O presidente do Instituto Anísio Teixeira (Inep), Francisco Soares, disse hoje (24) que a dívida educacional brasileira "é muito grande, mas está sendo paga;. Ele participou nesta terça-feira do lançamento no Brasil do relatório Education at a Glance 2015: Panorama da Educação, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que apresenta dados educacionais e comparações entre 46 países.
Apesar de o Brasil aparecer aquém dos demais países em diversos indicadores, o relatório mostra que houve avanços significativos nos últimos anos. O país está entre os que mais aumentaram a proporção do investimento público em educação. Em 2005, o Brasil investia 13,3% do gasto público em educação. Em 2012, essa porcentagem passou para 17,2%, valor superado apenas pelo México e Nova Zelândia.
Em relação a investimentos, o país ainda está abaixo da média dos demais, gasta anualmente US$ 3.441 por aluno. A média dos demais países, que é de US$ 5.876. Além disso, é o que paga um dos menores entre os países da OCDE. Segundo Soares, o Brasil investe proporcionalmente um dos maiores valores atuais, mas isso começou a ser feito recentemente. ;Tempos um déficit acumulado;, diz.
Soares acrescenta que é preciso levar em consideração as diferenças econômicas e sociais entre os países comparados. ;Quando se diz que o Brasil aplica um terço [de recursos por aluno] de países como a Bélgica, entende-se que é possível termos o mesmo valor aqui. Não é possível. A Bélgica tem quase três vezes o PIB [Produto Interno Bruto] que o Brasil [tem].;
O secretário executivo do Ministério da Educação, Luiz Cláudio Costa, destacou o avanço na inclusão de estudantes no sistema de ensino, principalmente dos mais jovens. Enquanto, entre aqueles com 55 a 64 anos, 28% concluíram o ensino médio; entre os que têm de 25 a 34 anos, 61% concluíram a etapa. ;A boa notícia é que o que fizemos nos últimos anos trouxe resultados;, destacou.
Ele ressaltou o cumprimento do Plano Nacional de Educação (PNE), lei sancionada no ano passado com metas para a educação até 2024, como a forma de avançar e garantir melhorias na educação.
Análise da OCDE
Presente no laçamento, a representante da OCDE e coordenadora do relatório, Corinne Heckmann disse que o Brasil tem feito progresso ;significativo no acesso à educação, principalmente entre jovens e pessoas de baixa renda;.
Corinne ressaltou que o desequilíbrio educacional gera também desigualdades econômicas e no mercado de trabalho e que isso deve ser superado em todos os países. Ela citou também o PNE como o ;dever de casa do Brasil;.
;As reformas estão andando em um bom passo, é uma maratona;, disse. ;É importante que os professores estejam no centro dessas reformas, porque são parceiros chave para melhorar a educação;, destacou.
O Education at a Glance 2015: Panorama da Educação é a principal fonte de informações comparáveis sobre a educação no mundo. A publicação oferece dados sobre a estrutura, o financiamento e o desempenho de sistemas educacionais de 46 países: 34 países-membros da OCDE, alguns países parceiros e do Grupo dos 20 (G20).
A OCDE é uma organização internacional formada, na maioria, por economias com elevados PIB per capita e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e são considerados países desenvolvidos. O Brasil não faz parte do grupo, é um dos parceiros.