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O importante apoio familiar

A participação dos pais na vida escolar dos filhos é fundamental para complementar o trabalho desenvolvido em sala de aula, como mostra a terceira reportagem da série sobre o ensino médio. As escolas precisam dialogar com eles e acolhê-los melhor

postado em 09/09/2015 10:22

A participação dos pais na vida escolar dos filhos é fundamental para complementar o trabalho desenvolvido em sala de aula, como mostra a terceira reportagem da série sobre o ensino médio. As escolas precisam dialogar com eles e acolhê-los melhor

O jovem matriculado no ensino médio está a um passo da vida adulta. Muitos deles, inclusive, já chegaram a essa fase e começam a se tornar cada vez mais independentes. No entanto, isso não diminui a importância da participação da família na formação do estudante. Incentivar, orientar e acompanhar o desempenho escolar são atitudes importantes que complementam o trabalho desenvolvido em sala de aula. ;Infelizmente, temos uma cultura no país de acharmos que, quando os filhos chegam nessa idade, não precisam mais do acompanhamento dos pais, mas isso é uma ilusão;, destaca Maria Márcia Sigrist Malavasi, professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). É importante que o responsável conheça o projeto pedagógico e mantenha contato também com os professores. ;É um engano achar que o filho já é crescido o suficiente e não precisa da presença dos pais. Tanto ele quanto a escola precisam dessa participação;, afirma a especialista.

O presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do DF (Aspa-DF), Luis Claudio Megiorin, afirma que a participação dos pais na vida escolar dos filhos, em geral, tem sido pouca. Um dos picos do distanciamento, segundo ele, ocorre depois na transição do 9; ano do ensino fundamental para o ensino médio. ;Um dos motivos de eles não participarem é a vida muito corrida. Acabam confiando demasiadamente na escola;, avalia. ;Mas é preciso avaliar ano a ano o desempenho da instituição, tanto pública quanto privada.;

[SAIBAMAIS]Megiorin argumenta ainda que o excesso de termos técnicos usados pelos dirigentes da escola inibe alguns pais na hora de discutir a vida escolar dos filhos. O hábito de tratá-los como ;pai; e ;mãe; nas conversas, e não pelo nome, também os afasta. ;Às vezes, é uma forma carinhosa, mas isso distancia os pais. A pessoa tem uma voz de autoridade e o pai se sente menos preparado e não tem como contestar;, observa. Outro ponto destacado pelo presidente da associação é a implantação da gestão democrática (leia O que diz a lei). Na opinião dele, é preciso melhorar a representatividade e o acesso dos responsáveis às Associações de Pais e Mestres (APM) e aos Conselhos Escolares.

Dificuldades

O empresário Clayton Faustino, 47 anos, e a servidora pública Maria Rejane Braz Faustino, 45, têm dois filhos matriculados no ensino médio na rede pública e o terceiro já terminou a educação básica. Além de acompanharem a educação deles em casa e na escola, têm a preocupação de orientá-los sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Apesar da participação constante, os problemas enfrentados todos os anos com greves e ausências de professores, falta de estrutura e de material didático desanimam e preocupam. O contato com a escola também não é um problema, mas não traz resultados, segundo Clayton. ;Há facilidade de falar com professores e diretores, mas a efetividade desse diálogo é zero;, afirma.

Este ano, um dos filhos do casal só recebeu os livros didáticos em junho. Enquanto isso, a família teve de arcar com o custo de cópias para que o jovem pudesse estudar. Sempre que necessário, desembolsa mais dinheiro para contratar professores particulares com o objetivo de complementar a formação dos filhos. ;É claro que o diretor da escola tem, muitas vezes, as mãos atadas;, pondera Clayton. ;Mas nós vemos que o resultado é pífio e as chances de melhoras com o quadro que está aí são muito ruins.;

Envolvimento

Pesquisa divulgada no ano passado pelo movimento Todos pela Educação, em parceria com diversas fundações e institutos, mostrou que apenas 12% dos pais e responsáveis alcançaram o nível mais alto de comprometimento com a educação dos jovens (veja quadro). Entre pessoas com esse perfil, 98% afirmam acompanhar as faltas na escola, 91% procuram ouvir e respeitar a opinião da criança ou do jovem e 79% dizem conversar e trocar informações com os professores sobre o desenvolvimento escolar dos filhos. Ao todo, foram ouvidas 2.002 pessoas, 15% delas pais ou responsáveis de jovens matriculados no ensino médio.


O que diz a lei
A gestão democrática é um dos princípios fundamentais da educação, assegurado tanto pela Constituição quanto pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), de 1996. No DF, as Associações de Pais e Mestres (APM) e de Pais, Alunos e Mestres (Apam) são entidades legalmente constituídas pelas comunidades escolares sob a forma de pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos, conforme o Decreto n; 29.200, de 2008. A existência delas é pré-requisito para as instituições receberem recursos financeiros obtidos por meio de repasses governamentais, como os do Programa de Descentralização Administrativa e Financeira (Pdaf). Foram verbas desse programa que financiaram os reparos feitos pelo GDF nas escolas públicas no início do ano. Em 2012, foi sancionada também a Lei de Gestão Democrática, que define a composição dos Conselhos Escolares, com a participação de pais, alunos, professores e gestores.


Quinto fascículo

O Correio publicou, ontem, o quinto fascículo de preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2015. Na edição, produzida pelo Sistema Ari de Sá de Ensino (SAS), o público teve acesso a 35 questões sobre ciências humanas e suas tecnologias (confira o gabarito). O objetivo do projeto é dar apoio aos alunos que desejam ingressar no ensino superior, especialmente na Universidade de Brasília (UnB). Até o fim do mês, quem comprar um exemplar do Correio ganhará um fascículo, em um total de oito. No fim, outras quatro publicações on-line apresentarão conteúdo de revisão e serão disponibilizadas para download na página do Eu, Estudante. Nas semanas que antecedem a prova oficial do Enem, em 3 e 4 de outubro, os leitores também poderão acessar um simulado.

O gabarito

1. C
2. A
3. B
4. A
5. C
6. A
7. E
8. E
9. E
10. B
11. C
12. D
13. A
14. C
15. A
16. E
17. B
18. D
19. D
20. C
21. B
22. B
23. B
24. D
25. B
26. D
27. C
28. D
29. C
30. C
31. A
32. B
33. B
34. D
35. C


Leia amanhã: Como tornar o ensino médio atraente para o jovem

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