postado em 26/06/2012 10:25
Evento mundial na área de robótica escolhe protótipo de brasilienses para o primeiro lugar, ao lado do trabalho de jovens alemães. A olimpíada de 2014 será em João Pessoa
Estudantes brasilienses conquistaram um título inédito para o país e trouxeram para a capital federal o troféu do 16° Mundial de Robótica na madrugada de ontem. A equipe chamada Andrômeda Fênix montou um protótipo que conseguiu vencer vários obstáculos e diferentes percursos montados pela organização do evento. Por apresentar mais segurança e praticidade, além da precisão no reconhecimento de vítimas, cinco alunos do Colégio Mackenzie de Brasília conquistaram o primeiro lugar na RoboCup 2012. A disputa final foi realizada na Cidade do México na semana passada, entre os dias 18 e 24.
André Leite (E), Armindo Jreige, Joaquim Silveira, Lucas Castro e Rafael Martins venceram 32 grupos (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
André Leite (E), Armindo Jreige, Joaquim Silveira, Lucas Castro e Rafael Martins venceram 32 grupos
O momento posterior a grandes desastres sempre preocupa os comandantes das buscas por representar risco também para quem trabalha no resgate das vítimas. A equipe brasileira competiu na categoria Rescue, ou resgate, que pretende promover pesquisa e desenvolvimento de agentes robóticos no salvamento e todo o domínio que envolve o uso dessas máquinas. André Leite Santos, 17 anos; Armindo Jreige Júnior, 16; Joaquim Silveira 13; Lucas Mateus Castro, 13; e Rafael Ferreira Martins, 13, derrotaram 32 grupos de países diferentes que participaram do campeonato nessa área.
A caminhada teve início em agosto do ano passado. O primeiro passo foi a disputa regional %u2014 quando a equipe brasiliense ficou em 2° lugar %u2014, seguiu então para a Olimpíada Brasileira de Robótica de 2011, onde repetiram a colocação, e aí conseguiram vaga no mundial. Na primeira etapa desse campeonato, as equipes concorreram de forma individual. Dos 32 grupos, 12 se classificaram para a final. Nessa fase, a organização sorteou as equipes para trabalharem em duplas. Os brasileiros conquistaram o primeiro lugar junto aos competidores da Alemanha.
Modelo leve
A concentração e o esforço para vencer as etapas fizeram o grupo merecedor do troféu. A coordenadora de informática e robótica do colégio, Lucilene Lopes Campanholo, acompanhou os adolescentes na viagem. %u201CO diferencial deles é que eles vão até o limite. Dormiam só duas horas por noite, comiam quando e se desse, treinavam até a arena fechar e, quando chegavam ao hotel, viravam o tapete e faziam os desenhos do percurso para treinar mais%u201D, conta a professora. A cada rodada, as equipes tinha oito minutos para programar o robô e colocá-lo para executar a prova.
Para participar da disputa regional, os estudantes, em equipe com formação diferente da atual, decidiram montar um protótipo há algumas horas antes do fim do prazo de inscrição. Em oito horas, eles construíram o exemplar. %u201CEu faço robótica desde o 9° ano e tinha comprado um kit próprio, então já tinha experiência no tema e em competições. Fizemos algo simples, mas que funcionou%u201D, explica Armindo Jreige, que este ano completa o ensino médio. O modelo foi aperfeiçoado para a etapa seguinte.
O Andrômeda Fênix tem dois sensores de luz e dois de ultrassom
O Andrômeda Fênix tem dois sensores de luz e dois de ultrassom
Mesmo com as melhorias empregadas no protótipo, ao chegar no México os brasilienses encontraram competidores de alto nível, de países com tradição de investimentos em ciência e tecnologia. A idade máxima é fixada em 21 anos, o que possibilita que universitários também participem da competição. Mas nada disso desanimou a equipe brasileira. %u201CVocê pode ser um gênio, mas precisa aprender a ganhar e a perder. A gente adquire conhecimento intelectual e emocional nesse tipo de competição%u201D, avalia Rafael Martins. Para ele, outra característica os levou à primeira colocação. O robô deles era o mais leve e compacto da competição. %u201CEnquanto tínhamos apenas dois sensores de luz e dois de ultrassom, tinha país com sete só de luz. Mas nós conseguimos maximizar o que tínhamos na programação%u201D, completa André Leite.
Apoio familiar
Durante as 11 horas de viagem de volta a Brasília, André ficou ansioso em ver a família. %u201CÉ uma realização dar esse retorno para os nossos pais. A robótica nos toma muito tempo. Não imaginávamos chegar tão longe%u201D, diz.
Toda a alegria e a empolgação da vitória deram novo ânimo aos garotos. %u201CMeu pai trabalha com isso, então sempre tive contato com tecnologia em casa. Quero cursar engenharia de computação no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica)%u201D, conta Lucas Castro.
Nada disso seria possível sem o apoio das famílias. O pai de Joaquim Silveira, o produtor musical uruguaio Juan Pablo Silveira, 40 anos, quando se mudou para o Brasil, procurou uma escola que oferecesse aulas em robótica a pedido do filho. %u201CPercebemos que ele tinha talento em desmontar e montar objetos. Acompanhamos tudo, ficamos preocupados quando a pontuação deles caiu no meio da competição, mas agora não tenho o que dizer, se não vou começar a chorar de emoção%u201D, derrete-se Juan Pablo.
Para saber mais
Olimpíada brasileira
É rganizada pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), com apoio da Comissão Organizadora da Olimpíada Brasileira de Astronomia e da Comissão Organizadora da Olimpíada Brasileira de Informática. Apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), destina-se a revelar talentos de escola pública e particular, dos ensinos fundamental, médio e técnico.