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Professores rejeitam greve na UnB

Maioria dos docentes não aceita adesão à paralisação nacional das instituições federais de ensino superior. No entanto, tensão entre os que são contra e os favoráveis ao movimento continua. Servidores técnico-administrativos estão parados há mais de 20 dias

postado em 18/06/2015 12:10

Docentes lotaram o auditório da Faculdade de Tecnologia, onde ocorreu o encontro, e houve bate-boca

Reunidos em assembleia na manhã de ontem, os professores da Universidade de Brasília (UnB) decidiram não aderir à greve nacional das instituições federais de ensino superior. A reunião foi extensa e tumultuada. Os docentes lotaram o auditório da Faculdade de Tecnologia e quase 400 votaram. Houve bate-boca entre os que eram contrários e os que defendiam a paralisação. Foram 147 votos a favor da greve, 243 contra e quatro abstenções.


Apesar de um grupo significativo de professores ter apoiado a adesão ao movimento nacional ; coordenado pelo Sindicato Nacional dos Docentes de Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) e ao qual a Associação dos Docentes da UnB (AdUnB) é ligada ;, o presidente da AdUnB, Vadim Arsky, diz que é muito pouco provável que se deflagre uma greve ainda este semestre. Segundo ele, a direção da entidade vai convocar uma reunião do conselho de representantes para a próxima sexta ou para segunda-feira. Caberá a esse colegiado decidir se haverá uma nova assembleia antes do fim do semestre e construir uma pauta de votação para a ocasião. Ainda de acordo com Arsky, a AdUnB mantém contato constante com a reitoria para discutir assuntos como a progressão funcional, uma das principais reivindicações da categoria.

Divergências
Cerca de 20 professores tiveram direito a fala durante a assembleia. A maioria dos que assumiram o microfone pediu o início imediato da greve. Eles reclamaram de falta de infraestrutura e de condições básicas para exercer atividades de extensão, além da dificuldade de ascensão do cargo de professor adjunto para o de associado.


Uma das professoras que defendeu o início da greve foi a docente da Faculdade de Comunicação (FAC) Liliane Machado. Ela também é segunda vice-presidente da regional planalto do Andes-SN e defende a pauta de reivindicações do sindicato, que inclui melhores condições de trabalho, estruturação da carreira, equidade entre professores na ativa e aposentados e educação pública gratuita de qualidade. ;É um momento especial, porque, nos últimos três anos, tivemos aumentos pequenos, que não cobriam sequer a inflação, mas, mesmo assim, a categoria estava mais quieta. O nosso horizonte para 2016, no entanto, é de nenhum aumento;, observa.


A professora do Departamento de Engenharia Mecatrônica Aida Fadel votou contra o início da greve. Apesar de concordar que a carreira dos docentes é desvalorizada no Brasil, ela acredita que esse não é o melhor momento para uma paralisação. ;Eu sou a favor de uma mobilização, mas uma greve às vésperas de fim de semestre apenas desmobiliza;, opina. Além disso, Aida não concorda com todas as reivindicações do Andes-SN. ;Eu acho que o nosso sindicato não tem sido consistente nas alianças que faz e está, há muito tempo, desconectado do que quer o professor nas universidades e desconectado das especificidades de cada local;, afirma.


Enquanto os professores rejeitaram, pelo menos por enquanto, a entrada na greve nacional, a paralisação dos servidores técnico-administrativos da UnB dura mais de 20 dias. A última assembleia ocorreu ontem e a próxima está marcada para quarta-feira. Hoje, a partir das 9h, os servidores organizam uma manifestação na reitoria para pedir o início das negociações.

Acesso à faculdade


A Justiça Federal concedeu a uma estudante de Brasília o direito de cursar a faculdade de direito enquanto termina o ensino médio. A decisão favorece Gabriele Yasmin Borges dos Santos, 16 anos, que, agora, poderá se matricular no curso de direito da Universidade Católica de Brasília (UCB). A instituição pretende recorrer.


Na decisão, assinada na última quinta-feira (11), o juiz Souza Prudente, da 6; Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal, argumenta que Gabriele demonstrou ter capacidade intelectual suficiente para ingressar na faculdade, uma vez que foi aprovada no vestibular promovido pela instituição. O advogado Luciano Borges dos Santos, pai de Gabriele, entrou com a ação contra a UCB, mas, no primeiro momento, o pedido foi indeferido. No dia seguinte, ele entrou com um agravo, que foi aprovado.


Para o especialista em educação Remi Castioni, pular etapas do sistema de aprendizado é prejudicial para o aluno e para a faculdade. ;Existe todo um processo de educação que estipula conteúdos adequados a cada idade, para que o estudante chegue à universidade preparado;, afirma.


Já o advogado especialista em educação Saulo Rodrigues Mendes acredita que a decisão do juiz está de acordo com a Constituição. ;Se a única forma de avaliação para ingressar nessa faculdade é o vestibular, e ela passou nesse teste, então, pode-se considerar que ela tem capacidade intelectual para fazer o curso.;

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