O Colégio Marista de Brasília promoveu na última sexta-feira (30/5) encontro para apresentar trabalhos criados por 126 alunos do 2; ao 5; anos do ensino fundamental. Os estudantes fazem parte do Projeto Potencializando Habilidades (PPH). A iniciativa envolveu estudantes de 6 a 11 anos escolhidos devido ao alto desempenho escolar ou quociente de inteligência (QI) elevado. O objetivo do projeto é fomentar as habilidades e expertises das crianças em áreas em que elas possuam interesse ou se destaquem.
Foram oferecidas três oficinas aos alunos: múltiplas linguagens, que conta com 51 estudantes e ressalta a criatividade, imaginação e o aproveitamento de materiais como jornais; Pequenos Cientistas, que incentiva pesquisa, análise e experimentação científica para 33 jovens; e High Tech Mirim, que conta com 42 alunos que desenvolvem e programam jogos on-line. Para participar das oficinas, devido à limitação das vagas, a escola optou por escolher apenas as crianças que possuíam notas excelentes ou alto QI. O evento envolveu a família e o colégio para apresentar o que foi desenvolvido pelas crianças ao longo de oito encontros, todos realizados às sextas-feiras.
Pequenos prodígios
Rafael Mello, 9 anos, aluno do 5; ano e participante da oficina High Tech Mirim, destaca que, antes de começar o projeto, ele não sabia quais eram os passos para desenvolver um jogo on-line. "O professor explicou como era feito o cadastro no site do jogo que criamos. Eu não fazia ideia de como era criar um jogo", completa. Segundo ele, o resultado final foi surpreendente. "Eu achava que o jogo on-line não fosse ficar tão legal, mas, na verdade, ficou muito mais emocionante do que eu imaginava".
Segundo Daniel Maroccolo, 8 anos, aluno do 4; ano e colega de Rafael na oficina High Tech Mirim, cada aluno desenvolveu um jogo diferente. "A coisa engraçada é que, apesar de eu ter criado o jogo, eu não consigo passar do segundo estágio do nível um, sendo que todos os meus amigos passaram", diz entre risos.
Para Rafael Mello, Daniel Maroccolo e Pedro Argenta, 10 anos, estudante do 5; ano, criar o jogo foi fácil. "A parte mais díficil foi a de arrumar os detalhes, como um morrinho que eu tive que fazer no jogo, que era um obstáculo", disse Pedro. "O jogo está ficando popular na escola", explicou Rafael. Já teve um aluno, do grupo de ciências, que pediu para Rafael liberar o acesso dele ao jogo. Os jogos são acessados por quem tem login e senha determinado pelos criadores.
Para a estudante Catarina Barreto, 9 anos, aluna do 5; ano e uma das responsáveis pela exposição "Mais que palavras" ; que faz parte da oficina de múltiplas linguagens ;, participar dessa oportunidade foi incrível. "Muitas vezes, a gente pensa em utilizar jornal apenas para a leitura, mas nos esquecemos que é possível fazer muito mais coisas que isso. É preciso apenas usar a criatividade", disse. Segundo ela, a inspiração para a exposição veio da exibição da artista Yayoi Kusama, que ficou exposta no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) até o final de abril deste ano na capital.
Por sempre ter tido afinidade com desenho e habilidades manuais, Catarina diz que, após receber o convite da professora de artes do colégio, ela decidiu se inscrever na oficina. Para ela, a criatividade não tem limites. A jovem já construiu um cofre de guardar dinheiro com jornal e inclusive presenteou a professora de artes com um porta-lápis feito por ela. "Eu adoro transformar materiais que as pessoas acham que só podem utilizar para fazer um tipo de coisa." Segundo a menina, o mais difícil de toda a exposição foi guardar segredo. "Eu não pude contar para os meus pais, nem para os amigos como seria a mostra. Foi segredo total", completa.
Na exposição, os alunos fizeram de desenhos de dragões a flores em cima de jornais. Além disso, deixaram a imaginação e a criatividade fluir ao criar escudos, cachorros, espadas e cadeiras ; tudo feito com jornais. Um dos destaques da exibição foi um quadro negro colocado para que os espectadores deixassem recados para os expositores e professores que idealizaram o projeto.
Gabriela Vilaça, 9 anos, estudante do 4; ano e colega de Catarina na oficina de múltiplas linguagens, decidiu se inscrever no projeto porque gosta de usar a criatividade. "A oficina deu muito trabalho, mas eu espero que as pessoas gostem porque queríamos mostrar como é possível modificar as coisas com imaginação", diz. Além de desenhar, a jovem adora escrever histórias e, inclusive, já possui dois livros publicados e outro que está em fase de produção.
Isadora Aires, 10 anos, estudante do 5 ; ano e participante da oficina Pequenos Cientistas, achou a experiência muito divertida. "O principal objetivo da nossa pesquisa era observar a eficiência do álcool comercial nas bactérias. A gente queria ver se ele acabava com as bactérias", acrescenta. Segundo ela, o interesse por ciências é tão grande que Isadora e mais quatro amigas que participaram da mesma oficina, Heloísa Simões, Clara Ramos, ambas de 10 anos, e Sofia Mota , 9, todas estudantes do 5; ano, pensam em formar um grupo de cientistas quando crescerem.
Orgulho para os pais
Para a advogada Daniela Maroccolo, 45 anos, mãe de Daniel Maroccolo, participante da oficina High Tech Mirim, o projeto é muito interessante. "Superou minhas expectativas. Eu achei fantástico. O Daniel esteve muito focado durante todo o tempo para criar o jogo. O único problema é que o meu filho não tem muita paciência para esperar eu jogar", completa, entre risos.
Alexandre Nunes, cientista da computação e pai de Catarina Barreto diz que o projeto é envolvente. "Eu estava muito curioso esperando por essa exposição. A Catarina é um orgulho para a família. Eu adoro as coisas que ela faz", acrescenta.
Futuro do projeto
Para Roberta Guedes, 42 anos, coordenadora do Projeto Potencializando Habilidades do Colégio Marista, "os impactos pedagógicos e sociais nos alunos que participaram e nos colegas que viram o crescimennto deles é surpreendente". Por isso, para o segundo semestre deste ano o projeto continuará, mas desta vez o número de vagas oferecidas será de 300.