Ensino_EducacaoBasica

Estudantes de escolas públicas lutam para conquistar medalhas

postado em 11/09/2012 16:23

(foto: arquivo da Escola Estadual Messias Pedreiro)
Jefferson Raimundo Magalhães, Bruno Miranda de Sá e Augusto César Santos Peixoto são medalhistas da Obmep e hoje ajudam outros alunos da escola pública onde estudaram

Eles levam questões para resolver em casa, reúnem-se na escola em grupos de estudo sob a orientação de professores e ex-medalhistas. A Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) é levada a sério por estudantes que fazem planos para a vida profissional. No próximo sábado, 15, farão a prova da segunda e última fase da competição 824 mil estudantes de todo o Brasil.

Na Escola Estadual Messias Pedreiro, em Uberlândia (MG), a competição já se tornou rotina anual no calendário escolar. A escola teve alunos medalhistas em todas as competições, desde a primeira edição, realizada em 2005. São 264 alunos premiados. ;Todas as quintas-feiras, após o turno da manhã, há estudo em grupo para resolver problemas de geometria, de análise combinatória e probabilidade;, explica a professora Maria Botelho Alves Pena, que há 17 anos dá aulas de matemática na escola Messias Pedreiro.

Responsável pela Obmep na escola, a professora foi premiada em todas as edições da competição. É ela quem orienta os alunos no grupo de estudo para a olimpíada e outros desafios, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Este ano, 90 alunos da escola farão a prova da segunda fase. ;Eu sempre incentivei os alunos a participar e posso afirmar que vivenciei e presenciei inúmeras situações que comprovam que a Obmep contribuiu para um nova fase na vida dos alunos, na minha prática docente e na escola;, diz a professora.

Ela conta que os alunos não se limitam a realizar as atividades propostas em sala de aula. Além de formar grupos para estudar, eles discutem os problemas nas conversas pelas redes sociais, trocam e sugerem livros e revistas para leitura e estudo, navegam pela internet à procura de conhecimento e inspiram irmãos e outros jovens a seguir o mesmo caminho. A competição não só ajudou a levar estudantes a universidades, como tem melhorado o rendimento de quem não ia bem. ;Hoje temos exemplos de alunos reprovados que foram premiados na Obmep;, conta Maria Botelho.

Incentivo ; João Paulo Vieira Bonifácio, ex-aluno da escola e medalhista de ouro da Obmep em 2006, é um dos incentivadores. Aluno de engenharia elétrica na Universidade Federal de Uberlândia, ele participa de um programa de duplo diploma com a Universidade de Estrasburgo, na França, onde também faz mestrado em robótica. Atualmente está morando na Alemanha e estagia na divisão de pesquisa e desenvolvimento de uma multinacional.

Quando estava no Brasil, fazia questão de retornar à antiga escola e visitar as salas de aulas para incentivar os alunos nos estudos. Este ano, mesmo longe, João Paulo fez questão de enviar, por e-mail, um comunicado para ser lido para os alunos que competirão na Obmep 2012. ;Ser premiado em uma competição como essa é realmente uma experiência inesquecível e inestimável, não só do ponto de vista acadêmico, mas pessoal. Essa conquista me mostrou que é importante acreditar em sonhos; que nada é impossível para aqueles que têm energia para lutar por aquilo que desejam;, escreveu na mensagem enviada à professora Botelho em fevereiro.

Ex-alunos da mesma escola, Bruno Miranda de Sá, Jefferson Raimundo Magalhães e Augusto César Santos Peixoto são medalhistas de 2009 e 2010 e, atualmente, estudam engenharia mecânica na Universidade Federal de Uberlândia. No mês passado, os três retornaram à escola para ajudar a preparar os alunos para a Obmep deste ano e contar um pouca da história pessoal de cada um.

De família humilde ; o pai é jardineiro e a mãe doméstica ; Bruno, por exemplo, não tinha acesso à internet em casa e xerocava as provas anteriores da olimpíada para resolver os problemas. ;É sempre bom ensinar os meninos que ficam ansiosos com a prova. Falei sobre probabilidade, resolvi alguns exercícios e passei a minha experiência;, contou o jovem de 19 anos.

Assim como em Uberlândia, estudantes de todo o Brasil se preparam para as provas. Anderson Estevam Lopes, 13 anos, vai tentar repetir a conquista. Ele foi bronze em 2010 e ouro na última competição. O estudante do oitavo ano da Escola Estadual Professor Tibúrcio, em Itabirito, cidade de 40 mil habitantes a 55 km de Belo Horizonte, diz que estuda todos os dias. ;A minha professora incentiva, a gente vai para a casa dela estudar após as aulas;, conta o aluno.

Os estudantes das escolas públicas de Minas Gerais lideram o quadro das medalhas na última edição da olimpíada. Eles conquistaram 816 das 3.200 medalhas de ouro, prata e bronze distribuídas para os melhores classificados na competição. No próximo sábado, 96 mil dos 824 mil estudantes que passarão para a segunda fase da Obmep 2012 são de municípios mineiros. As provas serão realizadas às 14h30 (horário de Brasília). Os locais podem ser consultados na página da Obmep.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação