A Escola Bilíngue Integral para deficientes auditivos está perto de se tornar realidade no Distrito Federal. Depois de uma batalha de 14 anos, o projeto de lei que institui a unidade que segue a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como primeiro idioma foi aprovado por unanimidade pelo plenário da Câmara Legislativa na tarde da última quarta-feira.
Cerca de 50 alunos, além de pais e professores surdos e apoiadores da causa, acompanharam a sessão. O documento segue agora para o Executivo local, que deve regulamentar e detalhar o modelo. Na escola própria para deficientes auditivos, os alunos teriam metodologia específica para eles, como estímulos visuais variados, e educadores fluentes em Libras, e não apenas intérpretes.
A rede pública de ensino atende 1,4 mil estudantes com diferentes níveis de deficiência auditiva. Professora do Centro Educacional n; 6 de Taguatinga, Gisele Morisson trabalha com surdos há anos e comemorou a decisão dos deputados distritais. ;Nós, que estamos com eles no dia a dia, sabemos que a inclusão não dá certo. O contato com o professor é mediado pelo intérprete, que tem que traduzir todos os conteúdos e não necessariamente entende o que está transmitindo;, avalia.
Adriana Gomes Batista também é professora do CED 6. Ela é surda e ensina Libras aos estudantes com deficiência auditiva. ;Estudei no modelo de inclusão e as barreiras eram muitas, principalmente na comunicação, o que prejudicou o meu desenvolvimento e a minha aprendizagem. Os ouvintes tinham preconceito, e eu ficava isolada. Não ocorria interação efetiva;, afirma. Hoje, 170 unidades da rede pública de ensino têm profissionais habilitados para trabalhar com surdos ; e, mesmo nessas, alguns deles ainda estão aprendendo Libras com os estudantes.