Enem

Estudantes e professores pedem suspensão dos editais do Enem

Prazo para solicitação de isenção do exame termina nesta sexta-feira (17). Projetos tramitando no Senado propõem suspensão do exame neste ano

Correio Braziliense
postado em 14/04/2020 16:47

O cronograma do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) continua o mesmo desde a publicação, em 31 de março. Termina nesta sexta-feira (17) o prazo para solicitar a isenção do pagamento da taxa de inscrição. Dentro da mesma data, candidatos que perderam o exame no ano passado podem ainda justificar ausência, se desejarem conseguir isenção novamente neste ano.

 

Prazo para solicitação de isenção da taxa de inscrição do Enem termina nesta sexta-feira (17)No Brasil, em razão da pandemia do novo coronavírus, estão suspensas aulas presenciais desde a educação infantil até o ensino superior. O diretor do Centro de Ensino Médio 01 de Sobradinho, Rafael Urzedo, afirma que, em conjunto com outros diretores da cidade, levou à Diretoria de Ensino Médio o pedido pela revisão do calendário do Enem. “Temos muitos alunos que dependem das escolas para acessar a internet, solicitar a isenção, fazer a declaração para cota, entre outras coisas”, ressalta. 

 

Preocupados com estudantes do ensino médio, em especial da rede pública, há uma mobilização do Senado para que os editais do Enem 2020 sejam suspensos. No início deste mês, em 2 de abril, a senadora Daniella Ribeiro (Progressistas) apresentou o Projeto de Lei nº 1.277/20, que prevê a suspensão de vestibulares, além do Enem. A votação estava prevista para até a última quinta-feira (9), o que não ocorreu. 

 

Circula também o Projeto de Lei nº 137/2020, assinado pelo parlamentar Izalci Lucas (PSDB). Trata-se da solicitação pela suspensão das datas do Enem Digital e da prova impressa. No texto, Izalci Lucas considera a publicação dos editais “inoportuna” diante a pandemia. 

 

Para Rafael Urzedo, diante a situação incomum, a suspensão dos editais é uma questão de ‘bom-senso’. “Todas as unidades escolares junto às secretarias vão ter que refazer o planejamento do ano letivo, eventos e ações. Não vejo porque não mudar o cronograma”, afirma. 

Estudar em casa não é o suficiente

Professora de português há mais de 20 anos no Centro Educacional 05 de Taguatinga, Gabriela Gonçalves afirma: “Não tem como dizer que um aluno do terceiro ano não esteja prejudicado”. Segundo ela, aqueles que dependem do ensino público são os mais afetados. “Não faz sentido a prova não ser de acordo com o calendário escolar”, avalia. 

 

Gabriela continua passando atividades para auxiliar os alunos durante o período de isolamento social. “Criei uma sala virtual em que passo vídeos, textos e exercícios”, explica. 

O esforço é válido, mas não se compara a aula presencial. “Eles ficam cheios de dúvidas, às vezes com coisas simples”, relata.  

 

Cursando o 3º ano, o estudante do Centro de Ensino Médio Ave Branca (Cemab) Lucas Ribeiro do Nascimento Leite, 17 anos, está dispensado do estágio na Defensoria Pública. Entretanto, para conseguir cursar arquitetura não pode descansar dos estudos precisa manter o foco. 

 

Aluno do Cemab, Lucas continua estudando em casaA escola de Lucas disponibilizou todo o conteúdo programático do ano letivo. Com esse material, ele estuda em casa por conta própria, acessando sites e vídeos na internet. A preocupação dele é com os colegas que não tem acesso a essas plataformas. “Tem gente que não tem internet em casa, celular ou computador. Issos os compromete bastante”, ressalta. 

 

Mesmo estando uma situação privilegiada, Lucas ainda se sente prejudicado. Segundo ele, o aprendizado está limitado e por isso, o atual cronograma do Exame Nacional do Ensino Médio precisa ser reavaliado. “Ter aulas presenciais é muito diferente de ficar em casa estudando. Nelas conseguimos prestar mais atenção, tirar dúvidas, exercitar o que está sendo passado”, diz. 

 

Saiba Mais

Aluno do Centro de Ensino Médio Taguatinga Norte (Cemtn), Thiago Sobreira Maciel almeja cursar relações internacionais na Universidade de Brasília, um curso bastante concorrido da instituição de ensino superior. Dessa forma, a rotina de estudos precisa ser um pouco mais intensa, o que tem sido complicado com a suspensão das aulas. 

 

Para não perder o ritmo e ajudar os colegas de classe, Thiago criou uma playlist no Youtube com videoaulas que considera interessante. Além disso, os professores do Cemtn permanecem divulgando materiais didáticos para ajudar os estudantes. 

 

Outra preocupação é a semestralidade. Com a organização do novo ensino médio, os conteúdos são distribuídos em dois semestres. Ou seja, algumas disciplinas ainda não foram vistas pelos alunos. “Como vamos falar sobre um conteúdo que não tivemos nem a introdução?” questiona Thiago. 

Teleaulas 

A fim de evitar que alunos da rede pública de ensino percam contato com os estudos, a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEE-DF) passou a transmitir, pela TV Justiça e também pela internet, uma programação de teleaulas. O conteúdo educativo não é obrigatório e não conta como dia letivo. 

 

Para Thiago, o programa de teleaulas não suprem necessidades dos estudantesPara o estudante Thiago Sobreira Maciel, as teleaulas não suprem a necessidade educacional. “Eu cheguei a acompanhar na primeira semana, mas achei muito fraco. Então, comecei a estudar por conta própria”, conta. 

 

Além de trabalhar junto a família em uma banca de verduras em Vicente Pires, ele precisa manter o foco para não sair prejudicado. No entanto, afirma não conseguir alcançar a mesma concentração que na escola.  “Em casa nós temos muitas distrações: televisão, celular, familía e alguns tem os irmãos pequenos que não estão indo para a creche”, pontua. 

 

A professora de português Gabriela Gonçalves acredita que alunos não conseguem manter a concentração em casaO mesmo ponto é abordado pela professora de português Gabriela Gonçalo. “É muito difícil o aluno se concentrar presencialmente, imagine a distância”, expõe. 


 

*Estagiária sob a supervisão de Ana Sá.

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