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Destino difícil

A história da escravidão no Brasil é muito triste e ainda pior para as crianças escravas

postado em 06/05/2013 18:39
A história da escravidão no Brasil é muito triste e ainda pior para as crianças escravasImagine chegar a uma terra onde você não conhece ninguém ; e nem entende nadica do que as pessoas estão falando ;, ser separado da sua família e então ser tratado e vendido como um bicho qualquer, e ter que trabalhar sem descanso desde manhãzinha até o fim do dia. Um verdadeiro pesadelo, não? Pois assim começava a vida das crianças escravas no Brasil. Nos 125 anos de abolição da escravatura, que a gente comemora em 13 de maio, saiba sobre o dia a dia difícil dessas meninas e desses meninos.

Toda história tem um começo...
... e a dos negros no Brasil é bem triste. Os portugueses começaram a escravizar negros na costa africana no século 15. Eles trocavam essas pessoas por armas, pólvora, fumo e outros produtos com os chefes das tribos, e as levavam em grandes navios negreiros para o Brasil para trabalhar nas fazendas e também fazer serviços domésticos.

Os primeiros navios negreiros chegaram por aqui em 1532, com o navegador Martim Afonso de Sousa. E não tem como se saber muito bem, porque os registros não eram lá essas coisas, mas, de acordo com eles, foram trazidos cerca de cinco milhões de negros para o Brasil entre essa data e 1850. Para alguns historiadores, foram muito mais pessoas. É que os navios vinham tão cheios, e as condições da viagem eram tão terríveis que muitos negros acabavam morrendo. A maioria veio de três grandes grupos: os iorubas, ou nagôs, da região onde hoje fica o Sudão; os muçulmanos de tribos do norte da Nigéria, chamados de malês ou alufás; e os bantos, capturados em Angola e Moçambique, que também eram colônias portuguesas.

Transformados em mercadoria
Quando os negros chegavam ao Brasil, eram vendidos em mercados, como ;coisas; mesmo. E olha que absurdo: os portugueses lustravam seus dentes e passavam óleo na pele deles para a ;mercadoria; chamar mais atenção. Os homens adultos ; quer dizer, naquela época, com 12 anos já era adulto ; valiam mais e trabalhavam nas fazendas sem parar, das 6 da matina até as 10 da noite! Não é à toa que, com uns 35 anos, todo mundo já estava velhinho e acabado.

E esse tratamento de gado não parava por aí. Os escravos também eram marcados a ferro em brasa por seus senhores e, se desobedeciam, eram chicoteados amarrados a um tronco chamado pelourinho. Um senhor de engenho de cana, por exemplo, podia importar até 120 escravos por ano, e uma lei dizia que o número de chibatadas por dia não podia passar de 50.

1888: ano da libertação
A escravidão só chegou ao fim em 1888, e você sabia que o Brasil foi o último país do Ocidente a acabar com esse absurdo? A Lei Áurea, que libertou os escravos, foi assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888.

Antes da tão esperada libertação, veio a Lei do Ventre Livre, em 1871, que dizia que todas as crianças escravas nascidas a partir daquela data seriam livres ; mas como é que um bebê podia ser livre se sua mãe ainda era escrava? Difícil, não? E mais: a lei dizia que a criança tinha que ficar sob a ;proteção; do senhor de sua mãe até os oito anos de idade; então, o senhor poderia libertar a criança (e ganhar uma indenização), ou então manter a criança como escrava até os 21 anos! Tem alguma coisa errada nessa história, né?

Em 1884 apareceu a Lei dos Sexagenários, que libertava os escravos com mais de 60 anos ; o problema é que a maioria não chegava a essa idade para contar história, ou sentir o gosto da liberdade.

Infância sem diversão
Os caçadores de escravos não capturavam muitas crianças, porque elas eram pequenininhas demais para chegar ao Brasil e já começarem a trabalhar. As que chegavam por aqui eram vendidas por um preço bem barato e acabavam sendo compradas por famílias menos ricas ou por senhores que ;criavam; essas crianças para serem vendidas como escravos adultos mais tarde, e ainda ganhar uma grana com isso.

Entre as que nasciam nas senzalas já no Brasil, poucas conseguiam sobreviver, porque ninguém estava nem aí para a saúde dos escravos ; e a mãe tinha que voltar para o trabalho no máximo três dias depois!

As crianças menorzinhas acompanhavam as mães no serviço na lavoura e também viravam meio que ;bichinhos de estimação; das senhoras da casa ; olha que absurdo! ;, que davam pedacinhos de comida ou um carinho para elas, como se fosse o cachorro ou gatinho de estimação que você tem em casa.

Quando chegava aos 7 ou 8 anos, a criançada era colocada para trabalhar mais a sério, e fazia de tudo. Os meninos carregavam guarda-chuvas, trouxas de roupas, velas, faziam compras e levavam recados, e as meninas carregavam os objetos e apetrechos das senhoras, cuidavam de crianças e faziam o serviço de casa. A garotada em geral também buscava o jornal, preparava os cavalos, lavava os pés das pessoas da casa e das visitas, escovava as roupas, engraxava os sapatos, servia a mesa, espantava os mosquitos, balançava a rede, buscava água no poço... UFA! Trabalho era o que não faltava para eles ; até ficarem adultos e serem obrigados a trabalhar ainda mais.

Leia
A Coleção Você sabia? traz os personagens do Sítio do Picapau Amarelo numa aventura inédita em quadrinhos, narrando fatos do período da escravidão e da Proclamação da República.

Você sabia? Abolição da escravatura e Proclamação da República no Brasil

Editora Globo; 96 páginas; R$ 24

Sem choro nem vela
Apesar de pequenininhas e fracas, as crianças recebiam os mesmos castigos dos adultos, ou seja: eram obrigadas a aguentar chibatadas e até usar correntes e máscaras de ferro se faziam alguma coisa ;errada;. O pior é que elas também não tinham nem o direito de chorar em público, e eram obrigadas a esconder as lágrimas.

Você sabia...
... que os filhos dos senhores brancos podiam ter seus próprios escravos? Às vezes, as crianças escravas dos ;sinhozinhos; eram ainda mais novas que os outros molequinhos que eram obrigados a servir.

Nada de escola
Desde o começo da colonização do Brasil, as crianças indígenas podiam ir à escola dos padres jesuítas, mas as crianças negras eram barradas. Além de acharem que elas fossem transmitir doenças contagiosas para os brancos, pensavam que não tinham capacidade nenhuma de aprender.

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