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Negócio se aprende no colégio

Organização não governamental internacional estimula estudantes do ensino médio a construir projetos inovadores. No Distrito Federal, somente este ano, a parceria entre jovens e empresários resultou em 12 iniciativas

postado em 12/11/2013 14:00
Maria Luisa, Mariana e Lucas Amitele integram a turma, formada por 23 jovens, que inovou na produção de uma capa de celular com papelãoApesar de não fazer parte do currículo tradicional das escolas, o empreendedorismo está presente como disciplina não obrigatória em mais de 150 instituições públicas e privadas do Distrito Federal. A iniciativa faz parte de um projeto da Junior Achievement DF (JADF), organização não governamental internacional, que objetiva despertar o interesse dos estudantes na criação de negócios inovadores, capaz de transformar a realidade onde vivem (leia Para saber mais).

Durante as aulas, ministradas por profissionais voluntários, os alunos do ensino médio são incentivados a abrir miniempresas e criar um produto sustentável para comercialização. Cada empreendimento conta com quatro áreas de gestão: finanças, marketing, recursos humanos e produção. Os jovens desenvolvem o projeto em 15 semanas, com um encontro semanal de três horas. Este ano, a JADF registrou a criação de 12 pequenos negócios nas escolas brasilienses.

Os estudantes do 2; ano do ensino médio do Centro Educacional Sigma Lucas Amitele, Mariana Guimarães e Maria Luisa Liotto, todos com 16 anos, participam de uma das miniempresas da JADF. O grupo de 23 estudantes criou um protótipo de capa para celular com compartimentos que podem ser usados como carteira. O produto é feito à base de papelão. ;O nosso desafio era ter um produto sustentável com baixo custo de produção. Tivemos a ideia de utilizar o material descartado pela escola. Com isso, elaboramos uma mercadoria com custo final ao consumidor estimado em R$ 15;, explicou Lucas Amitele.

O projeto rendeu bons frutos para os estudantes. Antes mesmo do término da disciplina, o grupo recebeu propostas de empresários interessados em adquirir o produto. ;Diante do feedback deles, adaptamos a produção. A nossa empresa teve sucesso e, com certeza, terá lucro;, comemora Lucas. ;Eles aprendem, na prática, como funciona uma empresa, desde o processo de criação à produção, controle de metas, além, claro, do lucro. Alguns projetos não dão certo e os alunos são obrigados a concluir pela falência do negócio;, observa Olívia V;lker Rauter, executiva da JADF.

Benefícios
Para Maria Luisa e Mariana, o maior benefício adquirido com a experiência de criar uma miniempresa foi a escolha da carreira profissional e adquirir conhecimentos, ainda que rudimentares, de administração financeira. ;Aprendi noções básicas de finanças e de como manter o controle dos gastos, ensinamento que vou levar para o resto da vida. Segundo ela, outro aspecto interessante foi aprender a trabalhar em equipe e entender como isso é fundamental dentro de uma empresa. Qualquer coisa que se faça depende do trabalho de outras pessoas;, afirmou Mariana Guimarães. Maria Luisa Liotto disse que, antes de participar do projeto, estava indecisa em relação à escolha da profissão. ;Mas, agora, estou certa da carreira que quero seguir e que está vinculada à comunicação.;

Desde 2004, quando se instalou no DF, a ONG criou 90 miniempresas com a participação de colaboradores e estudantes. Para cada projeto, são necessários quatro voluntários para atuar nas áreas de finanças, marketing, recursos humanos e produção. ;O quadro de colaboradores é formado por professores, empresários e estudantes universitários, que desempenham atividades relacionadas ao tema. Eles são capacitados pela Junior Achievement para auxiliar os alunos do ensino médio. Essa troca é muito boa, porque possibilita o fomento de projetos reais;, detalha Olívia V;lker.

A executiva da Junior Achievement no DF cita a empresa brasiliense de tênis personalizado Muv Shoes como a mais emblemática da experiência do empreendedorismo em sala de aula. ;A empresa surgiu de uma ideia entre voluntários da Junior. Um deles, o Miguel Marinho, diretor comercial da grife, trabalhava com os estudantes por um semestre e saiu daquela experiência com uma ideia inovadora na cabeça. A iniciativa deu certo e culminou em uma empresa de calçados customizados;, conta. ;O Miguel, inclusive, planejava prestar concurso público antes de abrir o negócio;, lembra Olívia. Hoje, a empresa tem representantes em quatros unidades da Federação, além do DF.

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