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Negociação com professores

Servidores voltam ao Palácio do Buriti para reclamar da falta de pagamento de benefícios salariais, mas saem de encontro sem garantias. Professores indicam que podem adiar o início do ano letivo. Secretaria da área fará reunião hoje

postado em 07/01/2015 11:33


Cerca de 250 manifestantes estiveram na praça em frente ao Buriti e foram recebidos pelo governo, mas saíram sem esperança (Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)
Cerca de 250 manifestantes estiveram na praça em frente ao Buriti e foram recebidos pelo governo, mas saíram sem esperança

"Pode ser que nem iniciemos o ano letivo. Na sexta-feira passada, as férias deveriam ser depositadas, mas nada. São 24 mil professores sem o benefício. Este será um início de ano temeroso" Cláudio Antunes, diretor do Sinpro



Mais um dia de manifestação dos servidores do Governo do Distrito Federal (GDF). De novo, sem solução. Funcionários da educação foram novamente para a frente do Palácio do Buriti, na manhã de ontem, reivindicar o pagamento de benefícios atrados. Os cerca de 250 manifestantes, segundo a Polícia Militar, usaram faixas, carros de som e narizes de palhaço, mas não adiantou. Os vencimentos seguem sem data para serem depositados. Uma comissão foi formada durante o protesto, com integrantes do Executivo e dos sindicatos presentes, na tentativa de chegarem a um acordo.

No entanto, mesmo após mais de duas horas de negociação, os servidores saíram do Buriti sem a resposta esperada. Não há dinheiro em caixa para arcar com os pagamentos. Professores ameaçam atrasar o início do ano letivo, previsto para começar no dia 9 de fevereiro. Hoje, a Secretaria de Educação fará uma reunião para definir uma solução para o assunto.

De acordo com o Sindicato dos Professores (Sinpro), 12 mil servidores estão sem receber, seja o valor integral ou parcial dos benefícios. No GDF, aniversariantes do mês de dezembro recebem o 13; salário no dia da comemoração. No entanto, por conta da falta de dinheiro no caixa do governo, os valores não foram depositados.

Adiamento

A principal ameaça da categoria é referente ao retorno das aulas deste ano. As escolas públicas do DF começariam em 9 de fevereiro, mas, sem pagamento, a chance é de que a data seja adiada. ;Pode ser que nem iniciemos o ano letivo. Na sexta-feira passada, as férias deveriam ser depositadas, mas nada. São 24 mil professores sem esse benefício. Este será um início de ano temeroso e, se isso continuar, será comprometido;, afirmou o diretor de imprensa do Sinpro, Cláudio Antunes. A Secretaria de Educação divulgou nota informando que uma reunião será realizada às 17h de hoje para decidir o que pode ser feito a fim de evitar a situação.

No caso dos professores com contratos temporários, a situação é de mais instabilidade. Eles também não receberam o benefício e temem ficar sem pagamento da rescisão. A professora temporária Suzana Shintaku, 57 anos, reclama que as festas de fim de ano foram sofridas e, diante do cenário, a situação poderá ficar ainda pior. ;Não sabemos como vai ser agora, como será encerrado o contrato e o pagamento do 13;, que também não foi feito. Temos que pedir dinheiro aos familiares;, lamentou a servidora. Uma assembleia será marcada para os próximos dias.

Reforço

Outros trabalhadores prejudicados pela falta de dinheiro participaram do protesto na manhã de ontem. Servidores da Saúde também foram para a Praça do Buriti (Leia mais sobre saúde na página 19). No caso deles, falta o acerto do 13; dos aniversariantes de dezembro, além de férias e horas extras. ;A saúde tem um porém: no caso da educação, você atrasa o início das aulas, mas na saúde não tem como, não tem espera. E sem salário, não há serviço;, discursou Marli Rodrigues, presidente do Sindicato dos empregados em estabelecimentos de serviços de saúde de Brasília (SindSaúde).

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) disse que uma assembleia está marcada para hoje, com a convocação dos 102 sindicatos filiados. Representantes do Sindicato dos Empregados em empresas de asseio, conservação, trabalho temporário, prestação de serviços e serviços terceirizáveis (Sindiserviços-DF) também participaram. Os servidores não receberam 13;, tíquete-refeição e vale-transporte.

Memória

Fim de ano complicado


Dezembro ficou marcado pela série de manifestações. Servidores da área da saúde e da educação e funcionários terceirizados do GDF de diversos setores foram às ruas para cobrar do ex-governador Agnelo Queiroz o pagamento de salários e benefícios atrasados. A partir de 9 de dezembro, os servidores da saúde decidiram entrar em greve geral. Dois dias depois, cerca de mil funcionários de empresas terceirizadas que prestam serviços a órgãos do GDF bloquearam os dois sentidos do Eixo Monumental. No dia 18, foi a vez de funcionários de creches conveniadas ao governo. No dia 22, os professores. O Executivo prometeu acertos, as manifestações foram interrompidas. Os servidores da administração foram pagos em 30 de dezembro, às 22h. Empresas terceirizadas também pagaram os fucionários, mesmo sem o repasse do GDF. Profissionais da saúde e educação e inativos da PM continuam sem receber.

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