiental, fontes alternativas de energia e aquecimento global. Em história e geografia, passa pelo contexto da União Soviética e Guerra Fria.;
Narradores de Javé (2003)
Produção conjunta entre Brasil e França, retrata o vale do Javé, vilarejo baiano cuja população é composta de analfabetos. A construção de uma enorme usina hidrelétrica ameaça a região, e eles decidam, mesmo sem saber como, escrever um documento contra a investida. ;Eles escrevem sua história, na tentativa de transformar o local em patrimônio a ser preservado;, avalia Marcel. ;É relevante para temas em ciências humanas e linguagens. Discute o impacto nas comunidades, diante da perspectiva de desaparecer, seja pela construção de hidrelétrica ou obras de mineração. Está presente no dia a dia do nosso país.;
Adeus, Lênin! (2003)
Comunista à moda antiga da Guerra Fria, moradora de Berlim Oriental acorda de longo coma e não sabe que o muro ruiu. Temendo que a mãe leve um choque, o filho dela esforça-se para camuflar os novos tempos. ;Mostra a diferença entre as realidades de cada lado, além do contraste entre os mais jovens e mais velhos. De forma divertida e dramática, o filme mostra a reunificação da Alemanha e implantação do capitalismo como sistema econômico.;
Narcos (desde 2015)
;Talvez umas das melhores séries produzidas pela Netflix;, avalia Marcel. ;Mostra todo o cenário de violência e relações de poder entre políticos e cartéis de drogas. Ambientado na Colômbia, é um retrato da América Latina durante a década de 1980.;
Persépolis (2007)
Adaptação de um clássico moderno das histórias em quadrinhos, Persépolis conta história autobiográfica de jovem que vive o impacto da queda do Xá e do regime fundamentalista e brutal do Irã. Em choque geracional com sua família, Marjorie rebate o papel feminino naquela sociedade. ;É um filme francês de animação, que mostra o Irã no contexto da pós-revolução islâmica.;
Cinema, aspirinas e urubus (2005)
Produção nacional narra história passada em 1942. Um brasileiro de origem humilde e um alemão, fugido da Segunda Guerra, atravessam o sertão nordestino vendendo aspirinas. ;É diretamente associado ao contexto da guerra. Ao mesmo tempo, as andanças dele pelo Nordeste mostram a dureza do sertão e o dia a dia da região sob o olhar de um estrangeiro.;
Hotel Ruanda (2004)
Estrelado por Joaquim Phoenix, o filme aborda o Genocídio de Ruanda, episódio histórico de conflito entre a maioria hutu e a minoria tutsi, duas etnias locais. ;É baseado em fatos reais, herança do imperialismo europeu. Fala da colonização da África, quando grupos étnicos tiveram suas rivalidades agravadas pela ação europeia.;
O Grande Ditador (1940)
É bom equilibrar produções modernas com conteúdos e formatos de outras épocas. Para isso, a indicação do filme icônico de Charlie Chaplin. ;É importante um clássico na lista para nos lembrar como velhas questões se mantêm atuais. Lançado no contexto da Segunda Guerra Mundial, Chaplin satiriza o nazismo, o fascismo e seus protagonistas;, define Marcel Milani. A atualidade da produção assusta e fascina. ;Fala do que vemos hoje no mundo, em termos de intolerância. Muitas vezes, um filme de muitas décadas atrás parece bem atual. Podemos notar a tendência cíclica da história.;
O veneno está na mesa (2011)
Autor de longa carreira, Silvio Tendler produziu documentário que avalia o impacto dos agrotóxicos nos trabalhadores e na população do campo e da cidade. ;Documentário essencial para entender o desenvolvimento da moderna empresa agrícola e como a Revolução Verde do pós-guerra acabou com a herança da agricultura tradicional.;
House of Cards (desde 2013)
Outra série moderna de enorme sucesso, fala de poder e corrupção, em narrativa cuja similaridade com a política atual é constantemente ressaltada pelos fãs. Um homem ambicioso busca alto cargo público nos Estados Unidos. ;A série abre uma lista variada de possibilidades, como geopolítica, terrorismo e globalização. Além disso, mostra um pouco como se estabelecem as relações políticas.;