postado em 15/05/2014 17:56
O Centro Educacional (CED) 104, em Recanto das Emas, recebe, até sexta-feira (16/5), o projeto Soma. A iniciativa dialoga com professores e estudantes sobre preconceito e discriminação por meio de oficinas de artes, palestras, sessões de cinema, esportes e shows.A estudante do 1; ano do ensino médio do CED 104, Cleyce de Souza, 15 anos, participou de oficinas de dança e relata que a experiência serviu para diminuir as barreiras entre os colegas. ;Na dança, houve uma boa interação. Consegui conversar com pessoas de grupos diferentes, com que não falo normalmente;, conta.
O projeto teve início em outubro do ano passado no CED 1 (Centrão), em Planaltina, e, até o fim deste ano, ainda vai passar por escolas de São Sebastião e Ceilândia. As atividades culturais têm como foco discutir questões de preconceito e violência, além de buscar a socialização e a conscientização dos adolescentes sobre os temas.
Entre os 1,6 mil alunos da escola de Recanto das Emas, alguns contam que já passaram por situações de bullying. A estudante do 1; ano, Flávia Maria, 17 anos, diz que já foi agredida verbalmente por estar acima do peso. ;Há dois anos, antes de emagrecer, eu sofria com xingamentos como ;gorda;, ;baleia; e outras coisas que me afetavam e me fizeram querer perder peso;, afirma.
A professora de português, Zenilda Gonçalves, 37 anos, comenta que já presenciou cenas de violências verbais no colégio. ;Acontece principalmente entre as meninas. Elas não respeitam as diferenças umas das outras;, reclama. Zenilda participou de oficinas de capacitação sobre gênero, homofobia e racismo. Segundo a professora, ela já trata sobre preconceito em sala por meio de textos e redações, agora pretende levar o conhecimento das oficinas para a aula.
O professor de história, Peterson Mendes, 33 anos, também debate sobre discriminação em suas aulas. ;Além da história tradicional, tento apresentar histórias das minorias para os alunos, falo sobre pobreza, violência, classes e preconceito;, conta. Mendes acredita que projetos desse tipo são postivos e importantes, mas reclama da falta de continuidade: ;Temos que pensar em políticas de prevenção, além da remediação ou de uma ação pontual;.
Mudança
A artista e organizadora da iniciativa, Tuka Villa-Lobos, conta que na escola anterior percebeu algumas mudanças. ;Depois do Soma ter passado pelo colégio de Planaltina, os casos de violência, principalmente por homofobia, diminuiram 70%. O resultado foi muito gratificante;, afirma.
Segundo Tuka, com o material captado durante as etapas do projeto, a equipe do Soma vai desenvolver um documentário sobre bullying. O evento começou na quarta-feira (14/5), em Recanto das Emas, e termina na sexta-feira com um show aberto ao público, a partir das 14h, quadra do CED 104. Entre as atrações, estão coral de estudantes da escola, os cantores Renata Nayara e Marcão Aborígenes, além do grupo de dança DF Zulu Break. Informações no site .