Ensino_EducacaoBasica

Número de pessoas que trabalham ou estudam em outro município aumenta

Ííndice de pessoas que trabalham ou estudam em cidade diferente da que moram dobrou na última década

postado em 19/12/2012 10:32
Do ano 2000 para 2010, o número de pessoas que estudavam ou trabalhavam em um município diferente do qual moravam subiu 93,9%. Os dados foram divulgados hoje (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na publicação Censo Demográfico 2010: Resultado da Amostra ; Educação e Deslocamento.

No ano 2000, 7.327.041 pessoas faziam esse deslocamento intermunicipal diariamente. Em 2010, o número saltou para 14.357.834. O pesquisador do IBGE Cláudio Stenner explica que a análise do último censo é diferente do levantamento anterior por separar a pergunta sobre trabalho da questão referente ao estudo, além de excluir menores de dez anos. Mesmo assim, o incremento foi grande.

;[O número] quase dobrou. Parte desse aumento, claro, decorre do próprio aumento da população, parte é explicada pelo aumento do emprego formal, parte pelo aumento do processo de metropolização, ou mesmo do crescimento urbano do interior também, o crescimento econômico em geral;, explicou.

Na análise do deslocamento para fins de estudo, dos quase 60 milhões de pessoas que frequentavam escola ou creche em 2010, 7,2% iam para outro município, proporção que aumenta junto com o nível de escolaridade. Desse total, apenas 2% frequentam creche, 29,2%, curso superior de graduação e 32,6%, aulas de especialização de nível superior, mestrado ou doutorado. Se destacam também os 7,3% matriculados em alfabetização de jovens e adultos.

De acordo com Stenner, esse deslocamento para estudo depende muito da oferta e também da qualidade do curso. ;Quando você tem um elevado percentual de pessoas que frequentam escola ou creche em outro município, o primeiro significado que se tem é que aquele curso e aquele serviço têm uma ocorrência no território mais rara, não existe em qualquer lugar. Então, isso faz com que as pessoas tenham que se descolar para outro município para frequentar o curso desejado. Isso é mais comum em curso superior, de pós-graduação, de especialização, mestrado e doutorado.;

A análise destaca também que quanto maior o rendimento maior a proporção de deslocamento. Nas residências com rendimento per capita de até um quarto de salário mínimo, 3,3% das pessoas que frequentavam escola ou creche faziam o deslocamento intermunicipal diariamente. Na faixa acima de cinco salários mínimos, o índice sobe para 15,9%, com destaque para moradores da área rural nessa faixa de rendimento, onde a taxa chega a 32,8%.

O deslocamento diário intermunicipal para ir trabalhar é feito por 12,8% das pessoas, com concentração no grupo de pessoas entre 20 e 39 anos de idade. Para o pesquisador do IBGE, o fenômeno é consequência do crescimento das áreas urbanas.

;O deslocamento para trabalho mostra muito o fenômeno da metropolização, ou mesmo de algumas cidades médias que apresentam processo de conurbação, as áreas urbanas vão se juntando mesmo. O número [de pessoas que se deslocam] é muito grande. São mais de 10 milhões de pessoas, isso, evidentemente, vai ter um impacto forte no planejamento de transporte das regiões metropolitanas;, informou o pesquisador.

Stanner destaca que o deslocamento também reflete fatores não investigados pelo censo, como a distribuição desigual dos postos de trabalho com relação às áreas de residência, o preço do solo urbano e o aumento do emprego formal, que ;faz com que seja possível a pessoa morar em outro município com relação ao trabalho, porque o custo do transporte está embutido no contrato de trabalho;, segundo o pesquisador.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação