[FOTO1]A menos de uma semana para a temida prova de redação do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) 2019, é bom manter a rotina de treinos, mas com ponderação. Isso porque, neste momento, o melhor que o aluno pode fazer é confiar no conhecimento que adquiriu e buscar relaxar, aliviando a tensão tão comum nos dias que antecedem a prova.
A opinião é do professor de português do Centro Educacional Sigma Eli Guimarães e da editora de Opinião do Correio, Dad Squarisi, que, nesta segunda-feira participaram de uma live sobre o tema nas redes sociais do jornal (assista abaixo).
"A redação que você fará é um feito da sua vida escolar. Não pode fazer uma autossabotagem, tem que ter consciência de que está preparado. A leveza neste momento é fundamental", aconselha o professor Eli. "Seja qual for o tema, o aluno está habilitado a escrever", reforça Dad.
Já para a hora da prova, Eli deixou como dica principal a leitura atenta do enunciado. Antes de escrever, o aluno deve ter certeza do que é pedido. "O maior desafio é ler com muito cuidado a coletânea de textos, buscar fazer inferências e organizar o texto;, diz.
Dad acrescenta que é importante preparar um rascunho da redação: "Antes de escrever, faça um arcabouço com a estrutura das ideias. Ler o tema e entender o que está sendo pedido, qual o objetivo e como vou chegar a ele. Fazendo esse esquema, a gente ganha tempo".
Simplicidade é a chave
Os professores ressaltam que para garantir uma nota mil, não é preciso sofisticação nem palavras difíceis. "É tudo muito simples, é só saber colocar as ideias no papel;, explica Dad. "Com palavras complicadas, fica um texto completamente assimétrico, artificial. O respeito à norma padrão existe, mas não pode criar uma linguagem artificial", completa Eli.
Para Dad, até se pode fazer citações, mas é preciso cuidado para saber se cabem no texto ou se ficarão deslocadas. A citação de algo não pertinente acaba gerando penalidade, lembram os professores. "Se o aluno conhecer um pensador e o pensamento couber, é muito bem-vindo; se ele souber de dados e couber, também. Os próprios textos apresentam dados que, se necessário, ele pode usar", recomenda.
Correção da prova
A redação é corrigida de acordo com cinco competências. As duas primeiras são a observação das normas e a adequação ao tema. "Esta não pode zerar, senão (o estudante) é eliminado. Tem que ter a adequação ao gênero, dissertativo-argumentativo, e o repertório cultural legitimado", explica Eli. O professor também faz um alerta: o texto pode estar maravilhoso, mas se não se adequar ao tema, não há o que salve. "A pessoa escreveu uma receita de miojo e foi eliminado, ele não escreveu mal. Não podemos confundir qualidade do texto com fuga ao tema."
A terceira competência é a coerência, que é basicamente se o texto está organizado. A quarta é coesão textual. "É a ligação entre as partes do texto, como você usa os conectivos", explica Eli.
Proposta de intervenção
Para finalizar, a última competência avaliada é a proposta de intervenção. ;Às vezes, os candidatos colocam (a solução) nas mãos deles mesmos, e não é assim. Eu vou ter o cuidado de dirigir (a proposta) a quem tem o poder. Recorrer a quem de direito;, explica Dad. Para Eli, é preciso pensar em como resolver a questão. "Qual problema está sendo discutido? Minha proposta resolve ou atenua? Qual o agente competente?", questiona.
Para quem quer manter um treino leve para chegar afiado à prova, Dad deixa uma dica. ;Se eu vejo uma notícia e acho interessante, eu sento e escrevo usando caneta e papel. É um exercício. E ler editoriais de jornais;, recomenda.
Eli ressalta que é preciso não decorar textos e fazer sua própria produção. ;Eu acredito na originalidade, na ousadia, óbvio que tem criterios estabelecidos;, diz. ;Leia redações que obtiveram nota mil, mas sem obsessão.;