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Postos vão virar salas de aula

Polícia Militar doou 20 unidades comunitárias de segurança que não eram mais usadas à Escola de Música de Brasília. Elas serão transformadas em ambientes para ensinar as modalidades ofertadas pela instituição

postado em 23/08/2016 17:44
Nas próximas semanas, 20 postos comunitários de segurança que não eram mais usados pela Polícia Militar se transformarão em salas de aula da Escola de Música de Brasília (EMB). A proposta partiu de uma ideia da professora de canto erudito Denise Tavares e saiu do papel após parceria entre a Secretaria de Educação do Distrito Federal, a Novacap e a PMDF. O primeiro posto chegou ontem, saindo do Colorado para a sede da escola, na 602 Sul.
;São postos que não estavam mais sendo usados, então, após uma negociação, eles foram doados para a escola e servirão de salas de estudo e aulas teóricas;, conta a professora Denise. A PMDF informou que os postos foram transferidos após uma consulta ao Departamento Operacional da Polícia Militar, para avaliar quais poderiam ser repassados sem causar prejuízo ao trabalho da corporação, e que a população não sofrerá nenhum prejuízo com a transferência (leia Memória). ;Os próximos postos serão entregues nas próximas dez semanas, passarão por pequenas reformas e, ainda este ano, deverão começar a ser usados;, explica diretor da EMB, Davson de Souza.

Com 42 anos de história, a escola recebe quase três mil alunos, que têm aulas como canto, contrabaixo, guitarra, trombone e violino gratuitamente. Os cursos vão do nível básico ao técnico, durando até três anos cada, e ocorrem em 92 salas instaladas na propriedade. Segundo alunos e gestores, no entanto, esse número não é suficiente para atender a demanda. ;As salas são muito disputadas. Infelizmente, não tem espaço para todos os alunos. Algumas aulas que ocorrem em camarins ou estúdios individuais;, conta Caroline Araújo, 31 anos, estudante de canto erudito.
Apaixonada por Metal, Caroline realizou o sonho de entrar na escola há quatro anos, ainda na modalidade básica do canto erudito. ;Quando entrei no curso tinha uma banda de rock, e queria dar a grupo um toque erudita de grandes bandas de Metal, como Nightwish. Na época, nem gostava de ópera. Hoje, já estou no nível técnico do curso e acabei me apaixonando;, relata. Para Caroline ainda é apenas o começo da carreira. ;Hoje meu sonho é cantar ópera fora do Brasil e fazer disso a minha profissão;, conta.

Disputa acirrada

A disputa para entrar na escola é grande. No último semestre, foram mais de 10 mil inscritos para 1.798 vagas. Para receber esses alunos, os postos cedidos pela PM receberam nova pintura e organização e, em breve, estarão prontos para ser usados e ajudar a diminuir as disputadas por sala. ;A escola está passando por um momento de transformações. Há pouco tempo, tivemos uma intervenção de 120 dias, em que, com o dinheiro que recebemos de um edital, conseguimos trocar lâmpadas, pintar a escola, capinar a área e dar um novo ar ao ambiente;, conta o diretor, Davson de Souza.
A seleção para a EMB inclui sorteio, no caso de candidatos sem conhecimento musical prévio, e entrevistas e provas práticas, a depender da modalidade pleiteada. Sem nenhuma experiência musical, Nahla França, 36 anos, entrou no curso de violoncelo por meio de sorteio. Agora, está no nível técnico. ;Entrei crua e o curso me transformou. Estudar música exige muito tempo e dedicação, e isso te ajuda até a enfrentar problemas do mundo exterior, pois você aprende que não deve desistir no primeiro tropeço. Hoje, não vejo mais minha vida sem a música;, afirma.
A Escola de Música de Brasília abre edital para novos alunos semestralmente. São cerca de 100 cursos ministrados pelos 230 profissionais que compõem o quadro da instituição. A escola atende crianças, jovens e adultos com aulas de segunda a sábado, das 7h30 às 22h30.
MEMóRIA ;
Abandonados e incendiados


Em junho do ano passado, o Comando da Polícia Militar fechou 60 postos comunitários do Distrito Federal com a justificativa de não estarem ajudando a manter a segurança da população. Os postos foram passados para projetos das secretarias de Transporte e de Educação. As unidades foram construídas durante o governo Arruda. Até hoje, foram inaugurados 138, que custaram entre R$ 100 mil e R$ 150 mil cada. Por falta de efetivo da Polícia Militar, muitos postos acabaram sendo abandonados e 19 deles foram incendiados em atos de vandalismo.

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