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Protesto na volta às aulas

Merendeiras e funcionários de limpeza cruzam os braços no retorno às atividades da rede pública. Manifestação em frente ao Buriti provocou congestionamento no Eixo Monumental. Secretaria de Educação promete pagar hoje parte dos benefícios atrasados

Ailim Cabral
postado em 15/07/2014 11:46

Cerca de 300 pessoas se reuniram em assembleia na Praça do Buriti, na manhã de ontem: terceirizados reivindicam o pagamento de benefíciosA paralisação de funcionários terceirizados responsáveis pela limpeza e pelas cozinhas das escolas públicas prejudicou a volta às aulas e causou congestionamento no Eixo Monumental. De acordo com a Polícia Militar, ao menos 300 pessoas se reuniram em frente ao Palácio do Buriti, no início da tarde de ontem, fechando parcialmente a via e prejudicando o tráfego de veículos. A manifestação teve início às 7h30 e só terminou por volta das 17h, após uma reunião de negociação com a Secretaria de Educação (SEDF). O trânsito ficou complicado por volta das 12h, e também no fim da tarde.

Este é o quarto ato realizado em 2014 pelo Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio, Conservação, Trabalho Temporário, Prestação e Serviços Terceirizáveis no Distrito Federal (Sindiserviços). De acordo com o diretor de Comunicação do Sindiserviços, Antônio de Pádua, a manifestação tem por objetivo tentar coibir os atrasos constantes nos salários e nos benefícios: tíquete-alimentação e vale-transporte. ;Precisamos parar esses atrasos que já duram oito meses. Tem gente que corre o risco de ser despejada, de ir para a cadeia por não pagar pensão alimentícia;, afirmou.

As três horas de reunião entre representantes da SEDF e do Sindiserviço, ontem à tarde, não resultaram em acordo definitivo. O GDF prometeu pagar hoje um dos tíquetes-alimentação e o vale-transporte e marcou para quinta-feira outro encontro a fim de negociar a quitação do vale-refeição restante. Segundo a presidente do sindicato, Maria Isabel Reis, os trabalhadores se reunirão hoje pela manhã para decidir se a paralisação continua ou se voltam ao trabalho. Ela diz que cerca de 1,3 mil funcionários estão de braços cruzados.

De acordo com nota da Secretaria de Educação, 654 escolas e cerca de 472 mil alunos reiniciaram as atividades ontem, mas ainda não há informações sobre as unidades que foram afetadas pela paralisação. Segundo o Sindiserviços, colégios de Planaltina, Guará, Sobradinho, Paranoá, São Sebastião, Gama, Santa Maria e Plano Piloto foram prejudicados por causa do movimento. Mas a categoria não informou o número de colégios atingidos.

Memória

Tiro no pátio

Em 28 de fevereiro de 2014, um adolescente foi baleado no pátio do Caseb, na 908 Sul. Após levar um tiro nas costas, o jovem foi encaminhado para o Hospital de Base, onde passou por cirurgia para a retirada do projétil. O jovem que efetuou o disparo, assim como a vítima, era aluno do colégio.

Polícia faz ação educativa


O frio da manhã de ontem e o último fim de semana da Copa do Mundo, com mais uma derrota da Seleção, parecem ter desanimado as crianças e os jovens no retorno às aulas. O estudante do 9; ano Leonardo Barreiro, 14 anos, chegou atrasado e com cara de sono ao Centro Educacional Caseb, na 908 Sul. ;Poxa, estou na maior alegria;, afirmou, ironicamente, sobre o primeiro dia de aula.

Uma equipe do Batalhão Escolar (BPesc) estava na entrada do colégio, onde um aluno foi baleado no início do ano (veja Memória), promovendo ação contra a violência nas escolas. O grupo de teatro da Polícia Militar orientou os alunos a atravessarem na faixa de pedestres, fazendo brincadeiras e entregando folhetos sobre segurança nos colégios. Em todo o Distrito Federal, cerca de 500 policiais e 80 viaturas acompanharam a volta às aulas.

De acordo com o comandante do BPesc, tenente-coronel Fábio Sousa Lima, os esforços da corporação são de prevenção à violência. ;O objetivo é impedir que uma discussão em sala de aula se transforme em um ato infracional. A prevenção vem com esse trabalho educativo;, afirma.

Apesar do desânimo com o início do semestre, Leonardo Barreira afirma que se sente mais seguro com a presença dos policiais na escola. ;Sempre tem algum problema. As pessoas não sabem conviver em grupo, mas, com eles (policiais) aqui, melhora bastante;, afirmou o estudante. Jorge Walison, 13 anos, concorda com o colega. ;É importante (a ação dos policiais). Aqui é perigoso. Se um carro atingir um aluno, pode machucar muito. Ter a polícia aqui deixou bem mais seguro;, disse.

Diferentemente dos dois colegas, Daniel Mota, 14 anos, estava empolgado para o primeiro dia de aula. ;Senti saudades, e não gostei da Copa porque o Brasil não foi campeão;, explicou. O jovem conta que já foi assaltado nas proximidades da escola e passou a se sentir melhor com a presença do BPesc.

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