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Material escolar: orientações e limites

postado em 10/01/2014 16:04
* Daniele Vilela Leite

Todo início de ano é a mesma coisa: o corre-corre dos pais para pesquisar e comprar material escolar para os filhos. A lista varia muito de uma escola para outra e o ideal para economizar é pesquisar bastante os preços e as marcas e, é claro, orientar as crianças e os adolescentes antes de saírem de casa.

Uma boa alternativa também é tentar reaproveitar alguns materiais do ano anterior, tais como mochila e estojo de lápis. Com essa ação mais específica, os alunos poderão começar o ano letivo colaborando com muitas ações sustentáveis realizadas por várias escolas, que estão tentando mudar a cultura ainda dominante de consumismo exagerado e supérfluo.

Atualmente, as papelarias e as grandes lojas do setor fazem de tudo para conquistar pais e alunos. Algumas lojas entregam o material escolar na casa dos clientes, enquanto outras se especializam em encapar cadernos e bordar toalhas com o nome das crianças. Em tempos em que as famílias se sentem cada vez mais desafiadas a equacionar a relação tempo e compromissos dentro e fora de casa, os serviços de entrega de materiais têm sido muito bem-vindos.

Para tentar ajudar os pais neste momento de grande importância na vida escolar das crianças e adolescentes, alguns noticiários exibem reportagens com o tema, ressaltando que, para ;economizar;, uma das grandes dicas é não levar os filhos à papelaria no momento da compra! Ora, ainda que essa dica tenha seus méritos, é preciso analisá-la com cuidado, pois ela pode esconder a fragilidade dos adultos em relação à orientação e à necessidade de impor limites às crianças e adolescentes.

Uma criança bem-orientada em todos os momentos, ao solicitar a compra de algum presente, por exemplo, saberá reconhecer e respeitar esses limites no momento da compra dos materiais escolares. O grande segredo para não ter problemas quanto aos insistentes pedidos das crianças, que tendem a desejar sempre produtos mais caros e de marcas reconhecidas, é trabalhar isso com elas durante todo o tempo. Se esse trabalho de orientação e limites ainda não tiver começado, não desanime, pois você pode iniciá-lo agora mesmo, aproveitando a ocasião de compras de materiais como ponto de partida.

Mas, é preciso ressaltar: a frustração de crianças e adolescentes dentro da papelaria é uma demonstração clara de que há pontos que devem ser melhorados no relacionamento entre pais e filhos ao longo do ano. Hoje, é comum os pais trabalharem o dia todo, deixando as crianças em creches, com avós ou babás. Muitos se sentem culpados por permanecer ausentes o dia inteiro, e, como forma de ;suprir; essa ausência, permitem que seus filhos façam tudo o que têm vontade e não os repreendem porque sentem ;dó; das crianças.

Como se não bastasse, há casos de pais que, para não ter que aturar o choro dos filhos depois de um dia exaustivo de trabalho, acabam cedendo a todas as vontades deles! Já outros, infelizmente, preferem ;suprir; essa ausência presenteando seus filhos com bens materiais (brinquedos, jogos, bonecas, carrinhos, entre outros). Qualquer um desses casos, acredite, pode dificultar não apenas o momento da escolha conjunta dos materiais escolares, mas também muitos outros aspectos que envolvem a vida das crianças e adolescentes.

Bem, depois de tudo isso, resta-nos questionar se estamos, de fato, orientando nossos filhos em suas reais necessidades. Toda criança e adolescente tem direito a receber de suas respectivas famílias as orientações e os limites que tanto farão falta a elas durante toda a vida.

*Daniele Vilela Leite é Orientadora Educacional na empresa
; com grande experiência em trabalhos relacionados à Educação.

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