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Mesmo na escola, mais de 50% das crianças de 8 anos continuam analfabetas

Anuário Brasileiro da Educação Básica, apresentado à Comissão de Educação, também mostra que apenas 9% dos alunos sabem matemática adequadamente ao fim do ensino médio

postado em 04/11/2015 13:42

A diretora executiva da entidade da sociedade civil Todos pela Educação, Priscila Cruz, informou, nesta quarta-feira (4), que mais da metade das crianças permanecem analfabetas ao fim do 3; ano do ensino fundamental. Ela apresentou à Comissão de Educação da Câmara dos Deputados dados do Anuário Brasileiro da Educação Básica de 2015. Este é a quarta edição do anuário e a primeira após a promulgação do Plano Nacional de Educação (PNE ; Lei 13.005/14), sancionado em junho de 2014.

;O que está acontecendo no Brasil é que as crianças que frequentam a escola não estão se alfabetizando. Sem alfabetização, não há aprendizagem mais pra frente. É muito difícil recuperar esse aluno depois. O direito básico à alfabetização está sendo negado a essas crianças;, afirmou Priscila.

Para ela, um dos fatores que gera isso é a má formação dos professores. ;Não existe educação de qualidade sem professores de qualidade;, disse. A diretora defendeu o aumento dos salários dos professores, para que os melhores alunos do ensino médio possam ser atraídos para a carreira de docente. ;Hoje os bons alunos são desencorajados para seguir essa carreira;, ressaltou.

Segundo Priscila, outro dado alarmante contido no anuário é o de que apenas 9% dos alunos do 3; ano do ensino médio têm aprendizado adequado de matemática. ;Não é à toa que esses jovens têm dificuldades de entrar no mercado de trabalho. O sistema de educação não está preparando esses jovens para a vida, para o mercado de trabalho e para o século XXI;, salientou.

Prioridades Conforme a diretora do Todos pela Educação, o Congresso Nacional deve se debruçar sobre dois temas fundamentais: a alfabetização e a reformulação do ensino médio. ;Talvez esta seja a maior jabuticaba do Brasil: o ensino médio. O Brasil é o único país que eu tenho conhecimento que tem um único currículo de ensino médio;, disse. Para ela, a falta de diferenciação de currículos, de acordo com as diferentes vocações dos estudantes, gera alunos desmotivados.

O deputado Alex Canziani (PTB-PR) concorda que esses dois temas são prioritários, além da qualificação dos professores.

O deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), que pediu a reunião, também acredita ser essencial estabelecer prioridades entre as 20 metas do PNE. ;O Brasil não é um país rico. Então, a gente tem que dar foco no ensino infantil e no primeiro ciclo do ensino fundamental, principalmente em matemática e português;, afirmou.

Marinho observou ainda que é preciso transformar os dados apresentados em políticas efetivas: ;Se nós sabemos que a metodologia de ensino passada aos nossos professores nas universidades não está permitindo a formação de professores capazes de responder ao desafio da alfabetizar as crianças na idade adequada, temos que modificar o currículo de formação. E temos que fazer que a carreira estruturada seja atrativa para os jovens.;

Financiamento
A deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO) destacou que a área de educação é a que tem mais cortes no Orçamento. ;O País tem que assumir que a educação é prioridade. Tem que fazer cortes em outras áreas;, opinou.

;Dizer que o lema deste governo é Pátria Educadora é hipocrisia, isso é só discurso;, acrescentou o deputado Izalci (PSDB-DF). De acordo com o parlamentar, o Plano Plurianual (PPA 2016-2019) é incompatível com esse lema.

Priscila Cruz afirmou que o investimento por aluno do ensino médio dobrou nos últimos 10 anos. Porém, na visão dela, os recursos a mais que estão sendo investidos não estão sendo revertidos em um ensino melhor para os alunos. Para ela, essa melhora só vai acontecer com o redesenho do ensino médio.

Na Câmara, aguarda votação pelo Plenário proposta de reformulação do ensino médio (), que foi aprovada por comissão especial no ano passado.

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