Dilma e Afonso imunizaram Mariana e, agora, pensam em fazer o mesmo com o filho, de 11 anos |
A partir de hoje, começa a campanha de vacinação contra o HPV em todo o país. No Distrito Federal, estudantes de 9 a 13 anos serão imunizadas em escolas públicas e particulares. A meta é atender 80% do público-alvo, o que corresponde a 64.882 alunas. O HPV é o principal causador do câncer de colo do útero, que mata cerca de 90 mulheres por ano apenas na capital do país.
A imunização precoce se justifica pela eficácia da vacina. É o que garante a chefe de Vigilância Epidemiológica e Imunização da Secretaria de Saúde do DF, Cristina Segatto. ;O laboratório recomenda a vacinação em organismos que ainda não tenham tido contato com o vírus, para obter uma melhor resposta;, ressalta a especialista.
A vacina será administrada em três doses: a primeira em março, a segunda em maio e a terceira em setembro. Cristina lembra que é importante levar a carteira de vacinação. ;Aquelas que tomaram apenas uma ou duas doses em 2013 podem fazer a continuação agora. E quem não puder comparecer à escola no dia da vacinação (as datas são marcadas pelas instituições de ensino, segundo o calendário de cada uma) deve entrar em contato com a direção para remarcar ou pegar o pedido de encaminhamento para uma unidade de saúde de referência;, esclarece Cristina Segatto.
As estudantes não precisam de autorização dos pais para serem imunizadas, mas, se a família não concordar com o procedimento, é possível solicitar à direção um documento informando a escolha. Cristina Segatto recomenda aos responsáveis que não estiverem seguros que se informem pelas cartilhas disponibilizadas pela Secretaria de Saúde, com a escola ou médicos de confiança, antes de tomarem uma decisão.
Receosa quanto aos efeitos da vacina, a esteticista facial Cristiane Rodrigues, 42 anos, não autorizou a imunização da filha Camila Ventura, que completou 12 anos em outubro do ano passado. ;Consultei três médicos a respeito. A pediatra e a ginecologista especializada em crianças recomendaram a vacina. Mas a endocrinologista com quem ela fazia um tratamento orientou que esperássemos mais um ano para analisar as reações e as respostas, já que é algo novo;, lembra.
O primeiro impulso de Cristiane foi autorizar a vacina. No entanto, viu que algumas colegas da filha reclamaram de dores de cabeça ou fraqueza e decidiu procurar os especialistas. Hoje, mais tranquila, só pensa na importância da ação. ;Eu mesma tomei quando a vacina foi lançada. Na época, paguei R$ 389 em cada dose. Agora, o SUS (Sistema Único de Saúde) está fornecendo;, avalia. No Brasil, mais de 4 milhões de meninas devem ser imunizadas.
Prevenção
No ano passado, a cobertura vacinal no DF atingiu 93,9% da meta na primeira dose; 94,15%, na segunda; e 88,87%, na terceira. A servidora pública Dilma Maria de Melo, 56 anos, viu a importância da prevenção antes mesmo que a vacina se tornasse disponível de forma gratuita. ;Levei minha filha, Mariana, para vacinar no fim do ano retrasado, quando ela tinha 12 anos;, conta. As três doses, tomadas em uma clínica particular, custaram R$ 1.100. Ela e o marido, o bancário Afonso Celso Magalhães Ferreira, 57, agora pensam em vacinar, também, o filho, de 11 anos.
A professora Érica Moura, 36 anos, tem um motivo ainda mais forte para se preocupar com a filha Thainara, 13 anos, no que se refere ao HPV. ;Uma amiga da nossa família faleceu após desenvolver câncer de colo do útero, em decorrência do vírus;, lamenta. No ano passado, assim que a vacina se tornou gratuita, Thainara tomou as três doses. ;Acredito que é importante não só incentivar as crianças a vacinarem, mas conversar com elas sobre prevenção e explicar como devem se proteger de doenças sexualmente transmissíveis em geral;, opina Érica.
Fique atento
Quem pode tomar a vacina?
Meninas de 9 a 13 anos
Onde?
Em todas as escolas públicas e privadas do DF
Quando?
A primeira dose em março, a segunda em maio e a terceira em setembro
; Para obter informações, ligue no 3323-7461 ou entre em contato com a direção da escola
Para saber mais
Contágio
e proteção
O vírus HPV é a principal causa do câncer de útero, terceiro maior tipo de tumor que atinge mulheres ; fica atrás apenas do câncer de mama e de cólon e reto. A transmissão se dá por contato direto com o local infectado, sendo a via sexual a forma mais comum de contágio. Quando a infecção persiste, ela pode resultar no desenvolvimento de lesões que progridem para o câncer, principalmente no colo do útero, mas também na vagina, na vulva, no ânus, no pênis, na orofaringe e na boca. Também pode ser transmitido da mãe para filho no momento do parto. O uso da camisinha durante o ato sexual não protege totalmente da infecção pelo HPV, pois não cobre todas as áreas passíveis de contaminação. Os sintomas visíveis são verrugas na pele e nas regiões anal, genital, da uretra e oral (como lábios, boca e cordas vocais). Dois exames capazes de detectar o vírus e o tumor são o papanicolau ; disponível na rede pública ; e a videocoloscopia, que permite visualizar o colo do útero.