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Estudantes saem em defesa da Libras

postado em 23/04/2015 11:28
Alunos e professores da Escola Bilíngue Libras e Português Escrito de Taguatinga promoveram uma caminhadaApesar de ser reconhecida legalmente como meio de comunicação e expressão desde 2002, a Língua Brasileira de Sinais ( Libras) ainda não é familiar o suficiente para garantir cidadania plena aos quase 10 milhões de surdos do Brasil. E instituições de ensino continuam a lutar por maior inclusão dessa parcela da população. ;Grande parte da sociedade já reconhece o nosso trabalho, mas ainda há muitos setores que precisam entender a importância do ensino de Libras;, afirma Sirlene Rabelo. Ela é professora da Escola Bilíngue Libras e Português Escrito de Taguatinga, instituição pioneira do gênero no DF.

Alunos e docentes fizeram, ontem, uma passeata para antecipar a comemoração do primeiro Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Sancionada pela presidente Dilma Rousseff em dezembro do ano passado, a Lei n; 13.055 instituiu 24 de abril para a celebração da data. Parte dos 430 estudantes deu uma volta pelo quarteirão. Nas mãos, faixas lembravam a luta para a implantação do centro de ensino, criado em 2013. Atualmente, a escola tem 200 alunos surdos, desde o ensino infantil até a Educação de Jovens e Adultos (EJA). ;O que buscamos aqui é uma integração que seja total e que dê aos alunos com deficiência todos os instrumentos necessários para o seu aprendizado e não apenas os coloque em salas com ouvintes;, afirma Maristela Oliveira, diretora da instituição.

De acordo com ela, a legislação tem servido para que a sociedade seja mais receptiva ao ensino inclusivo, além de garantir um maior reconhecimento do trabalho dos surdos. ;Todo o nosso trabalho é baseado na experiência. Isso faz com que os próprios alunos possam explicar de que forma eles se sentem em relação ao que é ensinado.;

O presidente do Instituto Cultural Educacional e Profissionalizante de Pessoas com Deficiência do Brasil (Icep ; Brasil), Sueide Miranda Leite, afirma que, mesmo que a Libras seja reconhecida como um meio de comunicação oficial do Brasil, é raro encontrar um setor de recursos humanos de empresas que consiga se comunicar através da língua. ;A lei trouxe reconhecimento, mas até mesmo em escolas bilíngues há professores que não usam as libras da forma como os surdos consideram melhor.; Para ele, é preciso que existam mais políticas públicas que favoreçam esse setor da sociedade. Hoje, o Icep participa de uma audiência pública na Câmara Legislativa do DF para celebrar os 13 anos da Lei de Libras. ;Mas também vamos cobrar posicionamentos dos deputados em favor da inclusão. Atualmente, já temos ferramentas de acessibilidade que podem ser disseminados para ajudar os 145 mil surdos do DF.;

Em 2005, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um decreto complementar à lei de 2002, que tornou obrigatória a manutenção de um intérprete nas salas de aula sempre em que houve um aluno surdo. A Universidade de Brasília (UnB) foi além. Em 2014, publicou o edital de vestibular para o curso de graduação presencial em licenciatura em língua de sinais brasileira (Libras)/português como segunda língua. A instituição ofereceu 30 vagas e as provas ocorreram em janeiro.

Quem agradece são aqueles que, no dia a dia, precisam se comunicar usando as mãos. ;É difícil ensinar aos ouvintes mas, aos poucos, a gente consegue fazer com que eles tenham aprendizado total. O problema é que muitos deles têm dificuldade no manejo das mãos;, explica, em Libras, a estudante Luana de Jesus, 16 anos. Para Fabiano Bueno, 19, outro ponto essencial para falar corretamente com os sinais é algo comum à linguagem: ;Você precisa sentir as libras e fazer com que goste de usá-las.;

Há dois projetos de lei no Congresso que pretendem fazer com que o ensino de libras contemple ainda mais estudantes. O Projeto de Lei do Senado (PLS) n; 14, de 2007, de autoria do senador Cristovam Buarque, propõe a alteração da Lei n; 9.394, de 1996, para tornar obrigatório o ensino da Libras na educação infantil e no ensino fundamental. Já o PLS N; 180, de 2004, da ex-senadora Ideli Salvatti, estabelece a obrigatoriedade da oferta da língua em todas as etapas e modalidades da educação básica.

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