Ensino_EducacaoBasica

Debate sobre uso de celulares em sala de aula reacende após Enem

postado em 08/11/2012 18:31
A desclassificação de 65 candidatos nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no último fim de semana (3 e 4/11) por postarem fotos do exame em redes sociais reacendeu a polêmica sobre o uso de celulares dentro de salas de aula em todo o país e fez com que escolas reavaliassem os métodos de conscientizar os alunos para o uso da tecnologia. A questão preocupa diretores de colégios e mostra que o problema precisa ser discutido em âmbito nacional para que a solução seja aplicada com eficiência nas salas.

Luiz Gustavo Mendes, diretor do Colégio Marista Champagnat de Taguatinga, admite que o problema existe porque os estudantes, de maneira geral, já se habituaram a utilizar os celulares em todos os lugares e acabaram por banalizar o uso do aparelho. ;O uso dos celulares em sala de aula só deve ser incentivado quando serve como ferramenta útil para o processo de aprendizagem, com orientação do professor;, explica o diretor. Ele afirma que, para os alunos, os celulares possuem alto poder de atração, enquanto que, muitas vezes, a mesma atração não é encontrada no que o professor diz.

Ele analisa que a realidade da navegação na internet via celular, do envio de mensagens e mesmo de ligações durante as aulas não será resolvida apenas com a proibição do uso dos aparelhos. Esse, segundo Luiz Gustavo, é entendido como um momento transitório entre a total proibição dos aparelhos dentro de sala de aula e o uso responsável das ferramentas. ;Vai ser preciso conscientizar os alunos para que essa utilização se torne algo pedagogicamente útil. Mesmo porque as escolas já se propõem a utilizar a tecnologia dentro de sala de aula. Não dá para excluir isso da realidade;, acrescenta Luiz Gustavo.

Desafio[SAIBAMAIS]
Com turmas menores, em que os professores conhecem os alunos pelos nomes, a tarefa de conscientização fica mais fácil. Embora a possibilidade ideal nem sempre seja possível, a situação favorece o contato individualizado com os estudantes e torna o questionamento ético do uso desregrado das tecnologias uma parceira no momento da conscientização.

No Colégio Galois de Brasília existem apenas três turmas para cada série do 5; ao 9; ano. Segundo o diretor pedagógico do ensino fundamental Nei Vieira, com a quantidade reduzida de estudantes, a atenção individualizada foi fator fundamental para o sucesso das ações de educação na escola. ;São poucos alunos, mesmo assim, o trabalho é vagaroso. Já trabalhamos com os alunos há algum tempo e desde o início deste ano a direção e os alunos do ensino fundamental chegaram a um denominador comum. No ensino médio, a situação é mais difícil;, explica Nei.

Além de diretor, Nei é professor de inglês para turmas do 3; ano do ensino médio. Ele relata que em cada início de aula é preciso pedir, mesmo que com bom humor, que os estudantes desliguem os celulares. ;É como se o aparelho se tornasse uma parte do corpo do aluno. É preciso fazer um trabalho longo para convencer o estudante a não utilizar o celular na sala. Parece que quanto maior é o aluno, mais dependente da máquina ele fica;, destaca.

No Galois e no Marista, assim como em outras escolas particulares do país, o próprio manual do estudante e o regimento interno da escola preveem que o aluno não pode utilizar o celular dentro da sala de aula. ;A orientação é que eles nem tragam o celular para o colégio. Não há necessidade do uso do aparelho na escola e em caso de emergências, a instituição consegue localizar o aluno rapidamente;, afirma o diretor do Marista Champagnat Luiz Gustavo.

Nas escolas públicas, a situação não é diferente. Hamilton Paz das Neves, diretor do Centro de Ensino Médio Asa Norte (Cean), afirma que o problema é frequente. ;Se deixar, eles utilizam o celular a qualquer hora, mandam mensagens e até atendem o telefone, ali mesmo, na sala de aula;, admite. Para ele, a melhor estratégia nessas situações é a conversa e a persuasão. ;Não adianta proibir, é preciso fazer com que o aluno se sinta parte do processo de mudança e da própria educação. É um desafio.;

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação