Com a chegada de um novo ano letivo, comprar o material escolar pode ser até um passatempo. Com tantas opções de cadernos, de estojos, de canetas e de mochilas, meninos e meninas tentam expressar o próprio estilo para os colegas de escola. A bolsa companheira de todas as aulas também pede novidades.
Os diversos modelos de mochila têm sido uma preocupação para Mayana Cristina Dantes, 11 anos. Ela acha que carregar mochila de rodinha é para crianças mais novas. Agora, está decidida a substituir a velha mochila com rodinhas por uma bolsa de costas ou por uma de lado para não pagar ;mico; na escola.
; Todo mundo usa e não quero ficar diferente. É mais bonito e descolado, explica.
Mayana só não trocou a bolsa ainda porque não decidiu a cor e a estampa que quer no novo acessório. Para todas as aulas, ela carrega três cadernos, cinco livros, dois estojos e, às vezes, um livro de literatura. Além disso, leva lancheira. O peso do material escolar ainda não é uma preocupação para ela.
; Minha melhor amiga usa mochila de costas e, às vezes, reclama. Minha mãe falou que vou ficar com a coluna torta quando ficar mais velha. Mesmo assim, não acho que vai ficar pesado para mim.
Juntando o útil ao agradável
Para não carregar muito peso, Rafael César Breder, 12, alugou um armário na escola. Ele mesmo apresentou a ideia aos pais:
; Ficava pesado. Quando eu tirava a mochila das costas, sentia aquele alívio.
Para usar o armário, é preciso ter boa memória, coisa que Rafael não tinha no começo.
; Vivia esquecendo o material da tarefa de casa na escola e tive que voltar para buscar. E já perdi a chave algumas vezes. Agora me acostumei e não tenho mais esse problema. Aproveito os intervalos para trocar os livros e me livrei de vez do peso da mochila.
Rafael usou mochila de rodinhas por muitos anos. Ele conta por que escolheu outro modelo:
; É difícil subir escadas e arrastar a mochila quando tem pedras no chão. Carregar a mochila nas costas é mais prático.
Questão de saúde
Durante a infância e a adolescência, ossos, músculos e articulações ainda estão se formando. Os riscos de ficar com a coluna torta são maiores para quem ainda não é adulto. De tanto carregar uma ;casca de tartaruga; por aí, tem criança que já sente dores. O problema está em carregar uma carga maior do que o corpo aguenta.
Além do desconforto, o uso errado das mochilas pode deixar a coluna mais inclinada para o lado (desvio chamado de escoliose) ou mais encurvada (hiperlordose ou hipercifose). Praticar exercícios físicos e sentar corretamente pode ajudar a não ter esse problema.
O assunto é tão importante que os senadores aprovaram, no ano passado, um projeto de lei que proíbe que o peso da mochila dos estudantes seja maior que 15% do peso de cada um. Os médicos recomendam que a mochila tenha, no máximo, 10% do peso do aluno. Uma criança que pesa 30 quilos, por exemplo, deveria carregar até 3 quilos de material. Se for necessário, peça ajuda a algum adulto para checar ou pesar a mochila para não ter problemas.
* Fonte: Fisioterapeuta Giuliano Martins, diretor regional da Associação Brasileira de Reabilitação de Coluna em Ribeirão Preto (SP) e Curitiba (PR)
Atenção aos detalhes
O primeiro passo para não carregar peso demais é levar somente o que realmente for usar a cada dia. Para usar a mochila de rodinhas, também é preciso tomar cuidado. É melhor não arrastar a bolsa com um braço só para não acumular o peso. Varie. Se no caminho para a escola existem muitas escadas, o modelo de rodinhas pode ser pior.
Para não ter problemas com a mochila de costas, o ideal é usar uma que seja da largura dos ombros, que não vá muito além da cintura, que tenha alças largas e que fique próxima ao corpo. Apoiar a mochila em um ombro só é garantir o incômodo depois de algum tempo. Para mochilas do estilo ;carteiro; ou bolsas, a dica é a mesma dada para as mochilas de rodinha: alterne os ombros, para não forçar um lado só.
Xiii... Estou ficando corcunda
Descubra quais sinais o corpo dá quando há peso demais nas costas:
- Coluna muito inclinada para um lado ou para frente
- Cabeça inclinada para frente, como se estivesse mais pesada
- Um ombro mais alto que o outro
- Joelhos muito esticados
- Queixo levantado para cima
- Bumbum empinado
- Sensação de ter uma perna mais alta que a outra
- Dores ou desconforto nas costas
Se observou um ou mais desses sintomas, peça ajuda ao pai ou à mãe para procurar um médico. Dependendo do caso, a fisioterapia pode resolver o problema e evitar dores maiores no futuro.