Uma iniciativa da Secretaria da Mulher, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Semidh), em parceria com a Secretaria de Cultura, procura revitalizar o Memorial dos Povos Indígenas. A proposta é incluir os índios nas atividades do museu e promover conhecimento sobre a cultura indígena. Ione Carvalho, subsecretaria do patrimônio cultural, diz que a iniciativa pretende fortalecer as comunidades e diminuir o desconhecimento sobre a diversidade cultural dessas populações. ;É importante que as diferentes tribos se unam para que se protejam e preservem suas tradições, porque há uma falta de consciência muito grande;.
Na forma de palestras e conversas, os índios transmitem costumes para as crianças no projeto que ocorre, inicialmente, nesta semana de segunda (20) a sexta-feira (24). Segundo Murilo Mangabeira, 30 anos, representante da Semidh, os pequenos anseiam pelo contato com o índio e o projeto é um pontapé inicial para disseminação da tradição desses povos. ;A Lei 11645/08 ainda não foi aprovada, mas incluiu a obrigatoriedade do conteúdo de cultura indígena no currículo escolar, assim como foi feito com a africana. Eu vejo que há nativos com medo de ser índio, que não praticam a cultura. Eles se sentem invisíveis porque a sociedade acha que o índio é bicho do mato. Precisamos reunir as tribos para mostrar sua relevância e mostrar o valor da Mãe Terra e fazer uma conscientização, plantando a semente do conhecimento na cabeça dos jovens;.
Álvaro Tukano é o novo presidente do Memorial dos Povos Indígenas, e o único indígena a ocupar o cargo. Esquecido na gestão de governo anterior, o museu agora tenta contribuir para a educação ;As crianças são especiais para o futuro que queremos. O mundo está doente e isso se dá porque o homem maltratou a natureza e a cultura milenar indígena depende da natureza e seu bom uso, queremos ensinar aos pequenos como esses costumes podem melhorar o mundo;. Álvaro diz ainda que a reconstrução do país com diálogo, principalmente na questão ambiental, é uma das metas. Ele disponibliza um site com a história de indígenas ao longo dos séculos, incluindo materias audiovisuais
Visita
Chico Tabajara, 35 anos, também índio, é quem acompanha as crianças no passeio e conta a experiência ;Eles aprendem errado na escola, os professores não estão preparados sobre o assunto e passam muitos conteúdos de forma equivocada. Queremos acabar com essa história mal contada sobre os índios e transformar o memorial num centro cultural e expandir o nível de cultura da população. Só entrar e sair da exposição não acrescenta nada, é preciso fazer disso de um centro de educação onde as pessoas entrem e saiam com uma formação maior;.
A Escola Chico Mendes de Valparaíso é uma das instituições que visitou o memorial na quarta-feira (22). A visita faz parte do projeto Conhecendo nossas raízes, iniciativa do colégio para implementar na matriz curricular conhecimentos sobre diversas culturas, como dos índios e negros, além do conteúdo regular. A diretora Jurema Pontes, 46 anos, conta que esse é o primeiro passeio do colégio e ressalta a importância da iniciativa. ;Os mais novos não valorizam o país, não têm noção de pátria ou diversidade. Eles precisam entender qual o papel social que essas culturas têm na atualidade;.
Luna Montenegro, 11 anos, é aluna da instuição e gostou do passeio. ;Descobri mais sobre a cultura dos índios e coisas que aconteceram antes da colonização, é importante saber caso alguém pergunte. O que eu achei mais legal foi o fato de os homens terem que agradar as mulheres;, conta. Hércules Batista, 11 anos, do Centro de Convivência (Cose) da Guariroba, gostou mesmo das armas artesanais. ;Vou pedir para minha mãe me trazer aqui novamente porque achei muito legal. Aprendi coisas novas observando e escutando as explicações. Nunca tinha visto um índio antes e agora conheço;.
Mais informações sobre o memorial estão disponíveis no site. Escolas interessadas em agendar visitas podem ligar para o 3344-1154.