postado em 18/09/2013 16:00
Dados do Censo do Ensino Superior 2012 mostram que os cursos de licenciatura não atraem estudantes. Divulgado ontem pelo ministro Aloizio Mercadante, o levantamento revela que as matrículas na área aumentaram apenas 0,8%, entre 2011 e o ano passado, e representam apenas 19,1% do total ; bacharelados subiram 4,6% e tecnológicos, 8,5%. O indicador tem reflexo na educação básica, que encara um deficit de 170 mil professores em exatas. Os números preocupam educadores e o Ministério da Educação.Especialista em educação e reitor da Universidade Católica de Brasília, o professor Afonso Celso Danus Galvão destaca que a licenciatura é um problema sério que o ensino superior precisa enfrentar. ;A captação desses cursos tem sido baixa. Por mais que se ofereça descontos, nos cursos de química, física, as pessoas não têm interesse. Não há atração pela docência;, ressalta. Segundo ele, os jovens não querem segui-la porque a carreira não atrai. ;Prevejo uma crise forte na área de ciência. Isso é muito preocupante.;
De olho na insuficiência, o Ministério da Educação lança hoje um programa para incentivar a formação de educadores em exatas, o Quero ser cientista, Quero ser professor. A qualificação dos docentes do ensino superior também é uma das preocupações da pasta. Segundo o censo, 51,4% dos professores da rede pública têm doutorado diante 17,8% da rede particular. ;As instituições avançaram muito nos mestres e terão de avançar nos doutores;, acrescentou o ministro.
Sete milhões
O censo mostrou ainda que o Brasil alcançou à marca de 7 milhões de estudantes matriculados no ensino superior ; aumento de 4,4%, chegando a 7.037.688. De 2010 para 2011, o índice foi de 5,6%. O número de inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ; critério de seleção para essa etapa do ensino ; é semelhante ao do total dos que estão nas universidades: 7,17 milhões. ;Apesar de toda a expansão no ensino superior, temos um número igual batendo na porta, querendo entrar;, comentou Mercadante. Uma das metas da pasta é assegurar a velocidade da expansão compatível com a melhora na qualidade. ;Esse é o maior desafio que temos no MEC;, pontuou.
Para Afonso Galvão, entretanto, é preciso reconhecer que as portas para o ensino superior se abriram ao longo dos últimos anos. O país conta com 17,8% dos jovens com idade entre 18 anos e 24 anos com nível superior. ;Mas a demanda reprimida ainda é enorme. A evasão no ensino médio e a dificuldade da escola na preparação dos alunos para o ensino superior ainda são grandes entraves;, critica.