Reunidos na manhã desta quarta-feira (10) na Faculdade de Tecnologia (FT), professores da Universidade de Brasília (UnB) decidiram fazer nova assembleia para definir se entram ou não em greve. O novo encontro está marcado para a próxima quarta-feira (17), às 9h. Os presentes avaliaram o movimento grevista nacional das Instituições Federais de Ensino (IFEs), que teve início em 28 de maio. Até agora, docentes de 26 universidades aderiram ao movimento, segundo informe publicado em 9 de junho pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) no portal da entidade. Segundo a Associação dos Docentes da Universidade de Brasília, cerca de 195 professores estavam reunidos no local.
O grupo da UnB resolveu adiar a decisão sobre a greve porque alguns professores alegaram que o assunto não estava presente na pauta da assembleia, que previa informes, análise da conjuntura e avaliação do movimento de greve nacional. Na próxima assembleia, a pauta será a adesão ou não à greve.
As principais reivindicações dos professores são por melhores condições de trabalho, reestruturação da carreira, valorização salarial de ativos e aposentados, garantia de recursos públicos suficientes para a expansão com qualidade das instituições federais.
[SAIBAMAIS] Durante a discussão, os docentes se dividiram em duas principais propostas: realizar nova assembleia com indicativo de greve na próxima quarta-feira (17) ou realizar nova assembleia em agosto. A votação ficou em 96 para a primeira proposta contra 82 a favor da segunda. O presidente da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB), Vadim Arsky, afirma que não há como prever o resultado da votação da próxima assembleia. ;Apesar de o descontentamento com as condições de trabalho ser geral na categoria, o placar apertado na votação de hoje mostra a divisão entre os docentes sobre quando aderir à greve, agora ou em agosto;, afirma.
Os principais argumentos dos docentes favoráveis para que os docentes entrem em greve neste momento é que o movimento está acontecendo em outras universidades do país e que é preciso pressionar o governo até agosto, quando será elaborado a Lei de Diretrizes Orçamentárias do próximo ano pelo governo federal.
A professora da Faculdade de Educação Ana Teresa é a favor da greve, mas acredita que é preciso amadurecer o que está em pauta, o que será reivindicado e as estratégias que devem ser utilizadas pela categoria para ter resultados junto ao governo. "Os professores da UnB entraram tarde nesta negociação.O sindicato local não convocou os professores para discutir o movimento que já está em andamento no país", disse a docente para ressaltar a importância de se avaliar o impacto no trabalho desenvolvido com os estudantes durante o semestre, caso seja aprovada uma greve agora.
Contrária ao movimento grevista, a professora do curso de biologia Andréia Maranhão acredita que não é o momento para a categoria entrar em greve devido à conjuntura política e econômica atual e por faltar menos de um mês para o fim do semestre letivo. ;Não consigo ver espaço político no momento para que tenhamos algum ganho ao aderir à greve.;, explica.
Os servidores técnico-administrativos estavam presentes na assembleia dos professores. Eles entraram em greve em 28 de maio, aderindo o movimento nacional das outras universidades federais. O coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub), Mauro Mendes, pediu apoio aos professores. ;O nosso movimento não é só pelo aumento salarial, mas também contra os cortes que o governo federal tem feito. Para ter qualidade na educação é preciso que os três segmentos - professores, alunos e servidores - lutem juntos;, disse.
Os servidores técnico-administrativos reivindicam, principalmente, reajuste do piso salarial de 27,3%, democratização das Instituições e eleições paritárias para os cargos de direção; reconhecimento de títulos de mestrado e doutorado obtidos fora do país e flexibilização da jornada de trabalho para 30 horas semanais, sem redução de salário. A greve já recebeu a adesão de servidores de 57 das 64 universidades federais, segundo levantamento da Andes.