postado em 13/02/2013 11:07
Ana Carolina tirou a filha, Ana Beatriz, do colégio particular e a matriculou na Escola Classe 28: mais perto de casa |
Quase 500 mil estudantes retornam às 652 instituições públicas de ensino do Distrito Federal amanhã, para um ano letivo que promete ser conturbado. Sob protestos de pais e professores, as mudanças previstas para a educação básica em pelo menos cinco regionais ; Guará, Santa Maria, São Sebastião, Recanto das Emas e Núcleo Bandeirante ; devem começar a entrar em prática nesta quinta-feira. Isso se as medidas não forem derrubadas pela Justiça ou pelo próprio governador até o fim da semana.
O Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) ajuizou, na última sexta-feira, uma ação contra a urgência na aplicação do sistema de ciclos para os 4; e 5; anos e de semestralidade para o ensino médio. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) também está questionando o atropelo das mudanças e até o governador Agnelo Queiroz admitiu a possibilidade de rever as alterações, o que tem permeado de incertezas essa volta às aulas.
Em reação às mudanças anunciadas pela pasta no fim do ano passado, os docentes já têm paralisação marcada. A categoria fará uma assembleia em 7 de março, às 9h30, na Praça do Buriti. A mobilização está agendada desde dezembro, após reunião no pátio da Câmara Legislativa, quando os professores definiram a pauta de reivindicações para 2013 e rejeitaram a implantação do projeto defendido pelo governo.
De acordo com o diretor do Sinpro-DF, Washington Dourado, mesmo depois da semana pedagógica nas instituições públicas, sobram questionamentos quanto ao semestre letivo que se inicia agora. Isso e a falta de um acordo em relação ao salário e ao plano de carreira podem ameaçar as aulas na rede pública, segundo Dourado. ;O atraso na nossa negociação salarial, que deveria ter saído em setembro do ano passado, e a implantação de todas essas mudanças, sem o devido preparo, pode nos levar a uma greve;, avalia o sindicalista.
Apreensão
Com tantas incertezas pela frente, o sentimento é de apreensão entre os pais e alunos da rede. ;Estamos bem desanimados com esse início de ano. Não temos nada a comemorar;, comenta o presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do Distrito Federal (Aspa), Luís Cláudio Megiorin. ;Vejo uma preocupação muito grande principalmente entre os alunos que estão se preparando para o vestibular. Não precisa ser especialista para saber que não vai dar certo implementar as mudanças dessa forma;, completa.
[SAIBAMAIS]Até o ano passado, a comerciante Ana Carolina Fernandes, 22 anos, não precisava se preocupar com o sistema de ensino da rede pública, já que a filha Ana Beatriz, 5, frequentava instituições particulares. Este mês, no entanto, a garota começa uma nova fase na Escola Classe 28, de Ceilândia, onde irá cursar o primeiro ano do ensino fundamental e, assim, ingressar no modelo de ciclos. ;Resolvemos escolher um lugar mais perto de casa. Eu queria que ela fosse para o Sesc, mas não consegui vaga. Então, escolhi a Escola Classe 28, porque fica mais fácil para a minha avó, que me ajuda com ela;, explicou a mãe da menina sobre a mudança, que, na tarde de ontem, deixou a preocupação de lado e foi curtir o carnaval.
Vale Material Escolar
A partir de 25 de fevereiro, 130 mil alunos da rede pública receberão um novo benefício do governo do DF: o cartão material escolar. O auxílio será fornecido pelo Banco de Brasília (BRB) e atenderá apenas pessoas cadastradas no Bolsa Família. Cada estudante receberá um cartão com créditos de R$ 202 a R$ 323, de acordo com a série em que está matriculado. O dinheiro poderá ser usado em papelarias credenciadas de todo o Distrito Federal durante 90 dias.