postado em 19/03/2014 11:16
Com as palavras de ordem ;Eu quero professor, sim; o dinheiro do meu pai não é capim;, alunos do Centro de Ensino Gisno, da Asa Norte, promoveram, ontem, uma manifestação para exigir um posicionamento, por parte da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEDF), quanto à falta de professores desde o início do ano letivo. Um dos organizadores da caminhada, Douglas Bezerra Brito, 18 anos, presidente do grêmio estudantil e aluno do 3; ano do ensino médio, explica que após diversas tentativas de resolver o problema internamente, os estudantes se cansaram do descaso do governo e optaram pelo protesto como forma de chamar a atenção das autoridades.;Mandamos vários ofícios para a Secretaria de Educação por meio da nossa direção e nada foi feito. Estamos procurando uma forma de sermos ouvidos;, justifica Douglas. A manifestação não ficou restrita ao Gisno. Alunos do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 104 Norte aproveitaram o momento para reivindicar contra a falta de livros no colégio. Pais e um professor do Gisno também estiveram presentes ao protesto, que desceu da 907 Norte ; com paradas rápidas na W3, Eixão, Eixinho e L2 ; até o prédio da Secretaria de Educação, na 607 Norte.
Os manifestantes queriam representantes do governo e conseguiram. O subsecretário de Gestão dos Profissionais da Educação, José Eudes Oliveira, e a subsecretária de logística da SEDF, Reuza Souza Durço, receberam um pequeno grupo de alunos, enquanto a manifestação se dispersava aos poucos do lado de fora. Os alunos informaram que o encontro foi positivo e que o governo se comprometeu a resolver as duas situações. De acordo com Douglas, a Secretaria afirmou que vai convocar professores disponíveis no quadro e buscar até mesmo profissionais alocados em outras regionais de ensino para suprir a necessidade imediata do Gisno.
Já no caso do CEF 104 Norte, o presidente do grêmio, João Pedro Soares Silva, 16 anos e estudante do 9; ano, informou que o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão responsável pela compra de livros, enviará cópias do material a ser utilizado ainda neste bimestre, em um prazo de 40 dias úteis para a entrega. Reuza Souza Durço elogiou a iniciativa dos estudantes. ;O movimento é legítimo, estamos preparados para receber vocês. Parabéns pelo movimento e podem ter certeza de que o problema de vocês será resolvido;, discursou a subsecretária.
Problema recorrente
A falta de professores não é problema exclusivo do Gisno. O aluno Gustavo Eduardo de Souza Pereira, 11 anos, estudante do 5; ano do Centro de Ensino 29 do Gama, tem sido mandado para casa quase diariamente por falta de professor. ;Desde o início do ano, se o Gustavo teve 12 aulas, foi muito;, reclama Aldair José Pereira de Almeida, 50 anos, pai do menino. O mecânico garante que a turma do filho não é a única da escola que sofre com as ausências. O morador do Gama afirma que a maioria das pessoas ali é carente e precisa trabalhar o dia todo. ;Enquanto isso, a criança fica sozinha, não tem aula e acaba indo para a rua, onde pode se envolver com o mundo das drogas;, afirma.