Um novo episódio de violência no perímetro escolar levanta a questão: o que fazer para reduzir a hostilidade nas instituições de ensino? Juristas acreditam que a falha na compilação dos casos pela Segurança Pública impede a ação de políticas públicas efetivas contra a violência nas unidades de ensino. A Polícia Civil do Distrito Federal e a Secretaria de Segurança Pública e Paz Social não têm dados específicos sobre esse tipo de ocorrência. Atualmente, os registros são considerados pelos órgãos como ;lesão corporal;. Enquanto isso, os flagrantes de brigas ganham milhares de compartilhamentos nas redes sociais. Um perfil na internet que traz imagens de agressões entre alunos tem mais de 600 mil curtidas. Entre os ;protagonistas; dos vídeos, vários são brasilienses.
Uma gravação divulgada no início desta semana mostra, em 30 segundos, um dos episódios mais recentes: uma briga entre adolescentes em frente ao Colégio Marista Champagnat, em Taguatinga. Na confusão, o pai de uma terceira aluna, um policial militar, desceu de um carro com uma arma na mão. Nesse momento, a gravação foi interrompida. De acordo com a instituição, o homem pensou que um dos rapazes estivesse tentando assaltar o outro garoto. Os meninos foram suspensos e a escola avalia a possibilidade de expulsá-los.
;Os gestores não sabem lidar com o novo perfil de aluno. As escolas estão paradas no século 19;, critica a promotora de Justiça de Defesa da Educação, Márcia Pereira da Rocha. A velocidade da informação ainda é uma barreira para as instituições, segundo ela. A internet pode influenciar na agressividade. Mas os pais também têm parcela de culpa. ;Ao fazer vista grossa sobre o conteúdo que os filhos consomem, os pais estão contribuindo para esse comportamento selvagem;, afirma o presidente da Associação dos Pais e Alunos das Instituições de Ensino (Aspa-DF), Luis Claudio Megimin.
Célio da Rocha, especialista em políticas educacionais, acredita que, para inibir os casos de agressão, as escolas devem acompanhar as tendências da sociedade, além de encaminhar as ocorrências para as autoridades que possam resolvê-las. ;O fundamental é que sejam debatidos na escola o perfil do novo aluno e a influência da internet na agressividade. A escola tem que trabalhar na retaguarda para prevenir esses incidentes;, aponta Célio.
O delegado-chefe da Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) II, em Taguatinga, discorda. Amado Pereira defende que os problemas dessa natureza devem ser resolvidos em âmbito escolar. ;Uma desavença entre alunos é uma coisa grave, mas os gestores das escolas, se souberem lidar com a situação, podem resolvê-la. Quando houver um ato infracional, aí, sim, deve ser comunicado à polícia;, observa Amado.