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No Senado, representantes do governo discutem manifestação dos professores

Protesto marcado por resposta violenta da polícia gera debate em audiência pública realizada nesta quarta-feira (6)

postado em 06/05/2015 18:42
Em audiência pública do Senado, realizada nesta quarta-feira (6), a ouvidora nacional dos Direitos Humanos da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Irina Karla Bacci, relatou que os acontecimentos da semana passada, durante manifestação de professores em Curitiba, demonstrou o fim da capacidade de diálogo. ;Manifestamos preocupação pelo fato de que a violência gerada entre o movimento grevista e as forças de segurança do Paraná demonstra a falência dos órgãos, inclusive dos manifestantes, de gerenciar suas crises e seu diálogo", declarou.

Na ocasião foi discutida a ação policial durante a manifestação dos professores do Paraná, ocorrida em 29 de abril.O protesto foi contra a votação de um projeto do governo estadual (PL 252/15), que altera o sistema de Previdência Social dos servidores estaduais. Os manifestantes foram atingidos por balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo disparadas pela polícia, ferindo mais de 200 dos presentes.

;As imagens falam por si só. Precisamos buscar solução para que não haja mais violência antes de tentar encontrar os culpados. Houve falência de negociação e de gerenciamento de multidões e de conflitos que tem se estabelecido em toda e qualquer manifestação que ocorre neste país. A repressão foi bastante forte;, disse Irina.

Para a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), houve excesso do poder repressivo contra os professores ;Não foi um confronto. Foi um massacre. Confronto é quando as forças estão equilibradas e lá, naquele momento, não estavam. Estive lá representando o Senado. Vivenciei e vi o que aconteceu. O que vimos foram duas horas de bombas de gás lacrimogêneo, de cachorros [atacando manifestantes], de tiros de bala de borracha.; A senadora também acredita que os responsáveis pelos atos têm que ser denunciados ;Hoje (6) vamos apresentar no plenário uma moção [de apoio aos professores e repúdio à ação policial] e vamos fazer denúncia aos organismos internacionais de direitos humanos;, disse a senadora.

Divergência


Edson Lau Filho, assessor especial de Políticas Públicas para a Juventude da Casa Civil, declarou que a polícia estava presente para cumprir a ordem judicial de manter a integridade do prédio da Assembleia Legislativa. ;Não foi a polícia que começou o confronto. Os manifestantes furaram o bloqueio policial. Alguns black blocs portavam coquetéis molotov e máscaras de gás;. Segundo ele, já foram instaurados inquéritos na Secretaria de Segurança Pública e no Ministério Público ;para investigar o que aconteceu na operação da Polícia Militar e dos excessos ocorridos por manifestantes radicais;.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná, Hermes Leão, acredita que o estado não debateu adequadamente com as categorias as mudanças propostas. ;Qualquer projeto de lei que tratasse de direitos de carreira ou previdenciários deveria ser amplamente debatido. Recebemos a informação de que o projeto seria votado a qualquer preço. Fizemos grande esforço para evitar aquela tragédia para todos nós servidores.;

Luiz Carlos de Jesus, cinegrafista da TV Bandeirantes que foi mordido por um cão da raça pitbull durante a manifestação, afirmou que estava perto dos policiais do Batalhão de Choque, quando foi atacado. ;Achei que estava seguro ali. Só que os cachorros já estavam alterados por causa do gás de pimenta e dos barulhos de bomba. Senti uma pancada na minha coxa e, quando olhei para baixo, o cachorro estava literalmente pendurado nela. Os meus colegas de trabalho me socorreram porque comecei a sangrar muito e me levaram para a enfermaria da assembleia, onde o médico me disse que, por 3 centímetros, eu não perdi a minha vida porque teria pego a veia femural. Continuo de licença médica e ainda estou mancando;, relatou.

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