(foto: arquivo da Escola Estadual Messias Pedreiro)
Jefferson Raimundo Magalhães, Bruno Miranda de Sá e Augusto César Santos Peixoto são medalhistas da Obmep e hoje ajudam outros alunos da escola pública onde estudaram
Eles levam questões para resolver em casa, reúnem-se na escola em grupos de estudo sob a orientação de professores e ex-medalhistas. A Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) é levada a sério por estudantes que fazem planos para a vida profissional. No próximo sábado, 15, farão a prova da segunda e última fase da competição 824 mil estudantes de todo o Brasil.
Na Escola Estadual Messias Pedreiro, em Uberlândia (MG), a competição já se tornou rotina anual no calendário escolar. A escola teve alunos medalhistas em todas as competições, desde a primeira edição, realizada em 2005. São 264 alunos premiados. ;Todas as quintas-feiras, após o turno da manhã, há estudo em grupo para resolver problemas de geometria, de análise combinatória e probabilidade;, explica a professora Maria Botelho Alves Pena, que há 17 anos dá aulas de matemática na escola Messias Pedreiro.
Responsável pela Obmep na escola, a professora foi premiada em todas as edições da competição. É ela quem orienta os alunos no grupo de estudo para a olimpíada e outros desafios, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Este ano, 90 alunos da escola farão a prova da segunda fase. ;Eu sempre incentivei os alunos a participar e posso afirmar que vivenciei e presenciei inúmeras situações que comprovam que a Obmep contribuiu para um nova fase na vida dos alunos, na minha prática docente e na escola;, diz a professora.
Ela conta que os alunos não se limitam a realizar as atividades propostas em sala de aula. Além de formar grupos para estudar, eles discutem os problemas nas conversas pelas redes sociais, trocam e sugerem livros e revistas para leitura e estudo, navegam pela internet à procura de conhecimento e inspiram irmãos e outros jovens a seguir o mesmo caminho. A competição não só ajudou a levar estudantes a universidades, como tem melhorado o rendimento de quem não ia bem. ;Hoje temos exemplos de alunos reprovados que foram premiados na Obmep;, conta Maria Botelho.
Incentivo ; João Paulo Vieira Bonifácio, ex-aluno da escola e medalhista de ouro da Obmep em 2006, é um dos incentivadores. Aluno de engenharia elétrica na Universidade Federal de Uberlândia, ele participa de um programa de duplo diploma com a Universidade de Estrasburgo, na França, onde também faz mestrado em robótica. Atualmente está morando na Alemanha e estagia na divisão de pesquisa e desenvolvimento de uma multinacional.
Quando estava no Brasil, fazia questão de retornar à antiga escola e visitar as salas de aulas para incentivar os alunos nos estudos. Este ano, mesmo longe, João Paulo fez questão de enviar, por e-mail, um comunicado para ser lido para os alunos que competirão na Obmep 2012. ;Ser premiado em uma competição como essa é realmente uma experiência inesquecível e inestimável, não só do ponto de vista acadêmico, mas pessoal. Essa conquista me mostrou que é importante acreditar em sonhos; que nada é impossível para aqueles que têm energia para lutar por aquilo que desejam;, escreveu na mensagem enviada à professora Botelho em fevereiro.
Ex-alunos da mesma escola, Bruno Miranda de Sá, Jefferson Raimundo Magalhães e Augusto César Santos Peixoto são medalhistas de 2009 e 2010 e, atualmente, estudam engenharia mecânica na Universidade Federal de Uberlândia. No mês passado, os três retornaram à escola para ajudar a preparar os alunos para a Obmep deste ano e contar um pouca da história pessoal de cada um.
De família humilde ; o pai é jardineiro e a mãe doméstica ; Bruno, por exemplo, não tinha acesso à internet em casa e xerocava as provas anteriores da olimpíada para resolver os problemas. ;É sempre bom ensinar os meninos que ficam ansiosos com a prova. Falei sobre probabilidade, resolvi alguns exercícios e passei a minha experiência;, contou o jovem de 19 anos.
Assim como em Uberlândia, estudantes de todo o Brasil se preparam para as provas. Anderson Estevam Lopes, 13 anos, vai tentar repetir a conquista. Ele foi bronze em 2010 e ouro na última competição. O estudante do oitavo ano da Escola Estadual Professor Tibúrcio, em Itabirito, cidade de 40 mil habitantes a 55 km de Belo Horizonte, diz que estuda todos os dias. ;A minha professora incentiva, a gente vai para a casa dela estudar após as aulas;, conta o aluno.
Os estudantes das escolas públicas de Minas Gerais lideram o quadro das medalhas na última edição da olimpíada. Eles conquistaram 816 das 3.200 medalhas de ouro, prata e bronze distribuídas para os melhores classificados na competição. No próximo sábado, 96 mil dos 824 mil estudantes que passarão para a segunda fase da Obmep 2012 são de municípios mineiros. As provas serão realizadas às 14h30 (horário de Brasília). Os locais podem ser consultados na página da Obmep.