A vulnerabilidade de funcionários das instituições de ensino revela-se aos poucos. Alguns resistem em contar a rotina de medo. ;Ameaça? Sim, já recebi. Faz duas semanas. Entrou um indivíduo fumando (maconha) e com um revólver. Pedi para sair e ele se negou. Veio o diretor e nada. Com muito custo, ele aceitou (sair da escola). Foi botar o pé aqui fora, ele me olhou e disse: ;Abre teu olho. Você vai amanhecer com a boca cheia de formiga;, revela Silvio (nome fictício), 57, porteiro de uma escola de Ceilândia.
A delegada Mônica Ferreira, chefe da Delegacia da Criança e do Adolescente I (Asa Norte), alerta que os rompantes dos jovens não devem ser encarados como ;coisa de adolescente;. ;Uma psiquiatra do Instituto Médico Legal diz que o jovem é ;I,I,I;, ou seja, inconsequente, imprevisível e imprudente. O adolescente age de rompante quando é contrariado, faz as coisas como se não houvesse amanhã;, analisa Mônica. Independentemente do público atendido e dos atos infracionais praticados, os delegados das DCAs concordam em um ponto: as ocorrências envolvendo a comunidade escolar seriam menores se os pais conseguissem impor limites aos filhos. ;O jovem não respeita o próximo. Isso advém da má formação da pessoa, da falta de valores morais e da desestruturação familiar;, avalia Amado Pereira, chefe da DCA II (Ceilândia).
A degradação das relações também é apontada pelo presidente da Associação dos Pais e Alunos das Instituições de Ensino do Distrito Federal (Aspa-DF), Luis Claudio Megiorin. ;Quando um aluno não respeita o professor é porque não respeita os próprios pais em casa;, acredita. Rosilene Corrêa, diretora do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF), reforça que a agressão por parte dos pais é rotineira. ;Não é raro pais e mães de aluno ultrapassarem a fase do diálogo;, diz. ;As escolas acabam desenvolvendo programas isolados. Não há uma política conjunta.;