O Brasil superou as metas propostas pelo Ministério da Educação (MEC) para o ensino fundamental em 2011, mas, no ensino médio, apesar dos objetivos propostos terem sido alcançados, a situação ainda é crítica e as melhorias estão acontecendo de maneira mais lenta. A informação foi dada nesta quarta-feira (19) pelo presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Luiz Cláudio Costa, que apresentou, em palestra na Câmara, os resultados mais recentes do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
O dirigente ressaltou que um dos grandes desafios para os próximos anos está no ensino médio. "Ele precisa ser repensado, pois é nesse estágio que temos a menor taxa de aprovação e altos índices de abandono, com jovens fora da escola. Precisamos atuar nessa faixa, que é aquela em que estamos tendo o menor avanço de rendimento", afirmou o presidente da autarquia, vinculada ao MEC, responsável pelas estatísticas educacionais oficiais.
Na faixa etária de 15 a 17 anos, citou Costa, o Brasil tem cerca de 10,5 milhões de jovens, dos quais apenas a metade está no ensino médio com a idade adequada, 978 mil não frequentam escola nenhuma e quase 167 mil são analfabetos. Segundo o palestrante, nos próximos meses propostas, como a flexibilização do currículo e o ensino em tempo integral, serão debatidas com a sociedade e o Congresso. "Devemos refletir se o modelo curricular atual de 13 disciplinas é adequado ou se podemos migrar para o trabalho em grandes áreas, resguardando as disciplinas, porém de forma integrada. A adoção da escola em tempo integral também me parece profundamente adequada, além do ensino profissionalizante, que dá uma opção ao jovem que queira encerrar o ensino médio e já ter a sua profissão."
O presidente do Inep apontou também um dado positivo: o número de alunos do ensino médio que estudam durante o dia aumentou significativamente ; era de 44% dos jovens em 1995 e hoje está em 88%. Costa mencionou que estados que melhoraram os índices de qualidade do ensino médio investiram especialmente em levar mais alunos para o turno diurno, aumentar a carga horária e capacitar professores.
Comissão especial Na Câmara, foi justamente para debater problemas e soluções para o ensino médio. O deputado Alex Canziani (PTB-PR), que integra o colegiado, adiantou que as primeiras propostas dos parlamentares serão apresentadas no ano que vem. Ele destacou que é preciso pensar uma escola que seja adequada para o jovem contemporâneo. "Os alunos de hoje são muito antenados, tecnológicos, têm dificuldade de permanecer em sala de aula, então temos de procurar entender as expectativas desses jovens e o que podemos fazer para que a escola seja mais atrativa", declarou.
Após a palestra, a deputada Professora Rosinha Seabra Resende (DEM-TO) apontou a necessidade de que as escolas recebam individualmente os índices do Ideb para que possam verificar as fragilidades do ensino. Ao relatar sua experiência como secretária estadual de educação, ela lembrou que um aluno com dificuldades de aprendizado pede um professor mais capacitado. "Interessa para a escola saber que os seus estudantes não estão aprendendo determinado conteúdo de língua portuguesa porque serve de instrumento para o professor. Em 2001, fizemos uma avaliação e descobrimos que os conteúdos que os alunos não sabiam os seus professores também não sabiam", relatou.
O evento desta quarta-feira foi organizado pela Frente Parlamentar Mista da Educação.