postado em 06/11/2014 20:30
De acordo com levantamento publicado nesta quinta-feira (6), 27% dos pais ou responsáveis investem no vínculo com as crianças, mas têm fraco envolvimento na rotina escolar dos estudantes. Entre eles, 95% procuram conversar com a criança ou jovem quando notam algum comportamento diferente, mas somente 20% dizem conversar com outros pais sobre a qualidade da escola. Apenas 12% dos responsáveis são considerados comprometidos, ou seja, dão valor tanto à educação quanto à ligação afetiva com os filhos. As conclusões são da pesquisa Atitudes pela Educação, que entrevistou mais de 2 mil famílias com filhos entre 4 e 17 anos de todo o país. O segundo perfil mais comum, correspondente a 25% do total, é o de pais que valorizam os méritos escolares, mas mantém relação menos próxima com a criança ou jovem. São 19% os chamados distantes - pais que não se relacionam com outros pais e com a escola e dão pouco espaço para o diálogo com as crianças e jovens. Nesse perfil, apenas 37% dos entrevistados ajudam na organização do material a ser levado para a escola e somente 20% afirmam conversar com a criança ou jovem sobre os potenciais talentos e preferências que têm. Por fim, 17% dos pais estão em posição intermediária, em que há equilíbrio entre valorização e vínculo, porém, em grau mais baixo do que o do grupo dos comprometidos. Entre eles, 70% diz conferir se a criança fez a tarefa e 69% incentiva a prática de esportes ou a participação em eventos culturais.
"A valorização é composta por atitudes e práticas mais relacionadas ao cotidiano da vida escolar, como checar a lição de casa, levar à escola e ir buscar, ir às reuniões de pais e conversar com os professores, e que demonstram a importância que o adulto dá à educação, como colocá-la como prioridade, conversar com a criança ou o jovem sobre o que quer estudar e em que quer trabalhar no futuro. Já o vínculo considera comportamentos e ações ligados ao relacionamento afetivo desses pais e responsáveis com a criança ou o jovem - também apontado em estudos como fator importante para o aprendizado -, como dialogar sobre as preferências e opiniões deles e passar momentos juntos dentro e fora de casa", explica Alejandra Meraz Velasco, coordenadora geral do movimento Todos Pela Educação, uma das instituições responsáveis pela pesquisa.
Equilíbrio
A consultora de moda Juliana Rodrigues, 33 anos, procura saber tudo o que acontece na vida escolar do filho, Nathan de Andrade Silva, 6. "Faço dever de casa com ele todos os dias. Apesar de ele estar no 1; ano, ele já tem uma semana de provas, então também fazemos revisão juntos nesse período. Às sextas-feiras, a escola tem um projeto em que os alunos levam um livro para ler em casa durante o fim de semana. Sempre leio com ele", resume.
Além de acompanhar as atividades, Juliana busca manter diálogo aberto com o filho. "Conversei muito com ele no início do ano para explicar sobre o colégio novo porque no primeiro bimestre ele ainda não gostava muito da escola e sentia falta dos amiguinhos. Também busco saber como ele foi na provas, é a primeira pergunta que faço quando ele faz uma avaliação", diz.
A mãe também costuma discutir a educação do filho. "Discuto bastante com uma prima que mora nos Estados Unidos e que tem filho de idade próxima à do Nathan. Ela não muito concorda com essa pressão para fazer alfabetização que existe aqui. Lá, as crianças nessa idade ainda vão para escola quase só para brincar. Eu acho que a criança tem de ter uma rotina de estudos desde cedo", opina.
Perfil dos entrevistados
Quanto ao perfil dos responsáveis pela vida escolar das crianças e jovens com idade entre 4 e 17 anos, a pesquisa revelou que a maioria é composta por pais e mães (84%), seguido por avôs e avós (11%). Outro dadomostra que 24% dos responsáveis entrevistados são filhos de pais e mães sem nenhuma escolaridade, cerca de 1/3 são filhos de pais e mães com ensino fundamental incompleto e somente 1 em cada 10 é filho de pais e mães com ensino médio completo ou educação superior.
Em relação ao tamanho da família, mais da metade das residências (61%) tem até quatro moradores, sendo que o número de crianças e jovens que frequentam a escola é mais que um em 49% das casas. A renda familiar é de até dois salários mínimos em 60% dos casos apurados. A pesquisa Atitudes pela Educação foi realizada a partir de uma parceria entre movimento Todos Pela Educação, Fundação Itaú Social, Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, Fundação Roberto Marinho, Instituto C e Instituto Unibanco, realizada pelo Instituto Paulo Montenegro e o IBOPE Inteligência.