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Cyberbullying nas aulas de Educação Física é tema de dissertação

Aluna de mestrado pesquisa a relação entre padrões corporais, cyberbullying e mídias sociais

postado em 21/08/2013 19:13
Aluna de mestrado pesquisa a relação entre padrões corporais, cyberbullying e mídias sociaisAs constantes interações físicas e verbais entre os estudantes tornam as aulas de Educação Física momentos propícios à ocorrência do bullying. Pesquisa de mestrado da Faculdade de Educação Física mostra que 40% dos alunos entrevistados em uma escola pública do DF já presenciaram a ocorrência de cyberbullying, utilização da mídia - redes de relacionamento, e-mail, telefone, fotografia, vídeos, por exemplo ; para disseminação de agressões verbais relacionadas às atividades físicas nas instituições de ensino. Além disso, 15% deles confessaram ter cometido cyberbullying contra algum colega nos trinta dias anteriores à pesquisa.

Segundo a pesquisadora Lis Bastos Silvestre, 95% dos alunos entrevistados declararam ter presenciado situações de violência no contexto midiático e 85% deles afirmaram já ter observado algum colega ser vítima de bullying na escola. O bullying caracteriza-se pelos atos intencionais e repetitivos de violência, humilhação, agressão psicológica, praticados por um ou mais indivíduos. De acordo com dados de 2009 da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, na qual se baseou o trabalho, o fenômeno do bullying tem ocorrido com frequência entre crianças e jovens, motivando sentimentos como angústia e sofrimento, passíveis de evolução para doenças mais sérias, como a depressão.

Orientada pelo Professor Alfredo Feres Neto, Lis Bastos Silvestre buscou entender a relação entre a violência do bullying, os padrões corporais e a utilização das mídias sociais como dispersoras dessas agressões. Durante a pesquisa de campo, Lis Bastos conversou com alunos do 9; ano de uma escola pública do Distrito Federal ; meninos e meninas entre quatorze e dezesseis anos de idade.

De acordo com alguns alunos, o cyberbullying é ainda mais violento. Ao contar com o anonimato, o agressor pode ser mais cruel em suas ameaças, insultos, apelidos pejorativos, calúnias, difamações. Na escola pesquisada, Lis Bastos percebeu grande ocorrência do cyberbullying, especialmente por meio da participação dos estudantes em enquetes virtuais. Os comentários em relação aos alunos, professores e demais funcionários da escola eram feitos, principalmente, por meio do Ask.fm, uma rede social de perguntas e respostas anônimas.

MUNDO VIRTUAL
- Com a internet e o advento das mídias sociais, o cyberbullying tornou-se muito mais comum entre crianças e jovens. A maioria dos alunos participantes da pesquisa confirmou a grande inserção das mídias sociais em suas rotinas e afirmou estar boa parte do dia online, já que se conectam à internet pelos celulares. O acesso facilitado torna as agressões mais recorrentes e o controle sobre elas, muito mais difícil já que, em um curto período de tempo, um grande público tem acesso às informações disseminadas.

Segundo a pesquisadora, grande parte das vítimas não denuncia o agressor por sentir vergonha, não possuir recursos para evitar a violência e defender-se, ou por não se sentirem seguras em relação ao apoio dos gestores da escola. A maioria das humilhações, portanto, não é divulgada e nem chega ao conhecimento da direção escolar. Como consequências do bullying e do cyberbullying, a vítima busca o isolamento para se proteger de novos ataques. ;É fundamental que o professor procure minimizar a violência, evitar a exclusão e a agressão entre os alunos e vá além do incentivo à prática esportiva, motivando a socialização e a interação entre os estudantes;, defende a pesquisadora.

A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, feita em 2009, coletou dados relevantes sobre a ocorrência de bullying entre os jovens brasileiros. Realizado com alunos de treze a quinze anos de idade das vinte e seis capitais do país e do Distrito Federal, o estudo revelou que 5,4% dos estudantes sofreram bullying nos trinta dias anteriores à entrevista. Foram constatadas mais vítimas entre os meninos, mas não houve diferenças significativas entre escolas públicas e privadas.

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