Revoltados com a falta de repasse de pagamentos de 13; salário, férias e rescisão contratual para temporários, professores se reúnem em frente ao Palácio do Buriti na manhã desta segunda-feira (23), data marcada para o início das aulas na rede pública de ensino. Segundo o tenente-coronel Vasconcelos, responsável pelo 3; Batalhão da Polícia Militar, há de 8 a 10 mil pessoas no local. Por volta das 12h, os professores ocuparam todas as faixas do Eixo Monumental. Para os motoristas que passam pelo local, a Polícia Militar fez um desvio na altura do Tribunal de Contas do Distrito Federal.
O impasse entre o Governo do Distrito Federal e os professores afeta os cerca de 460 mil alunos das escolas públicas, e a previsão do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) é que praticamente 100% dos docentes tenham aderido à paralisação. A expectativa do sindicato é que nenhuma escola retome as atividades nesta segunda-feira.
A assembleia dos professores, marcada para as 10h, foi adiada, já que representantes dos educadores entraram em reunião no gabinete do governador para negociar a situação. As principais reivindicações são pagamento do 13; salário e das férias não recebidas de forma integral, bem como a rescisão contratual de professores temporários.
Após reunião entre representantes do Sinpro e do GDF, professores votaram a proposta do governo. A categoria decidiu paralisar as atividades até sexta-feira (27), dia em que os docentes marcaram nova assembleia para rediscutir a situação.
Impasse
Segundo o diretor-geral do Sinpro-DF, Samuel Fernandes, a categoria exige o pagamento imediato, enquanto o governo propõe parcelar o pagamento dos débitos até julho. ;Nossa intenção é começar o ano letivo com todos os débitos pagos;, diz. Ainda de acordo com Fernandes, nenhuma escola terá aulas nesta segunda-feira.
Marye Ferraz, 46 anos, professora no Centro de Ensino Médio Setor Leste, conta que, em 14 anos de trabalho na rede pública, essa foi a pior situação que já enfrentou. ;Ainda não recebi as férias integralmente, só um terço delas, e não recebi nada do 13;;, reclama. Para se manter durante o período, ela revela que pegou dinheiro emprestado com a mãe. ;Muitos colegas estão passando por dificuldades financeiras.;
Flávia dos Santos, 33 anos, pedagoga na Escola Classe 411 Norte, se sente frustrada com a situação. ;O que eu sinto é frustração. Foi um descaso e um desrespeito do governo com a categoria anunciar o parcelamento das férias e do 13; salário durante o recesso. Eu acredito que o movimento sindical é a melhor maneira de pressionar o governo a atender as nossas reivindicações."
Apesar de lamentar a situação dos alunos, o professor de matemática do Centro de Ensino Fundamental 4 de Planaltina Rodrigo Gomes Souza, 29 anos, disse que votará pela greve caso o governo não aceite a proposta do Sinpro. "Pensando no bem-estar dos estudantes, é melhor que a greve comece agora do que no meio do ano", conta. Sem receber férias e com o salário do mês de janeiro atrasado, Rodrigo teve que entrar no cheque especial e pegar um empréstimo para arcar com custos de aluguel de moradia.
Jair Araújo, 43 anos, professor de artes cênicas no Centro Educacional 1 (CED 1) do Riacho Fundo 2 recebeu o 13; salário em novembro, mas ainda não recebeu as férias remuneradas. "Como sou solteiro, não tenho filhos e outras obrigações, e sou uma pessoa regrada, consegui me manter, mas sei que para outros colegas a situação está bem pior. Estou aqui para exigir meus direitos", contou.
Calendário
As aulas da rede pública estavam marcadas para começar em 9 de fevereiro desde a gestão Agnelo. Com dificuldades de caixa e gestão, o governador Rodrigo Rollemberg adiou a data para 23 de fevereiro.