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Seminário discute resultados da educação e competências para o trabalho

Evento ocorre no auditório do Inep, em Brasília, e termina no fim da tarde desta terça

postado em 29/04/2014 12:01
A palestra de abertura foi apresentada por Andreas Schleicher: lições de políticas internacionais a partir do PisaTeve início, na manhã desta terça-feira (29/4), o Seminário Internacional Pisa e Piaac: melhores competências e melhores empregos. O evento, que ocorre na sede do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), em Brasília, discutirá as melhorias necessárias no ensino para que os cidadões possam desenvolver competências essenciais para um bom desempenho no mercado de trabalho, como aptidões em leitura, escrita, matemática e o uso de tecnologias da informação e comunicação.

A primeira apresentação do seminário foi sobre as lições de políticas internacionais que podem ser obtidas a partir dos resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês). Quem aprensentou o palestra foi Andreas Schleicher, diretor-adjunto de Educação e Competências da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Os dados mostram, por exemplo, que os estudantes brasileiros não têm confiança suficiente na própria performance, situação bem diferente da encontrada na China, onde, além de terem ótimo desempenho na avaliação, confiam muito nas próprias habilidades.

Andreas lembrou ainda sobre a importância do incentivo dos pais. Qualquer compartilhamento da vida escolar dos filhos têm impacto no desempenho deles, independentemente do grau de escolaridade desse pai. "A simples pergunta ;Como foi a escola hoje?; já tem impacto na performance", afirmou o especialista.

Outro ponto destacado pelo diretor no evento foi a importância de se compartilhar experiências de sucesso no ensino, tanto entre escolas quanto entre professores, e a autonomia das escolas. Os dados da OCDE mostram que quanto maior a responsabilidade dada à escola, melhores são os resultados. No entanto, esse sucesso depende de alguns fatores: participação ativa da comunidade e dos professores no processo e alto grau de transparência. Ou seja, não adianta dar autonomia às escolas se todas as decisões ficam centralizadas no diretor ou se não estão claras e públicas as informações sobre o que é feito no ambiente escolar.

Investimento
Os dados apresentados por Andreas mostraram ainda que o investimento em educação no Brasil têm crescido significativamente nos últimos anos e que muitas melhorias no ensino do país podem ocorrer com mais dinheiro. No entanto, ele lembrou que, em alguns anos, essa não será mais uma solução e será preciso pensar em como evoluir a partir daí. Um dos passos mais importantes, segundo Andreas, não só para o Brasil como para todos os países é ter coerência entre políticas públicas e práticas de ensino, responder a questão: "Como você garante que o que você faz hoje se ajusta ao que você fará no futuro".

No fim da apresentação, o secretário executivo do Ministério da Educação (MEC), Luiz Cláudio Costa, também falou sobre os resultados do Brasil na educação. Ele lembrou que um dos grandes desafios do país é aumentar o número de jovens no ensino médio, uma vez que muitos dos que deveriam estar nesta etapa do ensino estão atrasados no ciclo escolar e ainda cursam o ensino fundamental. "Precisamos de um grande esforço para ter esses jovens de 15 a 17 anos no ensino médio", disse.

Encerramento
O seminário continuou à tarde, a partir das 13h30, com palestras que discutiram os resultados da Pesquisa de Competências de Adultos (Piaac) e com um painel de discussão sobre as implicações desses competências nas políticas de educação e de formação. O encerramento foi às 17h.

No fim do evento, o presidente do Inep, José Francisco Soares, explicou que o governo ainda está avaliando a possibilidade de o Brasil participar do Piaac e ter as competências de adultos avaliadas. Caso isso ocorra, ele afirma que será necessário um esforço conjunto e que, além do Inep, outros órgãos, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), devem participar da coleta de dados e do desenvolvimento da pesquisa.

Para o presidente, no entanto, foi importante para o país sediar o evento e ter a oportunidade de participar da discussão conceitual e se preparar para mudanças do futuro. "O estudo mostra uma experiência maior de alguns países que na liderança e que estão recebendo uma geração menos preparada para o mercado de trabalho", disse.

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