postado em 04/06/2013 10:24
A partir do segundo semestre deste ano, 24 escolas públicas do Distrito Federal receberão profissionais formados em música para ministrar aulas de teoria e prática para os estudantes. A Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEDF) escolheu 16 instituições de ensino em Ceilândia e oito em São Sebastião para dar início ao projeto previsto no Decreto n; 34.267, que foi publicado no Diário Oficial do DF em 9 de abril (confira O que diz a lei). A norma institui a ampliação do ensino tradicional nos colégios da rede. Assim, tornam-se obrigatórias as aulas de musicalização, ou seja, de teoria, e as de prática instrumental, ministradas em horário extraclasse.O projeto-piloto do Brasília Musical começará depois das férias de julho. A ideia é atender todos os alunos dessas instituições nas aulas teóricas e, para o conteúdo prático, criar cerca de 300 vagas destinadas a estudantes que queiram aprender instrumentos de sopro e cordas. Para ministrar as aulas, a Secretaria de Educação vai contar com a ajuda de músicos da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro e da Escola de Música de Brasília. ;Queremos que sejam os jovens formados nessa instituição. Vai ser um chamamento público. Vamos priorizar quem é especializado na parte técnica;, esclareceu Natália de Souza Duarte, assessora da secretaria. Até a próxima sexta-feira, o GDF promete licitar a compra dos instrumentos e, até o fim de junho, os futuros professores serão convocados.
A medida é questionada por representantes do Sindicato dos Professores (Sinpro). Para Cláudio Antunes, diretor de políticas educacionais da entidade, a Secretaria de Educação não tem condições de manter no projeto os alunos da Escola de Música, que ministrarão as aulas. ;Esses jovens vão entrar como monitores bolsistas, receberão R$ 400 por mês. Vão desistir em dois meses, porque isso não paga nem a passagem até as escolas. Tem que adaptar o conteúdo na rede pública, inserir na grade escolar do aluno;, apontou. Para ele, o ideal seria incluir vagas de professores de música, formados em instituições de ensino superior, no próximo concurso da Secretaria de Educação.
O modelo que será adotado, baseado no tradicional El Sistema, projeto venezuelano que criou orquestras por todo país, consistirá na educação com ênfase na parte prática. ;Estamos nos baseando em experiências de outros estados brasileiros, como Ceará e São Paulo. A ideia é dar uma educação musical, não enfatizando a teoria, mas a prática. Brasília é uma referência nacional em música;, explicou Natália.
De acordo com a professora Patrícia Pederiva, da Universidade de Brasília (UnB), não existe diálogo entre a Secretaria de Educação e os acadêmicos sobre essa proposta. ;Temos uma Escola de Música, cursos de pedagogia e de música na universidade e não fomos consultados. Modelos importados não cabem mais na educação;, reclamou a pesquisadora, que é professora da Faculdade de Educação da UnB, especialista em música na sala de aula. ;Isso é uma afronta à educação musical no DF;, acrescentou. Natália Duarte rebate as críticas e diz que o modelo não é incompatível com a proposta da universidade e que a Secretaria de Educação está aberta ao diálogo. Ela acrescenta que a bolsa dos jovens formados pela Escola de Música ainda será definida pela Secretaria de Cultura.
O que diz a lei
O Decreto n; 34.267 instituiu que deverá haver um ensino complementar de música na educação básica das escolas públicas. Assim, as novas aulas não vão prejudicar o conteúdo obrigatório de ensino sobre artes, mas adicionar conteúdo prático e teórico, sendo que o aprendizado com instrumentos é optativo. O conteúdo fica dividido em duas partes: na educação infantil, até o 5; ano do ensino fundamental, as crianças aprenderão práticas de canto e coral, percepção rítmica e prática de instrumentos de sopro. Do 6; ano do fundamental ao último do ensino médio, os alunos terão aulas de prática instrumental coletiva e individual, além de teoria musical.