Enem

Prova de linguagens mescla literatura clássica e contemporânea no Enem

Professores de português do Sigma, Josino Nery e Rosimar Barbosa ressaltaram, em live, a importância de temas como variação linguística, gêneros textuais e literários

Jairo Macedo-Especial para o Correio
postado em 23/09/2019 18:05
O Especial Enem do Correio trouxe como convidados, nesta tarde de segunda-feira (23), os professores de português Josino Nery e Rosimar Barbosa, do Sigma. Os docentes falaram da participação da disciplina na prova de linguagem, códigos e suas tecnologias do exame. Eles resolveram o banco de questões desta edição do suplemento e atentaram para a importância dos temas de variação linguística, gêneros textuais e literários. Neste, cabe da literatura clássica à contemporânea.
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;A cada ano, temos de três a quatro questões de variação linguística. É exigido do candidato que identifique, nos textos, as marcas próprias daquela variedade;, explica Josino Nery. ;Se o texto tem características de linguagem popular ou regional, é o que nós chamamos de marcas da oralidade, da língua falada - reduções de palavras, gírias, expressões populares.;

;O candidato deve distinguir o que é o suporte, o texto sobre o qual ele precisa refletir. O texto, por sua vez, tem que ser capaz de situar o aluno sobre do que se trata aquela fala. O próprio enunciado é capaz de direcionar o candidato a isso;, observa Josino, conhecido entre os alunos como Jota.

Dessa forma, uma prova de âmbito nacional como o Enem pode conter, sem prejuízo aos candidatos, o uso de linguagens de regiões e grupos específicos, segundo o professor. Para ele, a polêmica em torno de algumas questões desta natureza em 2018 não se justifica, portanto. ;Não tenho que conhecer previamente a linguagem do grupo para responder o que se pede. Naquela questão, o que é preciso entender é o processo de dialetação;, afirmou, referindo-se a item que tratava de dialego LGBTQ. ;Não vejo problema alguma;, sintetizou.

Para ele, uma prova de âmbito nacional pode conter, sem prejuízo aos candidatos, uso de linguagens de regiões e grupos específicos. ;O texto tem que ser capaz de situar o aluno sobre do que se trata aquela fala. O próprio enunciado é capaz de direcioná-lo a isso. Não tenho que conhecer previamente a linguagem do grupo para responder;, afirma.


Gêneros textuais e literários

Sendo uma prova rica e múltipla, cabem nela diversos gêneros textuais. ;Eles são quase infinitos e se expandem constantemente;, observa Jota, lembrando que os emojis, símbolos usados no WhatsApp, já constagram na prova. Em outros tempos, a novidade foi o e-mail. ;Para o Enem, esse é um princípio: as novas tecnologias, para o bem ou para o mal, são um objeto das questões.;

Professor Rosimar:
Rosimar Barbosa acrescenta a diferença entre gêneros textuais e literários. ;Temos os gêneros do cotidiano, aqueles com que nos deparamos na leitura e na fala do dia a dia, que são vários. Mas há também os gêneros literários, da arte da palavra. O lírico, que tem sido cobrado sistematicamente, em concepções da linguagem poética. Além disso, o gênero dramático, de estrutura de uma peça de teatro, e o narrativo, no qual o candidato deve identificar e entender a figura do narrador em contos e romances.;

Interdisciplinar, o exame não distingue tão claramente onde começa uma disciplina e termina outra.
;Essa fronteira é tênue. Temos que entender que, quando existe função poética, o escritor elabora sua mensagem explorando recursos sonoros, rítmicos e de sentido. Por meio de figuras de linguagem, procura encontrar meios novos de dizer as coisas. Para o Enem, essa fronteira não é rígida;, diz Rosimar.
A participação de literatura na prova tem mesclado autores clássicos, como Euclides da Cunha e Aluísio Azevedo, com contemporâneos. ;Os autores contemporâneos caem bastante, especialmente em interpretação de texto. Já os clássicos são atemporais e universais. Em Os Sertões, você verá problemas que temos até hoje no país. Em O Cortiço, é possível debater, ainda hoje, a coletividade e a desigualdade social. Ele permanece atualíssimo.;

Live de ciências da natureza nesta terça (24)

O conteúdo on-line do especial prossegue na tarde desta terça (24), às 15h, desta vez com ciências da natureza. Os convidados são os professores Alessandro Reis (biologia), Juliana Gaspar (química) e Paulo Ferrari (física), do Sigma, que revisam e resolvem questões de edições anteriore. Acesse o Facebook do Correio (www.facebook.com/correiobraziliense) e participe com perguntas.

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