Eu, Estudante
postado em 30/09/2019 07:00
Gabriel Carvalho
Professor de matemática do Sigma
Diferente do que já foi no passado, o bloco de matemática e suas tecnologias da prova do Enem tornou-se uma avaliação conteudista. É a tendência nos últimos anos: aumentar o conteúdo cobrado e aprofundá-lo, fenômeno que tem sido observado desde 2015. De lá para cá, o grau de expertise matemática necessário para resolver as questões têm se tornado cada vez maior. Essa característica marcante deve continuar em 2019.
Por muito tempo, construiu-se a ideia de que a prova do Enem era essencialmente, ou tão somente, interpretativa, mesmo na disciplina de matemática. Porém, hoje, não cabem mais questões em que o aluno lê e, apenas por meio da informação apresentada, já alcance o gabarito. As questões requerem conhecimentos intrínsecos à disciplina. Assim, pensando na reta final de preparação, cabe ao aluno fazer um estudo aprofundado das matérias mais cobradas no Enem: geometria plana, geometria espacial, proporcionalidade, análise de gráficos, funções e estatística.
Um aspecto relevante na preparação é enfrentar o comportamento de ;escolha das preferências;. É usual que o aluno estude aquilo de que mais gosta. Isso, contudo, pode prejudicar, pois ele tende a se tornar bom no que, normalmente, já domina e acaba por não trabalhar bem as áreas em que é mais deficiente.
Com uma prova mais conteudista e sem uso de calculadora, o desafio de conclusão das 45 questões de matemática em tempo hábil se torna ainda maior, e o participante deve tomar cuidados para se preparar para uma corrida contra o tempo. O tempo estimado de resolução para cada questão é de aproximadamente três minutos, descontado o tempo final para marcação do cartão de resposta.
Uma boa forma de se preparar é refazer as provas anteriores, sempre cronometrando o tempo de prova ; obviamente, sem o uso de calculadora ; para assim o aluno ;ritmar sua resolução;. Uma grande armadilha da prova são as questões em que o participante ;leva para o lado pessoal;, por assim dizer. É aquela questão que ele vê como complicada e que levará muito tempo, mas que, por ter domínio do conteúdo, insiste em resolver em sua primeira leitura. Sugestão: deixe essas questões para o final! A prova é um conjunto composto de 45 questões, e não um desafio pessoal a ser vencido por ter resolvido uma ou outra questão mais complexa.
Vale ressaltar que o formato mais conteudista da prova não fará com que as questões deixem de ser contextualizadas. O uso de uma fórmula, por si só, não vai resolver todos os problemas. As provas de matemática não são mais assim. Para uma preparação plena para a prova, o candidato deve estar apto a aliar interpretação de texto e a capacidade de coletar informação ao domínio do conteúdo. A matemática é, e muito, uma ciência criativa. Muitos acreditam que é só decorar, o que não é verdade. Resolver um problema de matemática é como um artista na execução de um trabalho: devemos alinhar criatividade, técnica, interpretação a uma linha de raciocínio com um devido fim. A prova do Enem, cada vez mais, segue por esse caminho.