postado em 28/06/2012 11:29
Professores de escola no Varjão dizem que a unidade enfrenta racionamento de alimentos. Secretaria de Educação informa que todos os colégios devem ser abastecidos com itens perecíveis até a próxima semana
A Escola Classe Varjão tem 965 alunos: professores alegam que se viram obrigados a comprar comida (Breno Fortes/CB/D.A Press)
A Escola Classe Varjão tem 965 alunos: professores alegam que se viram obrigados a comprar comida
O orçamento do governo do Distrito Federal prevê, para 2012, gastos de R$142 milhões com merenda escolar a fim de atender aos 540 mil alunos matriculados em 649 escolas públicas. O montante corresponde a R$ 262, anualmente, para cada estudante brasiliense. No entanto, algumas instituições de ensino sofrem com a falta de alimentos essenciais no cardápio, tais como carne, verduras e legumes. É o caso da Escola Classe Varjão, que, há quase um mês, enfrenta racionamento de comida. A denúncia foi feita pelos professores da unidade de ensino, que se viram obrigados a juntar dinheiro para comprar itens complementares e evitar que as crianças passem fome. A merenda de ontem foi arroz com ovo.
De acordo com uma professora que prefere não se identificar, o depósito da cantina conta apenas com arroz, açúcar, macarrão e suco. %u201COs alunos já não aguentam comer arroz doce, macarrão com molho de tomate e cereal puro. Não há variação no cardápio%u201D, alega. Segundo uma funcionária da instituição, o pequeno estoque de carne é oriundo de outras escolas do Plano Piloto. %u201CA proteína (carne) vem do Elefante Branco e do Setor Leste. A Secretaria de Educação alega que houve atraso no pregão para a compra dos alimentos, mas, até agora, nada. Até o fim da semana, vamos enviar um comunicado para os pais sobre a situação que a escola enfrenta%u201D, revela. A Escola Classe Varjão tem 965 alunos distribuídos em 40 turmas, sendo metade em cada turno.
Licitação
Por meio de nota, a Secretaria de Educação do DF (SEDF) informa que acaba de concluir o processo de licitação para compra de alimentos perecíveis, como frutas, hortaliças, carnes e leite. %u201CCom a assinatura dos contratos, algumas escolas já estão sendo abastecidas e todas devem ser atendidas até a próxima semana%u201D, diz o comunicado.
A situação não é restrita somente à escola do Varjão. O Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) revela que outras unidades passam pelo mesmo problema. %u201CDepois da greve, recebemos várias denúncias sobre a falta de alguns alimentos. A Escola Classe 10 de Taguatinga e outra em Ceilândia passaram pela mesma dificuldade%u201D, afirma a diretora do sindicato, Rosilene Corrêa. %u201CNão é por falta de recursos que está faltando alimentos, mas por problemas de gestão. É preciso que a Secretaria de Educação coloque a merenda escolar como item prioritário na administração dos recursos%u201D, opina Rosilene.
A SEDF, por meio da assessoria de imprensa, informou não ter conhecimento sobre a falta de merenda em nenhuma escola do DF e que o problema de abastecimento se deve ao atraso na assinatura de contrato com fornecedores de cada item previsto no cardápio da merenda escolar.
Enquanto isso, os pais dos alunos da Escola Classe Varjão se dizem surpresos com a notícia de que falta carne e outros alimentos no lanche do colégio. %u201CNão sabia que estava dessa forma. Minhas filhas não reclamaram de nada. Acho que as crianças que estudam em tempo integral sofrem muito mais com essa situação%u201D, afirma o caseiro Heverton da Silva, 21 anos. De acordo com a direção da escola, 130 alunos participam dos dois turnos de aula. %u201CSão crianças que chegam às 7h e vão embora por volta das 16h, o que significa que duas das principais refeições do dia (café da manhã e almoço) são feitas na escola%u201D, informa uma funcionária, que prefere não se identificar.
A direção do Sinpro-DF promete visitar a unidade para apurar os fatos. %u201CDe acordo com a situação encontrada, vamos elaborar relatório, que será entregue na Secretaria de Educação, e cobrar providências imediatas%u201D, informa Francisco Raimundo Alves, membro do Conselho de Alimentação Escolar do DF. %u201CAs instituições que passaram pelo mesmo problema foram visitadas pelo sindicato e a questão foi resolvida. São casos pontuais, mas percebemos que muitas instituições, sobretudo as que oferecem ensino integral, não têm cardápio variado%u201D, conta Alves.
"Depois da greve, recebemos várias denúncias sobre a falta de alguns alimentos.
A Escola Classe 10 de Taguatinga e outra em Ceilândia passaram
pela mesma dificuldade%u201D
Rosilene Corrêa, diretora do Sindicato dos Professores do Distrito Federal