O planejamento começou no ano passado. Troca de uniforme, mochila da moda, caneta, compra de livros e apostilas. Tudo para iniciar o ano letivo. Depois das férias, o retorno à escola não envolve somente a ansiedade de encontrar os colegas e de saber quais serão os próximos professores. É tempo de mudança. Toda fase avançada gera também uma expectativa, tanto no aumento no número de matérias quanto na cobrança de um desempenho cada vez melhor para alcançar o sucesso. Hoje, cerca de 100 mil estudantes dos ensinos fundamental e médio de colégios privados do DF darão início às aulas.
Muitos deles com desafios como encarar a vida adulta após a última fase da educação básica. Outros terão a tarefa de se acostumar com currículo e rotina diferentes. Ana Luísa Ayres Delduque, 10 anos, por exemplo, tinha quatro professores no ano passado. Com o avanço do ensino fundamental 1 para o 2, ela passará a ter aulas com 28 docentes. Longe de ter medo, ela mantém a empolgação nos olhos atentos e nos detalhes sobre as novidades. Conta para os pais, Danielle e Jônathas Delduque, ambos de 39 anos, onde será a aula de inglês e com qual amiga estudará. Descreve como foram as aulas experimentais, de adaptação à nova rotina no Galois, colégio em que estuda desde o 1; ano. ;Vou chegar mais cedo para pegar um lugar na frente. Comprei também um fichário para anotar tudo;, diz Ana Luísa.
[SAIBAMAIS]A independência e o amadurecimento para a nova fase não mexe somente com as crianças. O gosto pela leitura e pela matemática sempre foi estimulado pelos pais. Eles acompanham cada tarefa e são os alicerces de Luísa com as dúvidas. Com o início do ano letivo, a mudança não é só na cabeça e na rotina dos estudantes, mas de toda a família. ;Agora, ela vai almoçar três vezes na semana fora de casa para entrar no inglês às 14h. Vai ser um desafio para mim, pois somos muito ligadas. Sei que, a partir de agora, ela precisa trilhar alguns caminhos sozinha, mas ainda é complicado;, explica a mãe.
Cerca de 50 mil crianças do DF estão no ensino fundamental 2, do 6; ano ao 9; ano. Ana Luísa começará as aulas no 6;. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) prevê o mínimo de 800 horas/aula para o ano letivo. Mas atividades como inglês, reforço escolar, aperfeiçoamento em matemática e robótica reforçam os conhecimentos e aumentam a permanência dos alunos nas instituições de ensino. ;Estudos nessa área mostram que, quanto mais tempo o estudante permanece na escola com atividades planejadas para ele, maior é a eficácia do ensino. Por isso, toda essa discussão sobre o ensino integral;, analisa o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do DF (Sinepe), Álvaro Domingues.
Gente grande
A estudante Laura Marins, 14 anos, também mudará de fase. Passará do 9; ano para o ensino médio. Além do acréscimo de matérias, com o desmembramento de disciplinas como física, química e biologia, ela entra em uma fase decisiva para o futuro profissional. ;Não me preocupo com a quantidade de aulas, mas parece que agora estou mais próxima da vida real. Parece ser uma coisa bem grande: fazer o PAS, preparar para o Enem. São exames muito importantes;, acredita a aluna do Pódion, na Asa Norte.
O colégio só inicia as aulas em 2 de fevereiro, mas ela pensa na mudança de perfil e de como será a rotina. ;Além de estudar pela manhã, terei aulas em duas tardes por semana, mas não importa. Vou focar nos estudos nos dias úteis e deixar para me divertir nos sábados e nos domingos;, planeja. No Pódion, são quase 1,5 mil horas/aula por ano. Além de manter professores diferentes para português, redação, produção de texto e outras, a diretoria aumentou as horas de filosofia, sociologia nacional, artes cênicas e visuais e música. Tudo devido ao conteúdo exigido pelo PAS e à contextualização de conhecimentos gerais exigida no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Em 2016, Luís Carlos Guimarães, 17 anos, quer estar na universidade, aprovado para direito. Hoje, ele começa a etapa final da educação básica. Entra no 3; ano com a certeza de que adquiriu uma boa base ao longo dos anos de estudo. Mesmo assim, não esconde a ansiedade de retornar ao Sigma para reencontrar os amigos e saber o que virá pela frente. ;O Sigma tem um curso de cálculo que pretendo fazer. Terei mais professores e uma carga maior. Será um ano de muito estudo. Quero fazer mais exercícios, colocar em prática todo o conhecimento que adquiri;, ressalta.
Para manter a média de boas notas na terceira etapa da seleção, o aluno pretende revisar em casa todo o conteúdo visto em sala de aula. ;Não vou fazer cursinho. Para assimilar tudo, é só ter uma rotina e saber separar as coisas. Hora de estudar é de estudar.; Para se divertir e descansar a mente, ele vai à academia, joga bola e sai para encontrar os amigos.
194 mil
Total de estudantes matriculados nas escolas particulares no DF