Enem

Questões de história fugiram dos temas clássicos

Filosofia, sociologia e um vocabulário mais rebuscado eram necessários para ir bem no exame

postado em 03/11/2019 18:16

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A prova de ciências humanas do Enem 2019 segue padrões diferentes das versões anteriores. Continuando com uma tendência de interdisciplinariedade, era preciso que os alunos tivessem um conhecimento um pouco mais aprofundado em sociologia e filosofia para responder bem às questões de história. Essa é a explicação do professor João Daniel Almeida, que leciona sobre a disciplina no cursinho Descomplica e de relações internacionais da PUC-Rio.

;Eu achei que a parte de humanas tem algumas características que me parecem um pouco diferentes dos anos anteriores. A linguagem se tornou um pouco mais sofisticada. Pra um aluno que teve uma bagagem boa, isso talvez seja uma diferença pequena. Agora, para estudantes com um repertório um pouco menor, a dificuldade pode ser grande. Com anos de profissão e bons hábitos de leitura, eu tive que parar em alguns momentos lendo a prova. Em uma das questões, por exemplo, tive que relembrar qual era a diferença entre imanente e transcendente para responder, pois essa diferença era fundamental;, comenta.

O professor ressalta também que, além da forma, os temas tradados foram bem diferentes dos anos anteriores. ;A prova colocou muito conhecimento da filosofia clássica. A sociologia também esteve bastante presente nos temas históricos da prova. Mas, temas clássicos, que sempre caem, como Segunda Guerra Mundial e Era Vargas, não apareceram. Por outro lado, caiu cidadania grega, papel das mulheres na independência, citando a Maria Quitéria. Assuntos mais específicos, mas bastante interessantes;, lembra.

Para o professor, uma questão que pode gerar dúvidas nos alunos foi a que tratava da revolta da vacina. ;Haviam dois itens que poderiam ser considerados corretos, dependendo da linha que se segue. Isso porque houve uma evolução historiográfica sobre o tema. O texto utilizado como apoio para a questão era do José Murilo de Carvalho, que segue a linha de um dos itens. Entretanto, um aluno que estudou com professores formados há 20 ou 30 anos pode considerar que a resposta era outra. Com certeza esse tema pode gerar reclamações e recursos, mas acabou se tornando um item de interpretação, dado o texto motivador;, esclarece.

Por fim, como dica para quem ainda vai realizar a prova no ano que vem, Almeida concluiu que entender de atualidades é cada vez mais fundamental. ;Duas das questões de história eram explicitamente de relações internacionais, direitos humanos. Por isso, recomendo que os alunos estejam atentos aos temas de atualidades para fazer uma boa prova;, conclui.

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