postado em 16/01/2013 08:00
Um semestre depois de o Ministério da Educação (MEC) propor uma reforma no ensino médio como alternativa para melhorar o mau desempenho dos alunos, denunciado pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), muito pouco foi feito. No início de dezembro, com quase dois meses de atraso, o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) apresentou ao ministro, Aloizio Mercadante, um pacote de propostas ; algumas de cunho político, como a indicação de 50% das escolas a serem avaliadas. Hoje, o sistema é feito por amostragem. Mercadante garante que o redesenho dos três anos finais do aprendizado básico é prioridade e deve passar pelas reestruturação do currículo, formação dos professores e ampliação do ensino em tempo integral. Especialistas criticam as propostas do Consed e a morosidade do processo.O plano dos secretários é abrangente e reserva aos estados o poder de acatar ou não uma decisão. À União, segundo o texto, cabe viabilizar formas de financiamento para equipar as escolas, capacitar professores, promover programas de mobilidade, dar suporte ao aluno ; como transporte e alimentação ; e apoiar o desenvolvimento de novas metodologias e materiais pedagógicos. A solução do MEC de integrar disciplinas, sugerida em portaria publicada há quase um ano, aparece sem destaque no pacote de ideias, com ressalva ao respeito às questões regionais. ;Tais inclusões, entretanto, devem ser fruto de decisões locais dos sistemas educacionais;, diz trecho do material.
O membro da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE) Mozart Ramos destaca que a alteração curricular, a implementação do tempo integral e a dedicação exclusiva dos professores são mudanças, sugeridas pelo Consed, que faziam a diferença. ;Mas essa reforma é para ontem. Desde 1999 que o nível de aprendizado está estagnado em um patamar muito baixo. Estamos perdendo uma geração de jovens que não se identificam com o ensino médio atual;, alerta. Para ele, o fato de os secretários quererem indicar 50% das escolas a serem avaliadas é uma maneira de ;tapar o sol com a peneira;.
Para a diretora executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, o documento do Consed é um belo diagnóstico da educação atual, mas precisa avançar. ;Quase tudo que foi sugerido compõe as políticas educacionais. É um início, mas não é o bastante para mudança. É preciso uma proposta que diga o que a gente quer para o ensino médio. Que existem muitas disciplinas, todo mundo sabe. Tem que ir além;, critica.
Ao apresentar o bom rendimento dos candidatos cotistas de escola pública no Sistema de Seleção Simplificada (Sisu), o ministro Aloizio Mercadante destacou que, agora, é preciso enfrentar o desafio dos anos finais da educação básica. Segundo ele, os professores receberão tablets para integrar a tecnologia ao ensino, e as propostas do Consed estão sendo discutidas. ;O MEC e o Consed têm de se debruçar em um programa extremamente ousado e corajoso (...) Estamos fazendo um grande esforço nessa direção.; Procurado, o Consed não se manifestou.