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Educação bilíngue com libras melhora a vida de alunos surdos

postado em 06/04/2016 18:53

;Para falar de inclusão para a pessoa surda precisamos falar de educação bilíngue: as dinâmicas em sala de aula devem ser diferenciadas para o aluno surdo;, defende Waléria Vaz, 39 anos, coordenadora do curso de pedagogia bilíngue libras-português do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG). Segundo ela, é preciso valorizar a língua brasileira de sinais (libras) e as diferentes metodologias para que a inclusão da pessoa surda aconteça.

Nesse sentido, o processo de seleção do curso, tanto no edital quanto na prova e também na redação, foi um diferencial de acessibilidade. Uma amostra disso é que 33 alunos fazem parte do segundo ano da graduação bilíngue e, desse total, seis são surdos ; cinco a mais do que no ano passado.

Ainda de acordo com a coordenadora, a formação de professores bilíngues para atuar na educação infantil e no ensino fundamental facilita muito o processo de aprendizagem dos alunos surdos. Isso quer dizer que crianças surdas serão alfabetizadas, primeiro, na língua materna, a libras; depois, na segunda língua obrigatória, o português.

;Assim fica muito mais tranquilo: o surdo vai ser atendido na língua dele, e o processo vai caminhar de igual para igual, como se fosse uma criança ouvinte;, afirma Waléria Vaz.

Outra novidade no curso de graduação bilíngue é a presença do primeiro professor surdo. Aprovado no último concurso, Diego Leonardo Pereira, 31, é formado em letras;libras pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Especialista na área, ele comenta a oportunidade de ensinar o que aprendeu. ;Estou amando a experiência. Um curso tão inovador, que me possibilita ajudar minha própria comunidade, se torna ainda mais especial;, diz. ;Vejo nesse curso um futuro melhor para a educação das pessoas surdas no Brasil.;

Diferença ; Aluna do curso, Danila Urzeda de Souza, 33, reforça que ter um professor surdo ou que use a libras faz toda a diferença. ;Cresci uma surda oralizada, com pouco uso da língua de sinais;, afirma. Ela passou a ser usuária da libras há mais de dez anos. ;Ter essa disciplina em todo o curso é essencial;, diz. ;Hoje, só consigo ver e ler o mundo por meio dessa língua.;

A partir da própria experiência, somada ao que vem aprendendo no curso, Danila acredita que frequentar um ambiente linguístico rico e ter contato com adultos surdos ajuda as crianças e seus familiares a se sentirem seguros e a compreender melhor o universo da surdez.

Para adequar o atendimento às pessoas surdas, a instituição realizou um treinamento especializado com seus servidores e oferece intérpretes de libras para o auxílio aos alunos. Segundo Waléria, outros estados, como Rio de Janeiro, Pará e Mato Grosso, já manifestaram interesse na criação do curso de graduação bilíngue libras;português.

Legislação ; A língua brasileira de sinais começou a ser regulamentada no país em 1993. Mas apenas em 2002 a libras foi oficialmente reconhecida e aceita como forma de comunicação e expressão da comunidade surda, por meio da Lei n; .

Em 2005, com o , a libras foi determinada como disciplina curricular obrigatória para todos os cursos de licenciatura e fonoaudiologia, nas diferentes áreas do conhecimento. Para os demais cursos de educação superior e profissional, a disciplina é optativa.

Outra grande conquista para o movimento aconteceu em 2010, quando a profissão de tradutor;intérprete de libras foi regulamentada pela Lei n; .

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