Acatorze dias do início do ano letivo na rede pública de ensino, em 29 de fevereiro, ainda há o que ajustar para a recepção dos estudantes. São problemas como falta de professores e necessidade de investir em infraestrutura que se somam às dificuldades enfrentadas pelos pais e responsáveis para conseguir vagas remanescentes nas unidades. Desde sexta-feira, pessoas dormem na fila para tentar uma matrícula. O prazo para quem busca uma das cerca de 4 mil vagas não confirmadas por meio do Telematrícula vai até sexta-feira. Enquanto isso, 152 dos 657 centros de ensino do sistema passam por reforma, que vai desde reparos na parte elétrica a limpeza dos pátios.
Para os serviços de manutenção em parte das escolas da rede, estão previstos R$ 5 milhões em recursos da Secretaria de Educação do DF. Além disso, outros R$ 1,2 milhão em parcela emergencial foram repassados para as 14 regionais de ensino. Os recursos devem ser aplicados em intervenções estruturais. A expectativa da pasta é de que, no início da próxima semana, a verba do Programa de Descentralização Administrativa e Financeira (Pdaf), chegue para as escolas. São R$ 25 milhões, a serem empregados em despesas de custeio, como manutenção de equipamentos, execução de projetos pedagógicos e compra de material didático.
"Educação é
direito de todos.
É um absurdo você querer estudar
e não conseguir;
Cláudio Cézar Vieira, militar
A balconista Maria Nilda Machado, 63 anos, mora em Santo Antônio do Descoberto (GO) e esperou a data de abertura das vagas remanescentes para matricular o neto de 14 anos no DF. ;Em Santo Antônio é muito perigoso. O meu neto disse que, se tiver que estudar lá, ele prefere perder o ano. Estou desesperada. Preciso conseguir essa matricula. Estou com os documentos necessários e ficarei o tempo que for preciso na fila;, afirma.
Direito
As filas em busca das vagas remanescentes devem permanecer até o fim da semana. ;Não temos como evitá-las. As vagas remanescentes só existem porque os alunos que foram contemplados não confirmaram o interesse no período previsto;, afirmou o subsecretário de Planejamento, Acompanhamento e Avaliação da Secretaria de Educação, Fábio Pereira de Sousa. Segundo ele, o critério para conseguir uma matrícula é a ordem de chegada.
Para tentar uma vaga para a sobrinha Rafaela Oliveira Campos, 16 anos, que vai fazer o 2; ano do ensino médio, em 2016, Henrique César Oliveira Silva, 34, chegou cedo, ontem, ao Centro de Ensino Médio 3, na QSE 5, em Taguatinga Sul. ;Esperamos mais de quatro horas na fila para conseguir o atendimento. A minha sobrinha veio da Bahia para estudar em Brasília e precisamos da vaga. Moramos em Samambaia e não conseguimos matricula nas escolas da região. A Rafaela não pode ficar sem estudar;, destacou.
Para o militar Cláudio Cézar Vieira de Souza, 20 anos, a quantidade de vagas oferecidas está aquém da demanda do DF. Ele acompanhou a mulher Layanne Rodrigues Silva, 18, que buscava uma vaga para o 1; ano do ensino médio, também no Centro n;3 de Taguatinga. O casal saiu de lá frustrado. ;Educação é direito de todos. É um absurdo você querer estudar e não conseguir. Vamos tentar a matrícula em outra unidade de ensino;, afirmou o militar.
Desfalque
O déeficit de professores na rede é uma das questões que preocupa o Sindicato dos Professores (Sinpro-DF). De acordo com o diretor Samuel Fernandes, a rede precisaria de mais 3,5 mil profissionais para atender a demanda. ;E o governo só convocou 159 professores;, destaca Fernandes. As nomeações não suprem sequer as aposentadorias ocorridas em 2015. ;No ano passado, 860 professores se aposentaram. E o governo não pode colocar professores temporários para preencher as vagas por aposentadoria ou falecimento;, afirma. Fernandes também ressalta a falta de orientadores educacionais para atender às escolas. ;Em 2014, teve concurso e nenhum foi nomeado. O orientador educacional é de fundamental importância para a mediação de conflitos, como diminuição da violência escolar, do bullying;, defende.