postado em 10/09/2012 13:17
Antecipando as orientações do Ministério da Saúde (MS), que acaba de lançar o "Manual das cantinas escolares saudáveis: promovendo a alimentação saudável", resultado de uma parceria entre o MS e a Federação das Escolas Particulares (Fenep), o Colégio Presbiteriano Mackenzie Brasília promoveu, desde o início deste ano, uma reformulação em sua cantina.Frituras, salgadinhos e bebidas industrializadas deram lugar a várias opções de frutas, sucos naturais e salgados assados. Cabe a uma nutricionista elaborar cardápio balanceado, principalmente para o almoço que inclui saladas, carnes, legumes e verduras. No restaurante, os familiares também podem almoçar com os alunos.
O diretor da escola, Walter Ribeiro, explica que há muito tempo vem notando preocupação por parte dos pais com relação à alimentação saudável. ;Foi por meio de uma demanda dos pais, e também de uma preocupação da escola, que comecei a buscar uma forma de ajudar os alunos a adquirirem novos hábitos alimentares;, afirma Ribeiro. Ele acredita que é uma questão educacional, que repercute na qualidade de vida e bem-estar: ;Educando a população, ensinando a comer, teremos resultados mais eficazes;.
Letícia Miranda trabalha com alimentação há 15 anos e é a responsável pela elaboração do cardápio diário do colégio Mackenzie. Ela o elabora com base na Lei 4.992 de 30/11/2011, que define normas para a comercialização de alimentos nas cantinas comerciais da rede pública e instituições privadas de educação básica. O cardápio é adaptado às necessidades nutricionais dos alunos, os alimentos são sempre preparados pouco tempo antes dos intervalos em que eles realizam as refeições e são supervisionados por uma nutricionista.
[SAIBAMAIS]Ela conta que, no começo, os alunos diziam que não conseguiriam viver sem refrigerantes nem doces. ;Hoje, eles estão acostumados com a nova rotina, adoram os sucos e a sobremesa mais pedida é a gelatina colorida, apelidada de Restart pelos alunos;, relata. Para ela, o colégio se tornou um ambiente seguro, onde os estudantes aprendem a se alimentar bem e de forma independente.
Eduardo França, pai de Lucas, 8 anos, conta que a mudança na escola resolveu para ele, além da questão alimentar, uma questão de logística. Antes, ele precisava ter uma pessoa em casa para cozinhar, hoje ele confia em deixar o filho na escola porque sabe que os alimentos oferecidos são saudáveis. ;É muito difícil fazer com que a criança coma verduras quando tem uma variedade de doces e refrigerantes;, declara o pai, que almoça regularmente com o filho na escola e percebeu a mudança no prato da garotada da escola.
Rafael Martins, 13 anos, sempre teve uma alimentação saudável em casa, mas na escola aproveitava a liberdade para comer muitas guloseimas e beber refrigerante. Com a reformulação da cantina da escola, ele teve que se acostumar e aprendeu a comer salada de frutas e a tomar sucos naturais. ;Foi uma boa mudança, tenho uma alimentação saudável. Em vez de ganhar só calorias, eu ganho nutrientes;, relata o estudante.
A nutricionista Roseli Bottura explica que uma alimentação saudável é uma fonte de prevenção de doenças, como hipertensão e colesterol alto, além de auxiliar no tratamento de outros males, suprindo a necessidade de nutrientes. ;A boa alimentação também promove o aumento da capacidade de captar informações e fornece energia suficiente para conseguir executar as tarefas do dia a dia;, complementa a nutricionista.
Além disso, desde a educação infantil, a instituição promove palestras e aulas sobre alimentação saudável, além de promover a prática de exercícios físicos e uma horta comunitária cultivada por seus alunos. Eles plantam, cultivam, colhem, aprendem sobre o valor nutricional e, depois, preparam os alimentos. A maior preocupação da instituição é com o aumento da obesidade infantil.
De acordo com a Pesquisa de Orçamento Familiar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 34,8% das crianças com idade entre 5 e 9 anos estão acima do peso. O Ministério da Saúde observa que a manutenção do peso adequado desde a infância é um dos principais fatores para a prevenção de doenças na fase adulta.
O manual do Ministério da Saúde começou a ser distribuído nos 30 mil colégios privados do país, com um passo a passo para a transformação do tipo de lanche que chega até os estudantes. O objetivo é orientar as instituições de ensino e os responsáveis pelos bares, para que ofereçam alimentos de maior valor nutritivo aos alunos.