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Professores gaúchos incentivam inclusão

postado em 12/04/2016 19:10

A rotina de aulas começa com as crianças ao redor do varal de fotos que mostram as atividades daquele dia. ;Ao olhar para a sequência das imagens, elas visualizam o que terão pela frente e vão se preparando e se acalmando;, explica Julhane Kalles, professora do Atendimento de Educação Especializado (AEE) da Escola Municipal de Educação Infantil Dr. Ruther Alberto von Mühlen, em Erechim, Rio Grande do Sul. Ela teve a ideia de trabalhar com as fotos depois que a escola recebeu uma aluna autista, de 4 anos, que não se comunica verbalmente.

As fotografias ajudam a menina a perceber e a se adaptar à realidade da escola e, ao mesmo tempo, permitem uma rotina atrativa para toda a turma. ;Todos foram incluídos nesse projeto;, esclarece Julhane. Outras cinco crianças da escola apresentam deficiências e todas são incluídas na rotina regular da instituição após um plano de atendimento pedagógico definido com os professores e a família. ;Nosso objetivo é diminuir barreiras para que as crianças tenham mais facilidade de inserção no ensino comum;, esclarece Julhane.

Desde 2009, a Secretaria de Educação de Erechim adota a perspectiva de educação inclusiva nas 15 escolas do município, de 101 mil habitantes. No total, 200 pessoas ; crianças, jovens e adultos ; com deficiência ou altas habilidades frequentam o ensino regular e, no contraturno, de duas a três vezes por semana, recebem atendimento especializado nas salas de recursos multifuncionais. A criação desses espaços em escolas públicas tem amparo do programa Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais do Ministério da Educação, que fornece equipamentos de informática, mobiliário, material pedagógico e de acessibilidade.

A Escola Municipal de Educação Infantil São Cristóvão, também em Erechim, adota as mesmas práticas para a inclusão escolar de quatro crianças com deficiência. Com o suporte e a prática pedagógica apropriados, a escola torna-se um ambiente acolhedor. Nas atividades em sala de aula ou nas brincadeiras da hora do intervalo, Ana Vitória de Godois, 4 anos, que tem paralisia nos membros inferiores, sente-se aceita e feliz. Tanto que todos os dias pede para ir à escola e às atividades do contraturno.

;Ela não deixa de fazer nada que as outras crianças fazem. Quando não está na cadeira de rodas, ela se arrasta para brincar no chão, no parquinho de areia e até no balanço;, conta a mãe, Nelci Ana. ;A melhor escola é a inclusiva, onde ela pode interagir com todas as crianças, com deficiência ou não. Ela tem uma amiguinha, por exemplo, que tem síndrome de Down.;

Assessoramento ; Professora de apoio ao processo ensino-aprendizagem, Josiane Schelski dá assessoramento a todos os professores da escola São Cristóvão e também às famílias dos alunos. Além de ficar atenta às necessidades específicas dos estudantes, com ou sem deficiência, e indicar especialistas para as famílias, ela propõe projetos pedagógicos e cursos de formação. ;Este ano, vamos trabalhar com projeto de formação continuada de professores sobre as diretrizes curriculares nacionais e, com as crianças, continuar a explorar filmes, músicas e leituras para que percebam a importância de aprender a conviver com as diferenças;, afirma.

Além do suporte adequado dentro das escolas, as crianças com deficiência matriculadas na rede pública de Erechim têm assegurado o transporte escolar, da porta de casa à escola e no trajeto da volta. Nas salas de aulas, o professor titular conta ainda com o apoio de um segundo professor para ajudá-lo no processo de qualificação do ensino. ;Ele dá suporte tanto para o aluno com deficiência quanto para qualquer outro que apresente dúvida na sala de aula;, diz Maria Salete de Moura Torres, coordenadora da proposta de educação especial em Erechim.

Segundo ela, a maior dificuldade do processo de inclusão escolar tem relação com a eliminação das atitudes, os preconceitos que sempre levaram à segregação. ;Por muito tempo, aceitou-se que as pessoas com deficiência ficassem fora da escola; é preciso mudar isso e perceber que todos nós aprendemos com as diferenças;, pondera a coordenadora. ;Estar alinhado com a política nacional de inclusão escolar significa acreditar que é possível avançar não apenas nas matrículas de pessoas com deficiência, mas na qualidade da educação ofertada pelas escolas.;

Rovênia Amorim

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