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Garrafas cheias de sonhos

Alunos do quinto ano do ensino fundamental do Paranoá enterraram ontem Cápsulas do Futuro, com planos e esperanças para 2017. Daqui a cinco anos, vão abri-las e fazer um balanço do que foi conquistado

postado em 13/12/2012 08:00
A turma, o criador do projeto de cidadania, professor Valdir de Castro Silva (à direita, de pé), e as embalagens PET: importância de ter metas na vida (Ed Alves/CB/D.A Press)
A turma, o criador do projeto de cidadania, professor Valdir de Castro Silva (à direita, de pé), e as embalagens PET: importância de ter metas na vida

Em seis garrafas PET, 25 projeções para os próximos cinco anos. No Centro de Atenção Integral à Criança (Caic) Santa Paulina, do Paranoá, estudantes do quinto ano celebraram ontem a ;aula da saudade;. A fim de marcar a passagem para uma nova fase da educação ; quem passou de ano segue rumo à segunda parte do ensino fundamental e vai mudar de escola ;, eles escreveram redações sobre os sonhos para os próximos cinco anos, cheios de esperança de estarem no ensino médio e, quem sabe, até ter um estágio para ajudar a família.

Lideradas pelo professor Valdir de Castro Silva, as crianças receberam educação ambiental durante o ano letivo, além de terem sido conscientizadas a respeito da necessidade de estudar bem na escola e passar no vestibular. ;Queremos que eles continuem sendo cidadãos do futuro. Eles sabem que cada ação que fazem hoje vai influenciar na vida toda;, orienta. O mestre de 38 anos, nascido e criado no Paranoá, também estudou no Caic Santa Paulina quando era criança. É professor na instituição há 17 anos e mantém contato com antigos estudantes até hoje.

Entre os alunos de Valdir, há futuros promotores de Justiça, médicos, cantores, atores, chefs de cozinha, bombeiros, policiais, dentistas e muitos jogadores de futebol. Os sonhos dos pequenos são cultivados em sala de aula e carregados até os momentos de decisão. Maria Alice dos Santos, 10, está decidida a ser promotora de Justiça e, em sua redação, pareceu animada em acompanhar a Copa do Mundo, em 2014, e a Olimpíada do Rio, em 2016, além do próximo pleito presidencial. A amiga Lídia Martins, da mesma idade, aposta que a final da Copa vai ser entre o Brasil e a Espanha, e também sonha com o esporte: quer bater o recorde mundial de natação e pretende aprender nado sincronizado.
A lembrança é algo precioso para os alunos. Além das redações, o professor Valdir enterrou fotos e vídeos registrados durante o ano por ele e pelos alunos. Em um saco plástico à parte, foi embalado o Correio Braziliense do dia. ;É para lembrar os acontecimentos que marcaram o dia de hoje (ontem);, explicou.

Futebol e política
O que a aluna mais jovem da turma, Marcella Rufino, de 9 anos, mais quer ver em 2017, quando desenterrarem as garrafas, são as recordações do quinto ano. ;Eu gostaria muito de abrir a Cápsula do Futuro e rever as nossas lembranças;, afirmou.

Os estudantes também mostraram interesse na eleição de 2014. A opção de Emerson da Costa, 10, está no Partido dos Trabalhadores, mas não na atual presidente. ;Em 2014, gostaria que o Lula se reelegesse;, declarou o menino, acrescentando a vontade de ver o Brasil vencer a Copa em casa. Outro desejo é de que, em 2016, o futebol masculino ganhe o ouro olímpico.

Ludimilla Vitória de Jesus, 11, também tem esperanças em um terceiro mandato para o ex-presidente. ;Em 2017, estarei com 16 anos. Quero ter saúde e espero que o Lula se candidate de novo;, murmurou, tímida.

Recompensa

Aos 11 anos, Denival da Silva pretende ser médico. Mas, para daqui a cinco anos, as esperanças são mais pontuais. ;Estarei com 16 anos, no primeiro ano do ensino médio. Isso se eu não reprovar. Quero ver a Cápsula do Tempo em 2017;, planejou. Ele e Ludimilla não são os mais velhos da classe, que tem a idade média de 10 a 11 anos. Alguns colegas são repetentes e têm sonhos diferentes: vão poder votar na próxima eleição e exercer os direitos de cidadão que o professor Valdir passa a eles nos 200 dias letivos.

O professor conta com a admiração dos alunos e empenha-se para que as aulas de ecologia e cidadania tenham o impacto de que ele gostaria. A recompensa, segundo ele, está em encontrar antigos estudantes anos depois, bem encaminhados. ;Quando eles voltam, fica a sensação de que a semente que a gente plantou cinco anos antes germinou. É por isso que eu continuo na educação. Não é fácil ser professor. Mas eu vejo o resultado do trabalho ao formar cidadãos;, garantiu, emocionado.

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