Começa nesta segunda-feira (27) no Hotel Arcos Rio Palace, no Rio de Janeiro, o segundo Diálogo Elas nas Exatas. O evento é fruto de parceria entre o Instituto Unibanco, o Fundo Elas e a Fundação Carlos Chagas (FCC) e vai até esta terça-feira (28). O objetivo é debater a desigualdade de gênero na educação, tendo como foco o desempenho de alunas nas ciências exatas e naturais que, reconhecidamente, tende a ser inferior ao dos meninos em matérias como matemática, ciências, física e química.
Na abertura, Amalia Fischer, socióloga, doutora em comunicação e cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), idealizadoa, confundadora e coordenadora geral do fundo de investimento social Elas, observou que "a escola é um lugar fundamental para a transformação social". Além disso, a coordenadora defendeu a erradicação de ideias pré-determinadas do que seria adequado para meninas. "Assim como escola territorializa questões de gênero, também tem potencial para desterritorializar e formar cidadãos conscientes."
Denise Hirao, do Instituto Unibanco, afirmou que "as diferenças de gênero são culturalmente construídas e, sendo assim, podem ser culturalmente destruídas; é nisso que a gente acredita e no que nos baseamos com esse edital do Fundo Elas".
Thais Gava, da Fundação Carlos Chagas, disse que o assunto precisa ser debatido e deve haver luta para que vire temática de políticas públicas. "Queremos que isso reverbere e seja debatido em outros espaços também", acrescentou.
Participarão do evento personalidades como Debora Foguel, da Academia Brasileira de Ciências; Jacira Melo, cofundadora do SOS Mulher; a física pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) Sonia Guimarães, entre outras.
Conheça os projetos financiados pelo edital de 2015 Elas nas Exatas, cujos resultados serão apresentados no evento:
Nome do Projeto: Circuitos Maleáveis
Proponente: Tem Menina no Circuito (Universidade Federal do RJ)
Local: Nova Iguaçu - RJ
Objetivo: Realizar oficinas de circuitos elétricos utilizando como materiais condutores flexíveis, linhas e tecidos; capacitar em programação básica utilizando o software livre Arduino e desenvolver projetos com o LilyPad.
Nome do Projeto: #Nativas Digitais #Elas nas Exatas
Proponente: Fundação Casa Paulo Dias Adorno
Local: Cachoeira - BA
Objetivo: Formar as jovens no conhecimento dos princípios das ciências exatas e tecnológicas, difundindo conceitos chaves da matemática básica, algoritmos, programação e sintaxe das linguagens mais populares para potencializar o raciocínio
lógico, empoderando-as com informações sobre equidade de gênero e raça conscientizando-as para futuros possíveis.
Nome do Projeto: Oguntec
Proponente: Instituto Cultural Steve Bike
Local: Salvador - BA
Objetivo: Difundir experiências exitosas de mulheres negras cientistas para incentivar e apoiar alunas e alunos através de ciclo de palestras e debates.
Nome do Projeto: Performance - Aula: História das Mulheres nas Ciências e nas Tecnologias ; abrindo espaço para jovens mulheres na sociedade atual
Proponente: (Em) Companhia de Mulheres ; Coletivo de pesquisa teatral feminista.
Local: Florianópolis - SC
Objetivo: Criar performance-aula que apresentará historicamente as mulheres que contribuíram com o desenvolvimento da ciência através da pesquisa, criação de textos, produção e apresentação pelas jovens do ensino médio.
Nome do Projeto: Virando o Jogo ; Elas nas Exatas ; Transformação social para jovens e adolescentes mulheres no campo da tecnologia e ciências naturais
Proponente: Grupo Afirmativo de Mulheres Independentes do Rio Grande do Norte.
Local: Natal - RN
Objetivo: Contribuir para a criação de espaços de reflexão e discussão do tema educação, profissionalização e juventude, estimulando o senso crítico das jovens, a fim de favorecer a redução das desigualdades de gênero através do futebol e da música. Fomentar a participação das alunas da Semana de Ciência e Tecnologia do Rio Grande
do Norte e fortalecer a feira de ciência da escola com a participação das alunas.
Nome do Projeto: Empoderadas
Proponente: Empoderadas
Local: São Paulo - SP
Objetivo: Desenvolver webseries com as alunas com histórias de vida de mulheres negras na ciência. Exibir vídeos e promover rodas de conversa para fomentar o debate sobre a importância da participação de mulheres negras nas ciências.
Nome do Projeto: Aquaponia: uma alternativa de diversificação da sala de aula
Proponente: Associação de Pais e Mestres e Comunitários da Escola Estadual
Deputado João Valério
Local: Itacoatira - AM
Objetivo: Estimular o interesse das alunas pelas ciências exatas e naturais através da criação de peixes e produção de hortaliças proporcionados pela aquaponia.
Nome do Projeto: Engenheiras da Borborema
Proponente: Mulheres na Engenharia (Universidade Federal de Campina Grande)
Local: Campina Grande - PB
Objetivo: Motivar o ingresso de mulheres nos cursos de engenharia e tecnologia realizando rodadas de palestras sobre mulheres na engenharia, oficinas de eletrônica e informática, oficinas de novas didáticas para o ensino de matemática e física e oficina de ensino para alunos surdos.
Nome do Projeto: Elas nas Ciências: Vivenciando um novo tempo de protagonismo e efetividade das alunas da Escola Deputado Joaquim de Figueiredo Correia nas ciências exatas e nas tecnologias do ensino médio
Proponente: Unidade Executora da EEFM Deputado Joaquim de Figueiredo Correia
Local: Iracema - CE
Objetivo: Criar clube de ciências, promover oficinas de robótica, promover palestras e eventos científicos e incentivar a participação das meninas nas olimpíadas de matemática, física e robótica.
Nome do Projeto: Mulheres na Engenharia
Proponente: Projeto Fórmula SAE - Universidade Federal de São João Del Rey
Local: São João Del Rey - MG
Objetivo: Propiciar às discentes capacitação na área automobilística através do desenvolvimento de um veículo desde o projeto até o produto final. O projeto é composto de 8 etapas: chassi/aerodinâmica, direção, eletroeletrônica, engenharia de produto, frenagem, motor, suspensão e transmissão.
Contexto da desigualdade
Segundo levantamento do Movimento Todos pela Educação, as meninas abandonam menos a escola e terem melhores notas em língua portuguesa, mas têm desempenho inferior ao dos meninos em matemática ao fim do ensino médio. As últimas séries da educação básica são as mais críticas nesse sentido, já que no quinto ano do ensino fundamental a distância entre alunos e alunas na disciplina é de 1,8 ponto; enquanto no terceiro ano do ensino médio, a diferença é de 5,2 pontos.
[SAIBAMAIS]O resultado da discrepância afeta o ensino superior e o mundo do trabalho: de acordo com o Censo da Educação Superior de 2013, 77% das matrículas nos cursos e saúde e bem-estar são feitos por mulheres; em educação, elas ocupam 73% dos bancos das faculdades; e somente 31% das universitárias estudam as áreas de ciências, matemática e cmputação.
*A jornalista viajou a convite do Instituto Unibanco