postado em 11/09/2013 16:00
O quarto bimestre escolar se aproxima e as preocupações relacionadas ao desempenho dos alunos começam a se intensificar. O fantasma da recuperação e da reprovação leva muitos pais a recorrerem às aulas de reforço. Ao fim do ano letivo, a procura pelo serviço aumenta até 50% na capital federal, segundo estimativa do Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep-DF), e, com isso, o faturamento dos profissionais também é elevado. O valor da hora/aula varia entre R$ 20 e R$ 100 em Brasília, dependendo das necessidades do aluno e da qualificação do professor.
O presidente do Sinproep-DF, Rodrigo de Paula, explicou que não há uma regulação específica para licenciados que dão aulas de reforço. ;Nesse caso, o próprio trabalhador determina quanto é cobrado, porque ele é considerado autônomo. Geralmente, fecham pacotes, para que fique mais em conta para os pais, mas o valor varia de acordo com diversos fatores. Se o profissional é muito recomendado, pode embolsar um pouco mais;, esclareceu.
Rodrigo frisou que apenas docentes com nível superior em sua área de atuação podem dar aulas particulares. ;Acontece muito de alunos desses cursos superiores ou de outros que têm facilidade em determinada matéria oferecerem o serviço, mas, na verdade, eles podem apenas atuar como monitores. É um mercado bem informal, tanto que a maior parte dos profissionais têm outros empregos e dão o reforço nos horários vagos;, destacou o presidente da entidade.
Para ele, o fim do ano é sempre um período de grandes oportunidades para quem trabalha nessa área. ;É nesta época que os pais percebem o desempenho dos filhos e avaliam se ele precisa ou não de reforço. Por isso, a procura aumenta tanto;, ponderou Rodrigo. No entanto, segundo ele, o ideal é que o aluno com dificuldades na escola tenha acompanhamento desde o primeiro bimestre. ;A aula particular ajuda muito nesses casos, mas não é uma garantia se feita em cima da hora. Ainda assim, os responsáveis preferem desembolsar um pouco mais do que desperdiçar as mensalidades pagas durante todo o ano;, justificou.
Procura maior
A servidora pública Karla Souza, 44 anos, moradora do Jardim Botânico, é graduada em letras e pós-graduada em leitura e produção de texto. Apesar de trabalhar oito horas por dia em um órgão público, ela aproveita os fins de semana e as horas vagas para dar aulas particulares de língua portuguesa. Ela confirmou que, nos últimos meses do ano, a procura aumenta muito. ;Em Brasília, o mercado é ótimo para quem trabalha com reforço escolar. No quarto bimestre, os pais ficam preocupados com a recuperação e acabam optando pelo serviço. Em período de prova, o número de alunos aumenta também;, lembrou.
Karla cobra R$ 40 por hora/aula. ;Nesta época do ano, chego a faturar R$ 4 mil com o reforço. Para as mães que me procuram em cima da hora, sou bem franca: não faço milagres. Mas não deixo de ajudar o aluno só porque está na reta final. A melhor opção é que os pais busquem ajuda para os filhos logo que notarem a dificuldade, porque, assim, conseguimos acompanhar melhor;, afirmou a professora. Ela relatou que, na área dela, os alunos têm baixo rendimento em interpretação, escrita e gramática. ;Questões relacionadas ao texto são as maiores reclamações.;
A servidora pública Danielle Diniz, 36 anos, é mãe de Camila, 16, e, preocupada com o desempenho da filha, teve de recorrer às aulas de reforço no fim de 2012. Deu certo. ;Ela sente muita dificuldade em português e, na época, fiquei com medo que reprovasse, porque ela estava indo muito mal. Paguei cerca de R$ 500 em 10 aulas e valeu a pena. Como estuda em colégio particular, ficaria bem mais caro se tivesse de desembolsar tudo de novo. Além disso, perderia um ano inteiro;, disse. ;Neste bimestre, ainda não achei que precisa, mas, se perceber que as notas estão ruins, com certeza vou colocá-la na aula particular novamente. Só tirei porque ela mesmo achou que não precisava mais.;